EDUCAÇÃO E LUSOFONIA

António Montenegro Fiúza - Foto: Divulgação

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Parece que chega de alvoroço, com barulho e estrondo, sem nenhuma discrição ou sobriedade; grandioso, promissor, perentório, imponente e imperativo, é recebido com gritos, fogos-de-artifício, festas e abraços, promessas de um novo eu e de um novo mundo. Mitos, lendas e ritos, demónios expurgados ao som de tambores e batuques. Perdoam-se os inimigos e amam-se os amigos com redobrada pujança. Um ano novo, um novo (re)começo.

Começa em Díli, sete horas depois, mas no tempo certo, chega a Maputo; demora uma hora para alcançar Luanda e mais outra hora para tocar Lisboa, Bissau e São Tomé em simultâneo; para chegar à Praia, uma outra hora, até que em duas horas, chega a Brasília. Em 14 horas, mais de metade de um dia, mais do que meio mundo, a Lusofonia é toda ela tocada pelo novo ano.

Parece que chega de supetão, mandão e autoritário, mas não! A cada segundo do ano velho, foi-se construindo este novo ano, a cada decisão, a cada sim e a cada não. Chega carregado de promessas… algumas vãs e assumidamente votadas ao fracasso; outras sinceras, mas cujo final dependerá única e exclusivamente de nós.

Parece novo, tanto quanto o calendário intocado e a agenda alvíssima, de folhas brancas, prometendo uma nova vida, mas não o será, se se mantém o velho homem e a velha mulher, com os mesmos hábitos, costumes e desculpas.

Tão estranho e novo quanto pareça ser o ano de 2021, ele começa carregado de nós, todos nós, seres humanos em toda a sua perenidade, individualidade e humanidade: calejados pelas dores passadas, enriquecidos com a aprendizagem feita, num ano atípico, e nos outros todos que o precederam.

Neste ano, poderemos não ver fogos de artifício, nem pular sete ondas ou mergulhar braviamente nas águas geladas; poderemos não abraçar a todos os amigos e familiares, tal como o desejaríamos… poderemos não fazer o habitual, o tradicional. E não nos lamentemos por isso. Este novo ano será realmente novo: reconstruamos tradições, criemos hábitos novos, renovemo-nos enquanto seres humanos, com esperança renovada.