Pandemia e Questão Social

Dom José Francisco - Foto: Divulgação

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E por falar em pandemia, as grandes vítimas são os habitantes de áreas precárias das grandes cidades. Nas outras áreas, há menos mortes: morrem mais pessoas nas favelas e “periferias”, onde faltam equipamentos e serviços básicos. Os preconceitos que os moradores destas áreas desassistidas sofrem, também, acarretam baixa autoestima e abre portas para doenças imunodeprimidas.

É esse o cotidiano das famílias mais pobres.

Um quadro desalentador agravado pela crise da saúde pública, pela falta de planejamento, de recursos financeiros e de pesquisa científica. O Sistema Único de Saúde, devastado por décadas de políticas despreocupadas, vem sendo demolido em nome da eficiência de um projeto onde só conta a rentabilidade econômica.

Segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o Brasil é o sétimo país do mundo com maior desigualdade social. Fruto da casualidade, de algum efeito indesejado do sistema econômico, de uma falha passível de ser corrigida com políticas públicas compensatórias? Ou de tudo isso junto?

Pensemos que a sociedade brasileira do século XXI tem raízes na sociedade colonial escravagista, que era extremamente desigual. Nas muitas formas de desigualdade, às claras ou disfarçadas sob o manto da hipocrisia, os grandes esquecidos são sempre os mais pobres. Num país assim, a igualdade é uma miragem que o momento desmascara.

Serão sempre os mais pobres a sucumbir. Estamos sendo empurrados a uma escolha mentirosa entre a atividade econômica, assegurando o alimento, ou o isolamento social, garantindo a sobrevivência: como se não houvesse nenhuma alternativa. Não é?

O Brasil tornou-se o laboratório de um experimento perverso. Ou quebramos os padrões de desigualdade ou eles nos quebrarão.