EDUCAÇÃO E LUSOFONIA

Para mudar a imagem de uma nação, para construir a sua notoriedade, é preciso transformá-la numa musa inspiradora para os indivíduos atuais e para as gerações futuras. É preciso transformar ruas, casas, pontes e quaisquer outras infraestruturas em lira, cada um dos seus cidadãos versando um novo poema, uma nova canção; nas mãos do agricultor, do pedreiro, do vendedor, do professor, um novo verso…

A maior poesia da obra de Flora Gomes é, precisamente, a ousadia do guineense, aquele que não se deixa abater pelas intempéries, pelas dificuldades, pelos desafios de ordem diversa, mas que avança ousadamente, atrevidamente, numa construção esperançosa e constante do futuro.

Flora Gomes, nascido na Guiné-Bissau, filho de pais iletrados, logrou mudar a sua realidade e a do seu país, através da sua educação formal e de uma caminhada constante de crescimento; pioneiro da sétima arte guineense, é, atualmente, um dos cineastas mais representativos do continente africano, com uma filmografia invejável e vários prémios e honrarias recebidas internacionalmente.

Nas suas obras, de caráter docuficional2 ou etnoficcional3 histórico, traça um retrato factual do seu país, misturando alguns elementos de forte carga mitológica e/ou poética. Em seu primeiro trabalho cinematográfico "O Regresso de Cabral", Flora Gomes capta o exato momento da declaração da independência da Guiné - Bissau, realizando um dos sonhos de Amílcar Cabral, o de que fossem os guineenses a realizar e a captar as imagens de um momento tão importante para o nascimento da nação. Em "República di Mininus"4, a mais recente das suas obras, expressa toda a esperança do amanhã e todo o retorno que se espera do investimento nas gerações mais jovens, quem nos levarão a uma Guiné melhor.

Em cada um dos seus filmes, Flora Gomes apresenta uma parábola, uma lição de vida, um sonho e uma razão para concretizá-lo; autor e motivador de uma Guiné - Bissau de esperança e de futuro.