EDUCAÇÃO E LUSOFONIA

António Montenegro Fiúza - Foto: Divulgação

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Cheira a açafrão e a sândalo, e nas estrepitosas ruas, inalamos, ainda, incenso e o maravilhoso perfume de um prato magnífico, vindo de uma pequena casa piscatória; estamos ainda na Índia, mais concretamente em Damão - uma das pérolas do Oriente, no diadema da Língua Portuguesa.

Ribeira das Naus, ou fonte inesgotável da carpintaria naval, assim ficou conhecida Damão - a mais pequena porção da Lusofonia, que, nos séculos XVI e XVII fora um importante entreposto comercial. A cidade nasce na foz do rio Damanganga, onde pescadores ruidosamente laboram e labutam, junto a barcos de pesca adornados com bandeiras coloridas.

O Mar Arábico encara esta que foi a capital do antigo Estado Português da Índia, o qual se divide, em duas pequenas cidades, construídas em ambas as margens do rio e protegidas por dois gigantes de pedra, duas portentosas fortificações, onde destacamos o Forte de São Jerónimo - situado na Damão Pequena.

Não obstante as guerras e conflitos que contemplou e que enfrentou destemidamente, o impressionante Forte mantém um excelente estado de conservação, tornando-se numa das maiores joias da engenharia militar portuguesa; para contemplá-lo, entramos pela Rua Martim Afonso, e somos acolhidos pela residência onde morou, por largos anos, o poeta Bocage; neste mesmo arruamento, encontramos o Palácio do Governador e a Igreja do Bom Jesus e, de repente, o Oriente aproxima-se do Ocidente e as barreiras linguísticas e culturais são rompidas… independentemente do país e do continente, fazemos parte desta grande comunidade de Língua Portuguesa.

Aquele que deu o seu nome ao Forte, São Jerónimo foi conhecido por ter traduzido as sagradas escrituras do hebraico e do grego, para o latim, promovendo a valorização da comunicação e da língua, de modo a que a mensagem chegasse ao máximo de pessoas possível; e não coincidentemente, este é o mesmo espírito com a qual se rege a Língua Portuguesa: alcançar mais pessoas e potencializar o desenvolvimento das comunidades, dentro de si mesmas e em conjunto com as irmãs - não de sangue, mas de língua.