Cesta básica com preço salgado

Assustado com a alta dos produtos, consumidor volta a pesquisar preços - Foto: Marcelo Feitosa

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Uma das duplas gastronômicas mais populares do Brasil tem causado dor de cabeça aos consumidores, em especial os mais pobres. O preço do arroz atingiu o maior patamar em 12 anos. O grão, que teve o valor elevado em 19% nos últimos meses chegando a ter um pacote de 5kg custando R$ 40, teve, recentemente, a alíquota do imposto de importação zerada numa tentativa de frear a alta no preço. Parceiro do arroz no prato, o feijão também teve seu valor elevado, acumulando alta de 28,92%.

Outros itens da cesta básica, como o óleo de soja (alta de 18,6%) e o leite (alta de 22,99%), também têm apresentado alta. Na última semana, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação de preços da cesta de compras de famílias com renda até cinco salários mínimos, registrou inflação de 0,36% em agosto. Esse é o maior resultado para o mês desde 2012, quando o INPC ficou em 0,45%.

A quebra na safra de muitos alimentos associada ao crescimento da demanda interna e impulsionada pela pandemia da covid-19 - que ocasionou maior consumo de produtos básicos tanto pelo auxílio emergencial quanto pelo aumento do consumo em casa -, fez com que muitos consumidores direcionassem mais dinheiro para a alimentação.

"Os alimentos comprometem aproximadamente 20% dos orçamentos das famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos, segundo o IPCA do IBGE. E quando falamos de famílias de baixa renda, o direcionamento do dinheiro é ainda maior. Famílias com até 2,5 salários mínimos mensais, destinam 30% do dinheiro para alimentação. E quanto menor é a renda, maior é o comprometimento alimentar. Ou seja, quanto menos se ganha, mais se gasta com alimentos para garantir o sustento básico", explicou André Braz, coordenador do IPC da Fundação Getúlio Vargas.

O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, André Modenesi, explica que como a economia brasileira é aberta ao exterior, a taxa de câmbio exerce influência nos preços domésticos.

"Como parcela relevante dos insumos são importados, quanto mais caro o dólar estiver, maior será o preço desses insumos. Essa alta nos preços é repassada (pelos produtores) aos preços finais. A desvalorização, ao tornar os produtos brasileiros mais competitivos, estimula as exportações - na medida em que o produtor recebe mais reais pelo mesmo valor (em dólar do produto exportado)", disse Modenesi.