A primeira vez que ouvi falar com entusiasmo desse autor foi nas aulas do falecido Cardeal Sheid, quando ele era meu professor de teologia sistemática e eu, ainda, seminarista. Henri Bergson foi, praticamente, uma estrela intelectual do século XX: contrariando o pessimismo daquela época, ele enfatizava a criatividade, o livre-arbítrio e a alegria da existência. Seu livro A Evolução Criadora foi tão lido que lhe conferiu o Prêmio Nobel de Literatura – raro para um filósofo.
Na verdade, ele aborda o Darwinismo como uma teoria mecanicista que não avalia completamente a história da evolução: mais do que enfocar as manifestações da vida, é preciso perguntar qual a força vital que a gera? O famoso élan vital. Embora algumas das suas discussões tenham sido suplantadas pela ciência, A Evolução Criadora apresenta questões básicas para o nosso tempo e constitui, sobretudo, uma alternativa interessante para o materialismo da biologia evolutiva. Observem que, ao contrário do inanimado, as formas de vida têm uma duração. Elas não existem simplesmente no espaço: elas obedecem ao tempo, e o tempo é mais desafiador do que o espaço.
Para Bergson, a força da evolução é uma persistência real do passado no presente, uma duração que acontece como um elo. O passado está totalmente envolvido no presente; o que ele não consegue é determinar o futuro. Para conhecer a verdade de uma coisa viva, é necessário vê-la como uma espécie de fluxo energético sempre criando “o novo”, sempre criando.Nesse sentido, não há um finalismo: uma meta no sentido para o qual a vida se move. O ímpeto da vida é simplesmente criar, e sempre no sentido da individualidade.
Nossa existência é uma entre trilhões de expressões de um Todo Absoluto, cuja natureza é a
contínua criação e evolução.Nada mais atual, não acha?
* Dom José Francisco - Mitra Arquidiocesana de Niterói
HENRI BERGSON
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