A vida que vem do altar

Dom José Francisco - Mitra Arquidiocesana de Niterói - Foto: Divulgação

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Na Igreja, todos os dias são "Dias do Altar". 

Dos lugares de encontro, alguns se tornaram referenciais de garantia: o leito do irmão que sofre e o local onde o fiel se ajoelha para crer. São locais onde a Presença vem ao nosso encontro.  

Para as gerações que nos precederam, esse lugar do encontro foi o altar-mor, aquele que preside a igreja, lá da penumbra de onde ficou. Onde ainda ele existe, mesmo deslocado, continua sendo o símbolo de uma história que insiste em permanecer.  

Com o tempo, o altar-mor foi sendo transformado numa curiosidade artística, sem, contudo, nunca deixar de ser um local sagrado de aura sobrenatural. Ele não deixou de ser um terreno místico onde se renova a Redenção. Muitas pessoas querem visitar o Gólgota, mas o verdadeiro Gólgota está em cada altar de cada igreja, onde a Missa renova, todo dia, tudo aquilo que foi feito uma vez por todas. Nesse sentido, o altar não é somente a mesa sagrada, é também a terra santa da agonia do Senhor: antes do pão, houve o corpo; antes do vinho, o sangue. 

Alguns encontros com o Sagrado revelam, de forma inequívoca, o caráter de uma transformação que desperta e modifica as entranhas do ser para sempre. A essa "modificação nas entranhas" nós chamamos de conversão. 

Certa vez, alguém me disse que isso lhe aconteceu num dia de semana, após uma missa simples, com poucas pessoas. Ao esvaziar da igreja, recebeu o convite para ficar mais um pouco.

Próximo ao altar, num discreto foco de luz, ele levantou os olhos e enxergou o Crucifixo. 

Naquele momento, aconteceu uma transfiguração impactante: aquele altar era um novo

Gólgota, ali se renovavam todos os eventos da sua vida. Foi por mim! Exclamou. Já era um homem novo. 

É isso que faz da Igreja bem mais do que uma simples entidade caritativa social. A vida precede a vida.

*Dom José Francisco éArcebispo de Niterói