Sem renovação de água, Lagoa de Piratininga morre aos poucos

O Canal do Tibau está obstruído, atrapalhando a renovação da água - Foto: Lucas Benevides / Arquivo

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Moradores e pescadores cobram urgência na retirada das pedras que obstruem o túnel do Canal do Tibau que liga o mar à Lagoa de Piratininga, na Região Oceânica de Niterói. Sem renovação da água há cinco meses por conta de um desmoronamento no túnel, a lagoa está esverdeada e enlameada. Moradores já registraram mortandade de animais e apontam que o sistema lagunar está "morrendo". A prefeitura ainda estuda o projeto a ser feito no local. Neste domingo (22), diversos peixes apareceram mortos no espelho d'água.

De acordo com o ativista ambiental Paulo Oberlander, não há renovação da água desde o desmoronamento de rochas em abril. Os peixes, que já vinham reduzindo de quantidade ao longo dos anos por conta da poluição, já não são mais vistos. A demora nas ações para desobstruir causam preocupação.

"Há um mês teve uma forte ressaca no mar que ajudou a renovar a água e levou os peixes para a lagoa, mas já morreram, pois não há oxigenação. Agora no verão, a situação vai piorar com o calor, que já vem deixando a água esverdeada", teme Oberlander, cobrando celeridade nos estudos e nas ações, além de uma mobilização maior da comunidade.

Moradores apontam que o túnel subterrâneo já era estreito para o tamanho da lagoa e não tinha capacidade para renovar a água o suficiente. Pescador nas horas vagas, mas frequentador da Lagoa há 40 anos, o construtor Antônio Soares, de 68 anos, conta que não vê mais peixes. Para ele, o ideal seria criar um canal largo como o da praia e lagoa de Itaipu, para ampliar a troca d'água.

"Se abrissem mais o canal, a lagoa teria mais peixes, estaria mais viva. Os moradores veem o esgoto sendo jogado na lagoa, e logo depois os peixes amanhecem mortos. Antigamente dava muito pescado, vinha pescar muito com a família", relembrou.

Historicamente, a Lagoa de Piratininga e a de Itaipu sofrem com o despejo de esgoto de maneira irregular no sistema lagunar e por assoreamento devido à poluição. Frequentemente o espelho-d'água tem seu visual alterado pelo aparecimento de espumas e algas oriundas de poluição, assim como lixo.

 

Prefeitura estuda solução

Em agosto, equipes da prefeitura e de uma empresa especializada em perfurações com Método Não Destrutivo (MND) fizeram uma vistoria no túnel avaliando o nível da obstrução e formas de reabrir o canal, liberando a troca de água. Um relatório já havia sido elaborado por uma equipe de mergulhadores. Segundo a prefeitura, um projeto de solução está sendo elaborado para ainda ser licitado, mas o Executivo não divulga datas e nem ações paliativas.

Em nota, a prefeitura afirmou que a recuperação do sistema lagunar da Região Oceânica é uma de suas prioridades e faz parte de um conjunto de ações da área ambiental. Está em andamento o projeto executivo do Parque Orla de Piratininga, que contará com 9,5 km de ciclovia em torno da Lagoa de Piratininga, jardins filtrantes para tratamento dos rios que chegam à Lagoa, praças com áreas de esporte e lazer. A prefeitura ainda estuda outras iniciativas, como a despoluição do sistema e as obras de revitalização do Rio Jacaré, que desemboca na Lagoa de Piratininga.

No último ano, a Prefeitura de Niterói contratou estudos ambientais para verificarem os parâmetros físico-químicos do sistema lagunar da Região Oceânica periodicamente, com o objetivo de checar a concentração de oxigênio dissolvido. Questionado, o Executivo Municipal não divulgou o resultado desses testes.

Fiscalização - Uma das reclamações dos moradores, pescadores e ativistas da região envolve a poluição e o despejo constante de esgoto na lagoa. Quanto a isso, o Executivo ressaltou que, em parceria com a concessionária de água e esgoto, faz ações constantes de conscientização da população para que as casas se liguem à rede coletora de esgoto já instalada.

Entre janeiro e agosto deste ano, foram 1853 vistorias realizadas no projeto Ligado na Rede, sendo que 1224 imóveis estavam ligados, 716 estavam inacessíveis e 13 não ligados. No total, desde que o projeto foi iniciado em janeiro de 2013, foram 22.815 imóveis vistoriados (14.275 ligados, 7.573 inacessíveis, 967 não ligados). A responsabilidade por fazer a ligação é do responsável pelo imóvel.