A hora das boas propostas

Charbel Tauil, presidente do Sindicato dos Lojistas de Niterói, traz os bastidores da rede varejista da cidade e as principais novidades do setor - Foto: Divulgação

Charbel Tauil
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Com o calendário eleitoral correndo e as potenciais candidaturas a prefeito e vereador ganhando contornos mais sólidos, abre-se a inevitável temporada dos sorrisos fáceis e das muitas promessas de "total apoio" ao Comércio e às diversas forças produtivas da cidade. Faz parte do jogo. Só que nós, lojistas, temos sofrido duros revezes por muitos e muitos anos seguidos, não estando mais dispostos a ser complacentes com postulantes a cargos públicos que nos apareçam com propostas vagas ou sem posições firmes e transparentes do que deve ou não ser feito, e qual grau de prioridade terá cada iniciativa.

Do balcão de nossos estabelecimentos, vemos e sabemos muito bem a quantas anda a realidade da economia como um todo, do poder aquisitivo da população, da violência, do clima geral que motiva (ou afasta) o consumidor. Vemos, sabemos e sofremos conjuntamente. E é por isto que não temos mais tempo ou espaço para ouvir ladainhas triunfalistas. Não estamos interessados, tampouco, em soluções mágicas, nem em projetos caros e mirabolantes a ponto de serem, na prática, irrealizáveis.

Nós, lojistas, queremos saber, concreta e objetivamente, quais soluções cada candidato terá a nos apresentar, para questões importantes como a revitalização do Centro de Niterói. Temos dito que não basta o poder público enfeitar as vias de trânsito intenso que circundam o bairro -- afinal, é no "centro do Centro", em suas ruas, calçadas e praças, que estão concentradas as lojas e pontos de serviços que tanto movimentam a economia local. Queremos um amplo pacote de investimentos, cuidados e benefícios para a região, de forma a oferecer melhor qualidade de vida para os moradores e resgatar a atração dos consumidores. Iluminação, limpeza, urbanização de espaços e uma ação contínua -- e muito forte -- de ordenamento de posturas se fazem necessárias, especialmente reequacionando o cenário de "mar de camelôs" que se perpetua em muitos trechos. Bastante a propósito, vale lembrar aquela frase, atribuída ao arquiteto Washington Fajardo, segundo a qual "reocupar, reciclar, reusar o Centro do Rio (e das cidades brasileiras) é praticar um desenvolvimento urbano de baixo carbono". Fica o toque.

Mas vamos além do Centro. A desordem pública se mostra esplendorosa inclusive em Icaraí, no coração da Zona Sul, onde cada vez mais proliferam os carros particulares vendendo quentinhas em quase todas as esquinas, levando à quebradeira diversos restaurantes e pensões tradicionais. A cidade com isto fica cada vez mais feia, com menos empregos de carteira assinada, sem recolhimento de impostos e, de quebra, com os consumidores se sujeitando a alimentos preparados em condições desconhecidas, sem monitoramento de higiene, prazo de validade de produtos etc.

A tudo isso se soma a propaganda correndo solta em carros de som, além do crescimento vertiginoso das famigeradas "bancas-lojas", verdadeiros comércios funcionando sob estruturas de bancas de jornais. Afinal, vale isto? Se não vale, o que cada candidato tem a dizer a respeito? Nós, lojistas, vamos querer saber. E vamos cobrar.

Outra questão por ser equacionada, e que tem tudo a ver com o desenvolvimento econômico, é a necessária estruturação de um calendário oficial de eventos ara a cidade, de forma a facilitar a preparação e a soma de esforços dos empresários locais em torno de datas e eventos de peso. Há de ser certamente algo melhor e mais produtivo do que a mera realização de shows e festividades ao acaso, sem a participação da sociedade e desconsiderando a importância de iniciativas assim para os empreendedores realmente engajados com os rumos da cidade.

Também cobraremos dos candidatos posições igualmente concretas e transparentes sobre outras questões, tais como a necessidade de redução do número de feriados na cidade, e propostas objetivas de atração de investimentos para que Niterói finalmente venha a ter um Centro de Convenções (um dos segmentos que mais dinheiro movimentam mundo afora), podendo assim se beneficiar de sua proximidade com o Rio de Janeiro.

Como se pode notar, há muito pelo que lutar. Que os candidatos façam seu dever de casa, dialoguem com a população e as entidades de classe e, a partir daí, apresentem projetos viáveis e direcionados para o bem comum, é o que desejamos.