Grande Rio teve mais 28 crianças baleadas após morte de Ághata

A pequena Ágatha Félix, de 8 anos, foi morta com um tiro no Complexo do Alemão no ano passado - Foto: Arquivo Pessoal

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Há um ano, a pequena Ághata Félix voltava para casa com a mãe numa kombi no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, quando foi baleada. O disparo, que segundo investigações teria partido da arma de um PM, atingiu as costas da menina que chegou a ser socorrida, mas não resistiu e morreu na madrugada do dia 21 de setembro de 2019. Com 8 anos de vida, Ágatha entrou para aestatística de crianças vítimas da violência armada no Grande Rio. Depois dela, outras 28 crianças foram baleadas.

Durante esse período, a maioria das vítimas foi atingida por balas perdidas, mas também houve situação em que a criança foi o alvo do tiro: em 7 de junho deste ano, o menino Douglas Enzo comemorava seu aniversário de 4 anos numa festa em casa em Magé, na Baixada Fluminense, quando foi baleado no peito. Investigações da Polícia Civil concluíram que o atirador, que participava da festa, teve intenção de matá-lo.

Nove crianças foram baleadas em situações em que havia a presença de agentes de segurança. Duas delas morreram. Rio (6), São João de Meriti (2) e São Gonçalo (1) foram os municípios que tiveram crianças baleadas em casos com presença de agentes.

O Rio foi o município com o maior número de crianças baleadas durante o período: foram 14, sendo 4 delas mortas. Em seguida, ficaram São Gonçalo (4), Belford Roxo (3), São João de Meriti (2), Duque de Caxias (2) e Magé, Maricá, Guapimirim e Nova Iguaçu com 1 baleado cada.

Tiroteios - Desde a morte de Ághata, o isolamento social reduziu o número de tiroteios, mas ainda assim, eles continuam frequentes. Entre domingo (13) e sábado (19), a plataforma Fogo Cruzado mapeou 69 tiroteios/disparos de armas de fogo no Grande Rio. Durante esses tiroteios, 33 pessoas foram baleadas e 13 delas morreram. Além das vítimas, os tiroteios também afetaram a circulação de trens e vias: na manhã de segunda, um tiroteio durante ação policial no Gramacho, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, chegou a interromper por alguns minutos a circulação dos trens no ramal Saracuruna. Já na tarde de sábado, um intenso tiroteio na Cidade Alta, na zona norte do Rio, interrompeu o trânsito na Av. Brasil. O tiroteio aconteceu após um PM de folga entrar por engano na favela da Cidade Alta e ser atacado por traficantes da região. A PM foi acionada para resgatar o agente e a ação terminou com 1 morto e 1 ferido.

Vítimas - As vítimas da violência armada durante a semana passada no Grande Rio vão desde crianças (idade inferior a 12 anos) a policiais militares. Num período de três dias, 2 crianças foram baleadas na região: uma criança de 3 anos foi atingida por bala perdida em Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, na segunda. Já na quinta, uma criança de 7 anos foi baleada num ataque a tiros na Vila São Luís, em Nova Iguaçu.

Na semana que atingiu a marca de 100 agentes de seguranças baleados, o Grande Rio teve 5 agentes vítimas, um deles morreu. O 100° agente baleado foi um cabo da PM do 12º BPM (Niterói), atingido no pé durante tiroteio no Morro do Palácio, no Ingá, na manhã de quinta. Depois dele, outros 3 agentes foram baleados.

Além de crianças e PMs, o enfermeiro Luiz Otávio Silva, de 27 anos, também foi vítima da violência armada na região: ele foi baleado nacabeça durante assalto a um ônibus na Av. Brasil, na altura de Guadalupe, zona norte do Rio, na última terça. Luiz foi internado eteve o protocolo de morte cerebral iniciado na quinta.

O Rio foi a cidade que mais teve baleados na última semana: foram 13, e destes, seis morreram. Em seguida, ficaram São Gonçalo (10), Nova Iguaçu (4), Duque de Caxias (3), Belford Roxo (2) e Niterói (1).

Entre os 5 bairros com mais baleados, Marambaia, em São Gonçalo, Lins de Vasconcelos, na zona norte do Rio e Vila São Luís, em Nova Iguaçu, tiveram 3 baleados cada. São José, em Belford Roxo, e Guadalupe, na zona norte do Rio, completaram com o ranking, com 2 baleados cada.