É preciso lidar com as bancas-lojas

Por

Charbel Tauil Rodrigues, presidente do Sindilojas Niterói

Já integradas no cenário urbano, as estruturas metálicas de bancas de jornais estão perdendo sua finalidade original para se transformar em lojas, cafés e lanchonetes cidade afora, numa competição desigual (e muitas vezes desleal, como veremos adiante) quando comparadas aos lojistas tradicionalmente estabelecidos.

Trata-se de tendência recente, mas os casos vêm se multiplicando numa rapidez impressionante, sendo urgente que as autoridades tomem medidas práticas e objetivas para disciplinar esse novo universo que está velozmente se instituindo nas cidades.

Os motivos são muitos: o ponto é muito mais barato que uma loja média; a visibilidade é muito maior (afinal, as bancas ficam em trechos privilegiados das calçadas, com farto trânsito de pedestres); e, dado o pouco espaço físico de uma banca de jornais, há muito mais liberalidade (não se ocorre exigir, por exemplo, que se tenha um banheiro à disposição dos clientes).

Mas vamos além. Essas bancas estão registradas com que tipo de personalidade jurídica? Emitem Nota Fiscal? Recolhem impostos? Têm empregados registrados e com seus direitos devidamente pagos? As mercadorias têm fornecedor identificado? Escrituração de entrada e saída? Pagam taxa de lixo excedente, como os demais estabelecimentos comerciais? A acessibilidade está sendo respeitada? E quando espalham cabides e galhardetes pelo entorno, pagam taxa extra de publicidade ou ocupação do espaço público? São visitadas pelo Procon? As mercadorias estão dentro dos critérios da ABNT (ou, conforme o caso, da Anvisa e/ou da Vigilância Sanitária)?

Todas essas perguntas precisam ser muito bem respondidas pelo poder público, a começar pelas fiscalizações municipais, que são por natureza as que estão mais próximas.

Somos totalmente a favor do uso criativo de instalações de potencial visitação pública, assim como aplaudimos as iniciativas de empreendedorismo sadio e que se submetam a um mínimo de regras de posturas, fiscalização, recolhimento de impostos e respeito ao consumidor.

O que o Sindilojas Niterói não aceita é a permissividade das mesmas autoridades que tanto sabem cobrar e exigir dos comerciantes estabelecidos corretamente, mas que deixam correr frouxo com bancas-lojas, com camelôs e com carros de vendas de roupas ou quentinhas.

Nós, lojistas, damos emprego para milhares de pessoas, somos grandes recolhedores de impostos e também elemento fundamental da economia de nosso município. Temos, portanto, todo o direito de exigir que o poder público passe a lidar com esses problemas de maneira mais rápida e objetiva, harmonizando inclusive as condições de concorrência entre os desiguais.

O Comércio de Niterói cobra providências!

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