Caso Marielle: federalização é criticada

A vereadora Marielle Franco foi assassinada com seu motorista - Foto: Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio

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Representantes da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado criticaram nesta quinta (3) a possibilidade de federalização das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Para o chefe do Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa, Antonio Ricardo, qualquer mudança na investigação seria um retrocesso. Segundo ele, as quatro prisões realizadas nesta quinta (3) comprovam a capacidade dos órgãos estaduais. Antes de deixar o cargo de procuradora-geral da República, Raquel Dodge pediu ao Superior Tribunal de Justiça a federalização da investigação.

A promotora do MP-RJ e coordenadora do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Simone Sibilio, disse que o pedido de federalização é "desarrazoado", porque precisaria haver inércia ou omissão da esfera local para justificá-lo. "Se há uma coisa que não tem nesse caso é inércia e descaso", disse Simone, afirmando que todos os esforços foram feitos para que se chegasse à denúncia contra os supostos executores do crime.

Os representantes da Polícia Civil e do Ministério Público estadual detalharam os resultados da operação desta quinta contra quatro acusados de obstrução à Justiça que teriam escondido provas contra Ronnie Lessa, PM reformado apontado como atirador que matou Marielle e Anderson. O próprio Ronnie também foi alvo de um novo mandado de prisão na operação.

Segundo os policiais, a mulher de Ronnie, Elaine Lessa, e o irmão dela, Bruno Pereira Figueiredo, teriam se articulado para buscar uma caixa com armas em um apartamento usado por Ronnie como arsenal um dia depois que ele foi preso pelo crime, em março deste ano. Elaine e Bruno foram presos nesta terça.

José Márcio Montovano, que também foi detido na operação, teria acompanhado Bruno no apartamento para retirar os artefatos, e Josinaldo Lucas Freitas teria alugado um barco no quebra-mar da Barra da Tijuca e levado a caixa com armas até as proximidades das Ilhas Tijucas, onde o material foi descartado. Mergulhadores da Marinha e do Corpo de Bombeiros chegaram a fazer 28 mergulhos em busca das armas na região, mas não as encontraram.

O delegado titular da Delegacia de Homicídios da Capital, Daniel Rosas, afirma que uma das hipóteses da investigação é que a arma usada para matar Marielle e Anderson esteja entre as que foram lançadas ao mar.

Rosas afirma que as prisões desta terça não buscam forçar ninguém a colaborar, já que Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, que estaria com Ronnie no momento do assassinato, serão ouvidos nesta sexta (4) no tribunal do júri. Apesar de os quatro presos desta quinta responderem por obstrução, o delegado acredita que mais informações sobre o caso poderão ser descobertas.

A operação cumpriu 27 mandados de busca e apreensão contra os acusados, que já tiveram a denúncia acolhida pela 19ª Vara Criminal do Rio. Foram apreendidos documentos, celulares e um objeto que se parece com uma arma e ainda será periciado.