Trump: A Tarifa que Reforça Rivais – Efeito Inesperado Aumenta Popularidade de Líderes Alvo

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O aumento das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos tem se mostrado uma estratégia de confronto de Donald Trump contra países que considera adversários ou aliados desleais. No entanto, em uma reviravolta inesperada, as tarifas, ao invés de enfraquecer os governos-alvo, têm impulsionado a popularidade de líderes de países como México, Canadá, Reino Unido, França e até mesmo da União Europeia.

A Tarifa como Arma de Pressão

Desde o início de seu mandato, Trump tem adotado tarifas elevadas como uma tática para pressionar países, buscando corrigir o que considera um desequilíbrio comercial. Recentemente, ele anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, alegando um suposto déficit comercial com o Brasil, embora os números reais mostrem superávits dos EUA desde 2009. O anúncio foi acompanhado por um apoio explícito a Jair Bolsonaro, ex-presidente brasileiro, o que gerou interpretações de um ataque motivado por razões pessoais.

Essas medidas, contudo, não têm se mostrado tão eficazes como Trump pretendia. Ao invés de enfraquecer os governos alvos, muitas das suas ações resultaram em aumento da aprovação popular nas nações afetadas.

Canadá e México: O Reforço da Soberania Nacional

No Canadá e no México, a reação foi imediata e favorável aos seus líderes. O Canadá, que viu o Partido Liberal conquistar uma importante vitória nas eleições de abril, passou a se beneficiar de um movimento popular contrário às tarifas de Trump. A popularidade do governo canadense disparou, com lojas promovendo produtos locais e até renomeando o "café americano" para "canadiano" como forma de resistência simbólica.

No México, a presidente Claudia Sheinbaum também colheu frutos da pressão externa. Sua popularidade subiu para 80% em fevereiro, com um discurso de orgulho nacional que a posicionou como defensora da soberania frente às ameaças de Trump. Embora sua aprovação tenha diminuído um pouco, ela permanece robusta, acima de 70%.

Reino Unido e União Europeia: O Efeito Trump no Velho Continente

Na Europa, a pressão de Trump também teve efeitos curiosos. O primeiro-ministro britânico Keir Starmer viu sua popularidade crescer após a ameaça de tarifas sobre exportações britânicas. Durante a crise, seu governo optou por uma abordagem negociada, e, ao final, o Reino Unido conseguiu garantir um acordo comercial vantajoso com os EUA.

Da mesma forma, a União Europeia viu uma crescente confiança por parte de seus cidadãos. Pesquisa recente indicou que 52% dos europeus agora confiam mais no bloco, o melhor índice registrado em 18 anos. A postura unificada contra as ameaças de Trump tem fortalecido a ideia de que a união traz mais benefícios do que a fragmentação.

Trump em Declínio: O Custo Político das Tarifas

Para Trump, os efeitos internos de suas medidas tarifárias têm sido negativos. Sua popularidade nos EUA caiu à medida que as tarifas aumentaram os custos de vida. Em pesquisas recentes, a desaprovação ao governo de Trump alcançou picos alarmantes, com 57% dos norte-americanos expressando insatisfação com a maneira como o presidente lida com a economia. Os EUA enfrentam inflação crescente, e a percepção de que as tarifas tornam os preços mais altos tem alimentado o descontentamento popular.

O Caso do Brasil: O Tiro Pela Culatra

No caso específico do Brasil, Trump pode ter cometido um erro estratégico. A medida que ele adotou contra o Brasil, favorecendo Bolsonaro, pode acabar beneficiando seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Especialistas como Ian Bremmer, da consultoria Eurasia, indicam que o aumento das tarifas pode reforçar a posição de Lula, assim como aconteceu com outros líderes que foram alvo de Trump. "Acredito que o tiro vai sair pela culatra. Acho que vai ajudar o Lula e vai prejudicar Bolsonaro", afirma Bremmer.

O Impacto Internacional: Reflexões de um Mundo em Transformação

Com a crescente rejeição interna e o fortalecimento de rivais, as tarifas de Trump têm se mostrado mais um exemplo de como a diplomacia e as relações comerciais podem ter repercussões inesperadas, alterando a dinâmica política mundial. Embora o presidente americano siga com suas ameaças e medidas, o efeito contrário em muitos casos reflete uma tendência crescente: a de que a união de países, quando pressionada, tende a fortalecer suas lideranças, ao invés de enfraquecê-las.

Em resumo, as tarifas de Trump, mais do que enfraquecer adversários, têm se tornado um combustível para o crescimento da popularidade de governos rivais, mostrando como as táticas de pressão podem ter resultados inesperados no cenário global.

Por Gazeta Rio/Ricardo Bernardes