Como é construída a memória de um(a) aprovado em Concurso Público

Alexandre Soares - Foto: Divulgação

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Alexandre Soares

Olá, futuro(a) Aprovado(a), trago aqui minha experiência em concurso público por ter sido aprovado em 16º para Auditor Fiscal do Município de Paty do Alferes (RJ), 23º para Sargento do Exército, Analista do Governo RJ e Especialista em Previdência Social do Governo RJ), sem pretensão de esgotar o assunto.

Primeiramente precisamos entender que a construção de uma memória significa a aquisição, retenção e recordação das informações. Esse é o ciclo de construção de uma memória. Depois é de suma importância sabermos que os principais reguladores da memória são as emoções, o estado de ânimo e o nível de atenção. Também faz -se necessário entendermos de uma vez por todas que é no momento do sono que a compreensão e a retenção das informações estudadas durante o dia são consolidadas.

Para melhor compreensão do tema, precisamos entender que existe a memória operacional, a de curto e longo prazo. A memória operacional não produz arquivos. Tem duração de até 3 minutos em média. Um exemplo clássico é quando precisamos gravar um número de telefone só para discar e depois não tem mais importância para a gente, porque já ficará na agenda do celular gravado. Essa memória é 100% perdida, evaporada do nosso cérebro. Essa memória é usada minuto a minuto ao longo do nosso dia. É um mecanismo de defesa do nosso cérebro, por que já pensou se tivéssemos como arquivar tudo que lemos e vimos? Entraríamos em um colapso mental. Por isso faz-se necessário o cérebro evaporar essas informações sem relevância para ele.

Por outro lado, se a nossa memória decidir que uma informação deve ser arquivada, porque demos importância a ela, aí entra em cena a memória de curta duração. Ela dura umas 6(seis) horas depois da aquisição da informação. A sua principal função é manter a cognição humana em pleno funcionamento enquanto a memória de longa duração ainda não está plenamente consolidada. É como se a informação ficasse em um arquivo temporário. Esse tipo de memória lembra apenas uma parte dela.

Já a memória de longa duração é aquela que perdura por horas e horas, por dias, por meses ou até por anos. É como se a informação ficasse em um arquivo definitivo, mas não implica dizer que o que foi aprendido perdure eternamente. Indica que o processo neuronal de registro da informação foi finalizado. Esse tipo de memória lembra apenas uma parte dela também. A repetição que irá fazer o nosso cérebro lembrar por completo das informações.

As emoções referem - se a um estado psicológico como a raiva e a alegria. Como a neurociência comprovou que as emoções positivas geram processos químicos benéficos no que se refere a memória, conclui-se que o aprovado, mesmo que intuitivamente, procura estar em um estado emocional positivo, quando ele estiver estudando, pois ele sabe que esse estado influencia na aquisição, na retenção e na recordação das informações. Por outro lado, ele evita estar em um estado psicológico de raiva, porque o efeito é inverso. Por exemplo, se um concurseiro estudou bem um conteúdo e conseguiu arquivar as informações na memória de curta duração, mas se ele se expor frente a um estado de raiva, por algum motivo da vida, a tendência é que essas informações não sejam consolidadas na memória de longa duração. Ou seja, não adiantou de nada ou quase nada aquelas horas que ele ficou estudando.

Já o estado de ânimo refere - se ao estado emocional de uma pessoa. Esse estado é fruto de diversos fatores ambientais, fisiológicos e mentais que refletem uma mescla de sentimentos e de emoções do dia a dia. Influencia positivamente na aquisição, retenção e recordação das informações o estado de ânimo positivo tipo: bom humor, bem-estar, calma. Por outro lado, o estado de ânimo negativo tipo: aflição, mau humor, nervosismo, agitação, agressividade, preocupação e desânimo trazem péssimos resultados à memória.

Como se o sujeito ficasse estudando por 5 horas direto e exposto frente a um estado de estresse nas próximas 6 horas, após os seus estudos, ele arquive se somente um pouquinho ou quase nada do que ele estudou. Ou seja, na consciência dele, ele bateu a meta de estudos dele do dia, mas na prática ele estudou só um pouquinho ou nada. Jogou tempo "no lixo". Logo, mesmo que intuitivamente, o aprovado procura estar num estado de ânimo positivo enquanto estiver sentado estudando, nas próximas horas após suas sessões de estudos e como estilo de vida. Ansiedade e estresse são os maiores vilões do concurseiro.

Já o estado de atenção refere -se ao aprovado dar importância, relevância aquelas informações que ele está estudando. Ele mesmo que inconscientemente fica em uma concentração e foco total naquele momento. Ele não divide por exemplo a atenção da leitura, com o celular, com as atividades que ele deve realizar amanhã no trabalho, com a festa que ele foi ontem, nos problemas do relacionamento que ele precisa resolver, nos problemas financeiros dele e em outros projetos de vida que ele estiver tocando. Quando ele percebe que a sua atenção começa a diminuir, ele dá uma paradinha e volta depois, porque ele sabe que estará perdendo tempo. Ele entende que quanto maior for a atenção depositada somente naquilo que ele estiver estudando, mais eficiente será o processo de arquivamento das informações na sua memória. Se você ficar dividindo sua atenção quando estiver lendo ou continuar lendo quando perceber que caiu muito a sua atenção, é a mesma coisa que se estivesse na cadeira sentado à toa, jogando tempo "no lixo".

Nesse sentido, o(a) aprovado(a), mesmo que intuitivamente, ele sabe desse ciclo de aprendizado e usa as emoções positivas, o estado de ânimo dele e o seu nível de atenção para ajudar a fixar as informações que ele esteja estudando na memória de longo prazo para quando chegar o dia da prova, ele possa resgatar essas informações, saber as alternativas corretas das questões e marcar o X no lugar certo no cartão resposta.

Por fim, o aprovado entende que nós passamos 1/3 das nossas vidas dormindo não é à toa. Durante o sono é que o nosso cérebro "passa a limpo" as informações que recebemos enquanto estávamos estudando, estabilizando e definindo aquelas informações mais significativas. Se a gente se privar de uma noite de sono de qualidade, isso acarreta vários prejuízos na memorização do assunto estudado durante o dia. Quando eu era militar, tirava muito serviço. Isso significa que eu passei várias noites em claro. Meu sono era péssimo. Aí durante o dia eu me embriagava de café para permanecer acordado. Conclusão disso era que a cafeína me deixava super irritado, impaciente e extremamente ansioso. Logo, se eu fizesse uma sessão de estudos de 4(quatro) horas, isso não significava quase nada para o meu aprendizado, porque como eu já expliquei acima, quando estamos frente a situações de estresses, nosso cérebro não arquiva as informações ou arquiva quase nada, mesmo se o sujeito ficar 8(oito) horas direto estudando. O fato é que era melhor eu primeiro dormir e depois estudar. Na prática, eu teria o "dobro" do aprendizado, estudando a metade do tempo, se eu tirasse um tempo durante o dia para dormir e para tentar recuperar a noite mal dormida. Sendo que saindo do serviço eu tinha que cumprir expediente. Nessas condições, das 19 até às 22h, do dia seguinte, era melhor eu descansar e no dia seguinte acordar mais cedo e dar uma estudada antes de ir trabalhar. A parada não está em quantas horas você irá estudar e sim na qualidade dos seus estudos.