Estudo avalia a água da Cedae

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A água que chegava à Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu, nos primeiros meses do ano, não possuía indícios de geosmina, mas sim de um composto químico produzido por bactérias presentes em esgotos industriais e domésticos. A informação está em estudo feito pelo Instituto de Biologia e pela Coppe, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Nas primeiras semanas de 2020, o Estado passou por uma crise hídrica, pois a água tratada pela estação, captada da Bacia do Rio Guandu chegava à cerca de 70% da Região Metropolitana do Rio de Janeiro com cheiro, gosto e coloração anormais. O professor Diogo Tschoeke, um dos responsáveis pela pesquisa, explicou sobre o método utilizado e as conclusões obtidas para a qualidade da água,

"Coletamos água entre janeiro e março e extraímos o DNA dessas bactérias presentes na água. O que a gente fez depois foi avaliar e identificar essa sequência de DNA, o que elas fazem e de onde vieram. Quando a gente estuda esse DNA a gente não encontra o potencial genético para a produção da geosmina e sim do 2-MIB, que causa o cheiro mais ferroso", disse.

O professor explicou que o composto químico 2-MIB é produzido pelas bactérias encontradas em esgotos. Cabe ressaltar que as amostras analisadas foram da água que chegava à ETA Guandu.

"Também a gente encontra nessa água bactérias responsáveis por degradar esgoto industrial e bactérias entéricas, encontradas no esgoto doméstico. A água que estava indo em direção à Estação do Guandu estava contaminada tanto com esgoto industrial quanto com esgoto doméstico. No nosso estudo a gente tenta reportar isso para mostrar a origem daquele cheiro de esgoto", explicou Diogo.

Com os resultados do estudo, foi possível concluir que não existe potencial genético para produção da geosmina, mas sim para o composto químico 2mib, que cresce em função da maior quantidade de matéria orgânica na água.

Por meio de nota, a Cedae informa que tanto a Geosmina quanto o 2-Metil-Isoborneol (MIB) são compostos orgânicos produzidos pela cianobactéria Planktotrix. As duas causam alterações no gosto e odor da água, mas nenhuma delas causa qualquer mal à saúde.

Como as duas substâncias são produzidas simultaneamente, em concentrações variáveis, a Cedae está analisando as duas substâncias e expressando os resultados do somatório de ambas (Geosmina /MIB), como consta nos laudos disponíveis no site da Companhia.

Desde fevereiro não há alterações causadas por geosmina ou MIB na água fornecida pela Cedae. Com o ocorrido, a empresa adotou medidas, como a instalação, em janeiro, do sistema de aplicação de carvão ativado na entrada de água da estação. A Cedae também está realizando testes diários relacionados aos padrões organolépticos (gosto e odor), mesmo não havendo exigência deste tipo de controle para esses parâmetros pela legislação (a exigência pela Portaria do Ministério da Saúde é trimestral).

Além disso, a Cedae está investindo R$ 700 milhões na modernização da ETA Guandu até 2022. Somente este ano estão sendo investidos cerca de R$ 120 milhões na Modernização da ETA Guandu pela Companhia.

No que diz respeito às obras de proteção da tomada d'água da ETA Guandu, elas serão executadas pelo INEA, com um processo construtivo muito mais rápido que o previsto originalmente.

MPRJ - O Ministério Público do Estado (MPRJ) informou que está ciente do estudo, que foi solicitado pelo Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente do MPRJ (Gaema), no âmbito de inquérito civil que apura as causas que levaram à alteração dos padrões da qualidade da água fornecida pela Cedae. O laudo vai ser analisado para adoção das medidas cabiveis.

Com relação à água distribuída à população pela Cedae proveniente do sistema de abastecimento Guandu, o MPRJ ajuizou uma execução que está em curso contra a Cedae, cobrando o aperfeiçoamento do plano de monitoramento e avaliação da potabilidade da água e verificação da rede de distribuição, de forma contínua, transparente e eficaz.