Educação pós-covid: o início de um novo ciclo

Seus Direitos na Justiça com Guaraci Campos Vianna
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Dr. Guaraci de Campos Vianna

Jano, filho de Apolo, nascido na Grécia, migrou para Itália (Roma) e passou a dividir o poder com o Rei Mítigo. Quando Saturno foi expulso da Grécia por Zeus, Jano o acolheu e Saturno o velho Deus presenteou os homens com a era de ouro, um mundo de felicidades e abundância. Jano é conhecido por várias façanhas, como a edificação de cidades, a introdução das moedas e o ensinou aos homens o uso de barcos. Após sua morte virou um deus da mitologia romana ligado a transições e início de novos ciclos. Por isso os romanos batizam em sua honra o primeiro mês do ano de Janeiro. Este é o momento em que os homens tentam colocar em práticas as resoluções de fim do ano e iniciam nova etapa, com a benção do Deus Jano e dos outros avatares, segundo a crença de cada um.

Pois bem, apesar de não se poder dizer que se encerrou, sem dúvida estamos prestes a iniciar um novo ciclo. As eleições acabaram ou, onde haverá segundo turno, estará prestes a acabar. Resta a diplomação, as justificativas daqueles que não puderam votar, os julgamentos pendentes do processo eleitoral pela Justiça especializada, a posse e o exercício dos candidatos eleitos, tudo isso até janeiro, onde iniciaremos um novo ciclo.

Especificamente no cenário educacional, mudanças significativas farão parte da realidade das instituições de ensino após o isolamento social. Janeiro está chegando e com ele o início de 2021. Já é hora de planejar e refletir sobre os desafios e as transformações na educação pós-covid. Com as mudanças implementadas pelo cenário da Covid-19 e a impossibilidade total ou parcial de as instituições de ensino manterem suas aulas presenciais, há inequívoca necessidade de adaptação. A maioria dos alunos da Rede Pública não teve aulas, nem presenciais, nem remotas, por dificuldades de várias ordens, destacando-se a falta de rede de internet e de equipamentos. Parte dos alunos das redes privadas tiveram aulas à distância, mas em termos de conteúdo e aproveitamento, ficaram aquém do aprendizado esperado.

Soma-se a isso a obrigatoriedade de as instituições reagirem a evasões em massa de seus alunos, sem falar na questão econômica: renegociações, descontos, e acompanhamento constante da participação de cada um. Os administradores das instituições de ensino e os professores são e foram os verdadeiros heróis nessa pandemia.

Com isso surgiram vários desafios: o primeiro em relação ao período de transição do isolamento social, para o novo normal, passando pela reabertura parcial que nos encontramos hoje em alguns casos. Prioritariamente temos que decidir se haverá ou não uma avaliação com objetivo de definir critérios de aprovação ou reprovação nas respectivas series. E os alunos que não tiveram aulas? Talvez o melhor seria juntar a série cursada em 2020 com aquela a ser cursada em 2021 num único período letivo, com avaliações separadas (exemplo: primeiro semestre 2020 e segundo semestre 2021). Mas isso não pode ser uma decisão isolada de uma ou outra escola. É preciso que se tenha uma decisão política das secretárias de educação em conjunto com o MEC. É claro que é só uma sugestão ou uma opinião. Com a palavra, os doutos especialistas.

Segundo grande desafio é enxergar quantas das mudanças ocorridas no cenário pandêmico foram paliativas e passageiras e quantas irão continuar ou devem continuar após o fim ou o controle da Covid-19.

Salvo engano, maior utilização das tecnologias digitais veio para ficar. Estamos diante de uma oportunidade de rever paradigmas antigos e talvez obsoletos. É imprescindível que o professor incentive mais a pesquisa e parcerias com colegas de classe sobre temas complementares à matéria que integra o conteúdo, aproveitando-se das ferramentas que podem ser utilizadas à distância. Mas é preciso também que o professor se prepare para isso. Tudo deve ser feito em prol da educação de qualidade e não por causa de objetivos mesquinhos que levem à frase: "eu não ganho para isso...".

É inviável traçar detalhadamente o que irá ocorrer ou que sugestões podem ser introduzidas no contexto. Mas dentro das diretrizes gerais traçadas pelo MEC, respeitando-se a autonomia de cada escola e a fiel observância do currículo básico, nada impede que se "ande mais uma milha" ultrapassando as fronteiras até então delineadas, não se sabe por que ou por quem.

A necessidade de processos cada vez mais eficientes. A utilização da tecnologia para a qualidade do ensino e da gestão e a construção de um relacionamento próximo, empático e respeitoso com os atuais e potenciais alunos, são fatores que não contribuem muito para a melhora dos índices e indicadores da educação no Brasil e na sua escola em particular.

Jano nos indica que a partir de janeiro teremos um novo ciclo e é importante que o início de um planejamento, incluindo nele também os esforços para recuperar os alunos que sua instituição porventura tenha perdido, esperando que os pais estejam conscientizados da importância de mandarem seus filhos de volta.

Tudo isso deve constar de uma análise detalhada de todos que lidam com a educação, dos políticos, professores, educadores, gestores, pais e alunos. Voilà!