UFF atua para preservar lagoas

A Lagoa de Itaipu é uma das que estão sendo objeto de estudo da Universidade Federal Fluminense - Foto: Divulgação / UFF

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As lagoas costeiras do leste fluminense são um importante polo de biodiversidade no estado do Rio de Janeiro. Além disso, esses ecossistemas também são vitais para a manutenção do cotidiano das comunidades que residem em seu entorno - seja por questões ambientais ou econômicas. Portanto, atentos ao nível de preservação desses habitats, os professores do departamento de Biologia Marinha da UFF, Marcus Rodrigues da Costa e Cassiano Monteiro Neto, reuniram pesquisadores de diversas instituições públicas e privadas e criaram o projeto Sistemas Lagunares do Leste Fluminense (SLLF), que abrange as regiões de Piratininga-Itaipu, Maricá, Saquarema e Araruama.

Com término previsto para o final de 2020 - o programa teve início em janeiro de 2019 -, o objetivo final do grupo é construir uma rede de pessoas e instituições interessadas em discutir alternativas sustentáveis para o desenvolvimento social e econômico dos municípios onde esses ambientes marítimos estão situados. Para isso, as ações dos participantes do trabalho consistem em compreender o atual status de conservação desses quatro lugares, viabilizar pesquisas sobre o ciclo de vida de espécies que vivem nesses espaços e trabalhar em conjunto com as pessoas que utilizam esses sistemas em seu dia a dia.

Nesta missão, estão envolvidos profissionais de diversas áreas, como especialistas em modelagem, estudos de alimentação, reprodução e crescimento de peixes e crustáceos; especialistas em ciclagem de nutrientes e estados tróficos além de uma equipe de comunicação para divulgação das ações do projeto.

Biodiversidade em risco - Segundo o coordenador da iniciativa, Marcus Rodrigues, essas lagoas são essenciais para a manutenção da vida de organismos situados nas áreas da costa do país. Isso acontece porque elas "agregam e regulam a biodiversidade e biomassa, servindo também como áreas de alimentação e criação para diversas espécies marinhas, estuarinas e dulcícolas. Estas lagoas costeiras também são consideradas ecossistemas aquáticos de elevada produtividade biológica, funcionando como áreas de berçários e habitats de adultos para várias espécies de interesse comercial pesqueiro".

Outro fator que justifica a importância desse estudo são os serviços ecossistêmicos gerados nesses pontos. Este conceito representa os benefícios que a natureza proporciona para os indivíduos. "Eles são vitais para o bem-estar humano e para as atividades econômicas. Todas as lagoas do leste fluminense prestam diferentes tipos de serviços ecossistêmicos", ressalta o professor.

Essas funções naturais possuem três classificações: 1) serviços de provisão, que são os produtos os quais o ser humano obtém do meio, como peixes, moluscos ou crustáceos; 2) serviços de regulação, que acontecem a partir da ação de regulagem ambiental gerada pelos seres vivos desses sistemas. Exemplo: controle de erosão e inundações e controle da qualidade do ar; 3) serviços culturais, que consistem nos benefícios adquiridos através do contato com esses ambientes, contribuindo para a cultura e as relações sociais das regiões. São consequências deste processo o fomento da identidade cultural e histórica do local, a conservação da paisagem e o lazer.

O professor Cassiano Monteiro - também coordenador da pesquisa - explica que a ação humana foi o que possibilitou a ascensão dos estudos sobre o tema em questão. "As crescentes exigências humanas sobre a água e seus múltiplos usos e obtenção de fontes de alimentos associadas às preocupações sobre mudanças climáticas e seus efeitos sobre o meio ambiente, têm intensificado as pesquisas nos últimos 30 anos em sistemas lagunares costeiros, a fim de determinar os impactos eutróficos sobre estes sistemas".