Paquetá: uma ilha paralisada pela pandemia

Ilha de Paquetá está praticamente paralisada por conta da pandemia - Foto: Colaboração/José Lavrador

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Um dos lugares mais afetados pela pandemia da covid-19 é a Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. Como sua economia é sustentada essencialmente pelo turismo e por atividades culturais, a quarentena praticamente estagnou a vida da maioria dos habitantes. No entanto, eles compreendem a necessidade do isolamento contra a propagação do vírus.

Todas as pousadas, restaurantes e centros culturais da ilha estão fechados devido aos decretos estaduais e municipais (Paquetá é parte da cidade do Rio de Janeiro) que determinam abertura apenas de comércios essenciais. As Barcas, única ligação com o continente, transportam apenas trabalhadores em atividades essenciais.

Para ajudar famílias que perderam a renda com a paralisação das atividades, a Associação de Moradores de Paquetá (Morena) organizou a distribuição de cestas básicas. De acordo com a diretora-adjunta, Conceição Campos, por volta de 500 famílias receberam os mantimentos. Se considerado que cada família tenha três membros, totaliza em média 1.500 pessoas, o equivalente a pouco menos de um terço da população da ilha, estimada em 5.000 habitantes.

"O impacto foi imediato. Tem um número grande de pessoas que vivem do trabalho informal relacionado ao turismo, e do dia para a noite essas pessoas ficaram sem ter como se sustentar. Logo a associação criou a campanha Paquetá sem Fome para a distribuição de cestas básicas. Na primeira distribuição 500 famílias procuraram a associação", disse Conceição.

Ainda de acordo com a diretora, entre as classes mais afetadas estão ambulantes, trabalhadores de transporte e taxistas de triciclos, que estão sem público com a interrupção do turismo. No entanto, ela reitera que a população tem entendido a necessidade da quarentena e adotado o uso de máscaras para evitar a proliferação do vírus na ilha.

"A Ilha não está numa redoma. Teremos casos, estamos sempre em contato com o continente. Principalmente para o turista não vir para cá", destacou. Conceição lembra que ainda não há casos de covid-19 confirmados na ilha até a última segunda-feira (27), mas há diversos subnotificados recebendo tratamento em isolamento, aguardando pela testagem.

De acordo com a Prefeitura do Rio, um caso chegou a ser notificado como sendo de um morador na ilha. No entanto, segundo a associação, esta pessoa teria sido atendida em uma unidade de saúde na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde mora atualmente, e seu endereço de registro estaria desatualizado, constando o antigo, que era em Paquetá.

Atividades culturais apostam em plataformas online

Diretor da Casa de Artes de Paquetá, José Lavrador aposta em aulas de música online para diminuir os efeitos da quarentena. O centro cultural, além das aulas, também possui um bistrô e uma pequena hospedagem, que tiveram de fechar temporariamente. Todas as atividades são realizadas em prol da comunidade, no que ele avalia como um turismo inclusivo.

"As pessoas não estão tendo renda e quem tinha alguma reserva está usando. Na Casa de Artes de Paquetá a gente já tinha criado um projeto de aulas online, com pessoas da própria comunidade a dar uma colaboração, que são os Padrinhos Culturais, e a gente continua mantendo e remunerando os professores. Acreditamos num projeto de turismo com base comunitária. Não é um turismo predador, mas sim inclusivo, focado em gerar renda e sustento para as famílias da Ilha", contou José.

Transporte - De acordo com a CCR Barcas, em cumprimento a Decreto do Governo do Estado do Rio de Janeiro, por medida de prevenção ao aumento do número de casos de coronavírus, na linha Paquetá - Praça XV, as viagens estão sendo realizadas em horários especiais, conforme as grades divulgadas em seu site, sendo importante ressaltar que somente trabalhadores de serviços essenciais estão sendo transportados e o controle de acesso está sendo realizado pela Polícia Militar.