Gastrite: um mal que atinge a metade da população mundial

Acredita-se que metade da população mundial seja afetada por gastrite em determinado momento da vida. A doença torna-se mais comum conforme a idade avança. Geralmente se caracteriza por dor ou desconforto na região superior e central do abdome. Quando isso acontece, podemos estar diante de um quadro de gastrite.

Gastrite significa inflamação da mucosa (parede) do estômago. A gastrite pode ser aguda ou crônica e pode ser causada por vários fatores, como o uso de medicamentos, geralmente o uso frequente de anti-inflamatórios ou uso de antibióticos, intoxicações alimentares e a presença de uma bactéria, o Helicobacter pylori, que com frequência coloniza o estômago, descoberta por Barry Marshall e Robin Warren em 1981.

Alem desses fatores o uso exagerado de bebidas alcoólicas, ou o consumo indevido de alimentos condimentados podem causar dor no estômago.

A gastrite pode ser aguda, quando a inflamação tem um inicio súbito ou crônica, quando a inflamação se estabelece lentamente, podendo permanecer com o processo inflamatório por mais tempo, mantendo a mucosa do estômago inflamada por vários meses.

Sintomas: Observa-se com frequência a presença de dor de estômago do tipo queimação ou ardência ou sensação de fome, ou logo após a refeição ou quando fica muito tempo sem comer, má digestão, azia, com sensação de digestão lenta, desconforto abdominal, sensação de empanzinamento e peso na região superior do abdome após as refeições, abdômen inchado, náuseas e vômitos; mal estar, gases que saem em forma de arrotos ou flatos e saciedade precoce.

Alguns alimentos podem agravar o quadro de dor e lembrar que eventualmente estes sintomas podem estar relacionados a algum tipo de alergia alimentar ou a alguma hipersensibilidade a determinados alimentos.

Uma alimentação de qualidade exige hábitos dietéticos saudáveis, como comer devagar, com regularidade, várias vezes ao dia, sem exagero na quantidade, evitando o consumo de alimentos gordurosos, evitando o consumo de alimentos com muitos condimentos, não comer alimentos ácidos, não consumir excesso de cafeína, nem o uso exagerado de bebidas alcoólicas, bebidas gasosas e sem o uso do cigarro.

Na maioria das vezes, a gastrite é um quadro leve, podendo ser facilmente tratada com medicamentos e mudanças de hábito de vida.

Os sintomas da gastrite podem piorar em situações de estresse. Algumas situações comuns no nosso cotidiano como estresse com o trabalho, problemas com segurança, favorecem a liberação de uma maior quantidade de hormônios do estresse (cortisol e adrenalina), que provocam o aumento da secreção de suco gástrico, reduzindo a defesa do estômago. Podem, portanto, acentuar os sintomas de quem já é portador de gastrite.

O consumo de álcool, de bebidas gasosas, chá, café, alimentos ou molhos picantes podem predispor a presença de gastrite. Fumar costuma piorar a inflamação da mucosa do estômago, agravando os sintomas.

O importante é saber que quando os sintomas não melhoram, o diagnóstico de gastrite poderá ser feito através do exame da endoscopia digestiva alta com visualização do esôfago, estômago e duodeno, e a realização de biópsias que avaliam a inflamação ou não da mucosa do estômago e verifica ainda se tem ou não tem a bactéria Helicobacter pylori no estômago.

Alguns pacientes relatam muitos sintomas, mas ao serem submetidos a avaliação endoscópica não têm gastrite e outros com poucos sintomas podem apresentar uma inflamação mais severa, portanto, a intensidade dos sintomas e a relação com a gastrite pode ser variável.

Em compensação algumas vezes temos múltiplas erosões e até ulceras no esôfago e/ou estômago, com inflamação importante da mucosa do esôfago e ou estômago e que devem ser tratadas e acompanhadas pelo médico, que fará as orientações necessárias e o tratamento medicamentoso, bem como as orientações dietéticas e comportamentais pertinentes.

Muitas vezes, os vômitos sanguinolentos aparecem como os únicos sintomas de uma gastrite severa, podendo estar associada a presença de erosões e ulceras gástricas.

Nos pacientes mais idosos a anemia, emagrecimento e o sangramento digestivo levanta a possibilidade de câncer gástrico, apesar de poder acometer também menos frequentemente adultos jovens.