Coronavírus: uma doença que também mata empregos e empresas

Hamilton Vasconcellos - Foto: Divulgação

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Salvar vidas em primeiro lugar, nada é mais importante do que isto. Já vimos, na China e na Europa, os terríveis estragos que o coronavírus causa. Parar essa pandemia é, realmente, o mais urgente neste momento. Contudo, teremos o depois, sim, o depois do coronavírus. Para deteresta doença estamos sendo obrigados, também, a parar a economia. É Fato que todos os setores são impactados, entretanto, quero chamar a atenção para o choque que o segmento de turismo e eventos estão recebendo.

Jogos de futebol, shows, congressos, feiras entre outros, estão sendo cancelados. Uma simples ida ao cinema ou teatro já não é mais possível em alguns estados do país. Com certeza um prejuízo enorme, que nem temos condições de medir no momento. Justificável, é verdade, porém, não muda a questão do prejuízo, dos empregos perdidos e da obrigação de pensarmos e agirmos rapidamente no sentido de reverter esse quadro, tão logo passe o perigo da doença. Além disso, do que viverão essas pessoas enquanto perdurar o problema e as atividades estiverem suspensas?

Poderíamos mostrar os números movimentados pelo setor para lançar o nosso pedido pelo segmento, afinal estamos falando de um ramo que gera 25 milhões de empregos, que movimenta R$ 936 bilhões por ano e representa 12,9% do PIB nacional. Vale ressaltar, ainda, que são realizados no Brasil 540 mil eventos por ano. Contudo, considero mais importante, neste momento, mostrar quem está dentro desta cadeia produtiva. É necessário entender que sem turistas o guia de turismo não terá trabalho, o agente de viagem não possui o que vender, os hotéis, hostels, pousadas, não terão quem hospedar e assim, em uma enorme lista, seguimos até chegar ao pipoqueiro que fica na porta de um cinema ou teatro.

Outro ponto que destaco é situação laboral deste tipo de serviço. Em muito dos casos esses trabalhadores atuam no que muitos chamam de “conta própria”, neste caso, não importando se o cidadão é um profissional liberal, microempreendedor individual (Mei) ou até um trabalhador informal. A questão é que se não houver trabalho não haverá renda. Deste modo, do que irão viver os profissionais (trabalhadores que montam os estandes nos eventos, os eletricistas, os tapeceiros, os garçons, ospipoqueiros…..)? Como se sustentarão os empreendimentos?

Assim, precisamos com a mesma urgência que estamos tratando da pandemia cuidar da sobrevivência de trabalhadores e empresas. As iniciativas necessitam alcançar indistintamente todos os elos da cadeia produtiva. É imprescindível que encontremos com rapidez soluções para o futuro e para o presente destas pessoas e empresas, sob o risco de, pela falta de iniciativa, não termos de quemcuidar depois.

Já vimos e endossamos as reivindicações da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC Brasil), como também, as solicitações conjuntas da ABAV Nacional - Associação Brasileira de Agências de Viagens, ABIH - Associação Brasilileira da Indústria de Hoteis, ABRACORP - Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas, AIRTKT – Associação Brasileira dos Consolidadores de Passagens Aéreas e Serviços de Viagens, AVIESP - Associação das Agências de Viagens Independentes do Estado de São Paulo, AVIRRP - Associação das Agências de Viagem de Ribeirão Preto e Região, BRAZTOA - Associação Brasileira de Operadoras de Turismo, CLIA Brasil - Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos, FBHA - Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação e FOHB - Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil.

Rio de Janeiro e São Paulo são, com certeza, neste momento, os estados mais impactados, entretanto, não são os únicos. Então, é o momento de buscarmos o diálogo, de criarmos soluções e de fazermos as propostas. O que não podemos é ficarmos parados esperando a doença acabar. O vírus é maléfico tanto para pessoas como para empresas e empregos, contudo, devemos encontrar uma solução que para salvar um (as pessoas) não precisemos matar o outro (empresas e empregos).

Hamilton Vasconcellos é presidente da Comissão de Turismo da OAB-RJ