Refugiados no Brasil estudam para evitar armadilhas

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Lidar com as regras de um desconhecido sistema bancário é apenas um dentre os diversos desafios enfrentados por quem busca recomeçar suas vidas em um novo país. Mas a falta de certas informações pode levar a escolhas ruins que dificultam a busca pelo equilíbrio financeiro. Buscando evitar as armadilhas, um grupo de refugiados e imigrantes residentes no Rio de Janeiro se mobilizou em busca de conhecimento.

"Pude compreender melhor sobre os créditos. Não se deve aceitar o que os bancos estão oferecendo sem pensar com calma. Tem que ter consciência", disse a venezuelana Yennifer Zarate, após participar na última terça-feira (3) do painel Refugiados e a Empregabilidade no Brasil, que tratou do assunto. A iniciativa é da gerência de responsabilidade sociocultural da estatal Furnas. Venezuelanos, congoleses, sírios e outros estrangeiros puderam acompanhar gratuitamente a exposição de diversos especialistas.

O russo Andrei Kisselev, que morava no Uruguai e se mudou para o Brasil há cinco meses por enxergar no país um melhor cenário econômico, saiu satisfeito. "Acho que posso fazer aqui alguns negócios com mais êxitos. E o que foi falado é extremamente importante, porque são coisas muito específicas. Me interessa muito os detalhes que possam ter relação com importação e exportação, porque é algo que estou começando a negociar. E essas informações ajudam a evitar problemas e a nos preparar antes de começar uma atividade".

Claudia Regina Tenório, assistente social de Furnas, conta que os próprios refugiados, durante a edição anterior do painel, reivindicaram uma discussão específica sobre sistema financeiro. Ela destaca como o conhecimento pode ser determinante e cita casos em que estrangeiros perderam oportunidades de trabalho porque não estavam previamente informados sobre a possibilidade de se registrarem como microempreendedor individual (MEI).

Dos 462 refugiados entrevistados, 315 desenvolviam atividades distintas daquelas vinculadas à sua profissão anterior, o que representa 68% do total. Além disso, 19% estavam desempregados neste período. O índice é superior à média nacional de 11,8% apurada no mês passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O país reconhece mais de 11 mil refugiados , segundo dados da Acnur de dezembro de 2018.