Indústria do Rio aposta na inovação

A Caíques, empresa premiada pela Firjan, produz artesanalmente solas de sapatos com sobras de pneus de aviões - Foto: Divulgação

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O cenário industrial no Rio de Janeiro está se inovando. A afirmativa diz respeito a uma pesquisa realizada pela Firjan, que mostra que 60% das indústrias do Estado do Rio adotam práticas inovadoras para melhorar produtos, serviços e manter competitividade.

A pesquisa, feita com 33 indústrias de pequeno, médio e grande portes do Rio, mostra que as principais inovações estão ligadas à melhoria do produto final (42,5%) ou do processo produtivo (28,2%). Uma das empresas que representa esse novo cenário é a Caíques, que aperfeiçoou a técnica e buscou materiais que unissem conforto, durabilidade, design e sustentabilidade.

Com foco na economia circular e criativa, a empresa produz artesanalmente solas de sapatos com sobras de pneus de aviões. Mensalmente são fabricadas cerca de 250 kg de solas com a reutilização deste resíduo, alcançando uma produção de 350 a 400 pares de calçados.

"O solado de pneu tem uma ótima performance como solado, tem uma maior durabilidade em comparação a outros tipos de borracha, um preço acessível e conseguimos trabalhar de uma forma tranquila na nossa linha de produção", contou Iasmine Bon, diretora da Caíques.

Em média, a produção de um par de sapatos emite mais de 10 Kg de dióxido de carbono na atmosfera, gerando grande impacto ambiental. Indo na contramão, a Caíques realiza ações que agridem menos a atmosfera, onde as únicas máquinas utilizadas são a de costura e lixadeira para dar acabamentos. Todos os outros processos como o corte, montagem e toques finais são feitos à mão.

"Acredito que não tem outro caminho se não utilizar o que já está no mundo e o que tem mais chance de ser descartado. Temos que ter a consciência de que minimizar a quantidade de lixo que geramos não é mais uma opção, é um papel de cada pessoa no mundo. Poder unir a arte, que é fazer sapato, com essa responsabilidade ambiental, faz com que o trabalho fique muito mais significativo, pois não sacrificamos a qualidade do produto final", afirmou Iasmine.

Por conta deste trabalho desenvolvido, a Caíques ganhou menção honrosa no Prêmio Firjan de Ação Ambiental em 2017.

A pesquisa realizada pela Firjan também mostra que a inovação já assume novas formas e atinge a gestão das empresas. Nos últimos três anos, 21,1% das indústrias adotaram prática de gestão nova ou aprimorada e 11,4% investiram na mudança de seu modelo de negócios.

De acordo com os números, seis em cada 10 indústrias fluminenses desenvolveram ou começaram a desenvolver alguma atividade inovadora nos últimos três anos.

Um dos exemplos é a Riomix, localizada em Itaboraí. Referência no segmento de construção, a marca solidificou a posição no mercado de fabricação de argamassas industrializadas, atendendo a grandes construtoras e lojas de materiais de construção noe stado, com o compromisso de preservar o meio ambiente.

A empresa desenvolveu a celumassa, a argamassa de fibras de celulose proveniente da reciclagem de sua própria embalagem, um trabalho desenvolvido de uma parceria entre a Rio Brita e a PUC-Rio. O que antes era lixo, virou um produto reutilizável.

"Praticamente todos os nossos parceiros comerciais aderiram a ideia. A receptividade é incrível. Conseguimos aprimorar a qualidade do produto, temos uma argamassa melhor do que fazíamos antes. Podemos garantir que é ficção a ideia de que reutilizar algo não é proveitoso. Além do ganho ambiental", contou Rafael Musiello Vieira, diretor da Riomix.

A cada 100 sacos recolhidos, um saco de 50kg da argamassa para emboço é doado às comunidades carentes cadastradas no programa, com o apoio da Prefeitura de Itaboraí. Os resultados do projeto de julho de 2017 a dezembro de 2018 foram: 250.578 sacos retornados; 50 casas emboçadas pelo Programa Social; 2.505 m³ de resíduos reciclados; e economia de R$ 70/m³ no descarte do resíduo.