Firjan apresenta quadro da exportação e importação fluminense

A Petrobras anunciou que bateu recorde de exportação de petróleo no último mês de abril, quando exportou 1 milhão de barris por dia - Foto: Agência Brasil

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A quinta edição do Diagnóstico do Comércio Exterior do Estado do Rio de Janeiro, divulgada nesta terça-feira (5), pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), revela que embora alguns entraves enfrentados pela exportação brasileira tenham sido superados com a implantação do Portal Único do Comércio Exterior, persistem dificuldades a serem combatidas para melhorar a competitividade das empresas fluminenses e nacionais no mercado externo.

O coordenador da Firjan Internacional, Giorgio Rossi, disse à Agência Brasil que o documento é um importante instrumento de apoio para a formação de políticas públicas que visem elevar a competitividade das empresas do estado.

O diagnóstico mostra que, em razão do Portal Único, pela primeira vez a burocracia tributária superou a burocracia aduaneira como principal entrave ao comércio exterior, pelo lado dos exportadores. Seguem-se como entraves às exportações os custos tributários e a demora no ressarcimento de créditos tributários.

O quadro é similar para a importação que acrescenta, segundo o coordenador, a dificuldade na obtenção de licenças para importação. A extensão do Portal Único para o lado da importação foi defendida por todos os participantes da pesquisa. A maioria das empresas do Rio de Janeiro está importando insumos para agregar à sua produção local e vender internamente. "Agregando valor aos produtos, estão procurando ser mais competitivas", explicou Giorgio Rossi.

Pesquisa

A quinta edição do levantamento bienal foi elaborada com base nas respostas de 244 empresas fluminenses exportadoras e importadoras e também a partir das bases de dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do governo federal. A amostra envolveu empresas dos setores de indústria, comércio e serviços. Sobre serviços, em especial, o estado do Rio de Janeiro se mantém no segundo lugar como exportador e na primeira colocação na importação. "Fica claro que o estado do Rio tem uma posição predominante na questão do comércio de serviços", disse Rossi.

Abertura comercial

Feito entre o final do ano passado e o início deste ano, antes portanto da conclusão das negociações com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta, na sigla em inglês), bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, e com a União Europeia, o diagnóstico revela que 68% dos empresários disseram ser favoráveis à abertura comercial brasileira. Ressaltaram, entretanto, que esse processo de abertura deve ser gradual e transparente, além de ter a participação do empresariado de todos os setores. Desses 68%, 62% indicaram vantagens nas negociações do Mercosul como bloco econômico. O maior interesse na realização de algum tipo de acordo foi apontado com a China e países europeus.

De acordo com a pesquisa, o estado do Rio registrou, em 2018, superávit na balança comercial de US$ 6 bilhões, com participação de 13% no saldo comercial do Brasil. Dessa forma, o estado subiu da quinta posição nas exportações nacionais, em 2004, quando foi iniciada a série histórica do estudo sobre comércio exterior fluminense, para a segunda colocação, no ano passado, superado apenas por São Paulo.

A indústria do petróleo e gás natural lidera a relação dos principais bens exportados pelo estado do Rio de Janeiro em 2018, com US$ 18 bilhões (ou 63% do total das exportações do estado), alta de 136% em relação a 2016, quando foi divulgado o diagnóstico anterior. Em segundo lugar ficou metalurgia, com US$ 3,3 bilhões (11%), seguida de equipamentos de transporte, exceto veículos automotores, com US$ 2,3 bilhões (8%).

Pelo lado da importação, os destaques em 2018 foram para equipamentos de transporte, exceto veículos automotores, com US$ 10,2 bilhões (43%), petróleo e gás natural (US$ 2,2 bilhões e 9% do total) e produtos químicos, com US$ 2 bilhões (8%).

Política governamental

Em resposta à pergunta sobre a avaliação da política de comércio exterior desenvolvida pelo governo brasileiro, dando notas de 0 a 10, as empresas consultadas aumentaram a nota dada em 2017, de 5,79, para 5,91 no ano passado. "Tivemos uma melhora em relação a anos anteriores. Mas fica evidente que apesar dos avanços registrados pelas ações implementadas pelo governo no sentido de desburocratização e facilitação do comércio exterior brasileiro, ainda há entraves que impedem o crescimento das empresas", disse Rossi. "O desempenho que as empresas têm hoje poderia ser muito melhor. Teriam capacidade de atingir seu real potencial, caso os entraves fossem combatidos".

O coordenador da Firjan Internacional avaliou que se outros empecilhos forem eliminados, é possível que em 2021, quando deverá sair o novo Diagnóstico do Comércio Exterior do Estado do Rio de Janeiro, a nota relativa à política de comércio exterior do governo federal será mais positiva. Rossi disse que se os entraves continuarem a ser combatidos, 72% das empresas entrevistadas afirmaram que aumentariam suas exportações e 74% ampliariam suas importações.

Cadeias de valor

Em relação à melhoria do ambiente de negócios do comércio exterior fluminense, as prioridades mais citadas pelas empresas foram eliminar a carga tributária sobre exportações de bens e serviços; aprimorar os mecanismos de defesa comercial brasileira; fortalecer e diversificar os acordos econômico-comerciais do Brasil; simplificar e agilizar processos para o comércio exterior; e ampliar o acesso ao mercado internacional pela indústria do estado.

Para o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvea Vieira, o aprimoramento do ambiente de negócios "é fundamental para permitir a inserção do país nas cadeias globais de valor". Destacou que apesar de ser a oitava economia mundial, o Brasil apresentou resultados pouco satisfatórios no comércio internacional, participando em 2018 com 1% do comércio mundial, sendo 0,9% em importações e 1,2% em exportações e aparecendo como 27º país no ranking global de transações de bens. Já o estado do Rio de Janeiro teve participação significativa no comércio exterior brasileiro em 2018, com participação de 12% nas exportações e 13% nas importações.

Prêmio

Após o lançamento da quinta edição do Diagnóstico do Comércio Exterior do Estado do Rio, foi entregue pela Firjan o prêmio Rio Export a 14 empresas fluminenses que mais se destacaram no comércio exterior no último ano. Desde o lançamento da premiação, em 1998, mais de 220 empresas fluminenses de diferentes setores e níveis tecnológicos foram reconhecidas pela cultura exportadora no estado.