Primeira Liga profissional de Futebol Americano Feminino dos EUA contrata 15 atletas do Bangu

A equipe do Bangu Castores surgiu em 2019, formada por atletas experientes e calouras do Rio - Foto: João Carlos Gomes / Bangu Atlético Clube

Esportes
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A liga de futebol americano NFL, na qual joga Tom brady, marido de Gisele Bünchen, é mundialmente conhecida e, sabidamente, seus atletas recebem salários astronômicos. Porém, no Brasil e no resto do mundo, a história é outra: ao invés de receber para jogar a maioria dos atletas paga para sustentar a paixão. E se o esporte ainda é considerado amador no naipe masculino, imagine no feminino. Mas isso vai mudar em 2021, quando terá início a primeira Liga Profissional Feminina de Futebol Americano, a Woman’s Football League Association (WFLA), que contará com nada menos que 15 atletas do Bangu Atlético Clube, do Rio de Janeiro, representando o Brasil lá fora.


A equipe do Bangu Castores surgiu em 2019, formada por atletas muito experientes que vieram de outros times do Rio de Janeiro e mais algumas calouras. Já em seu primeiro ano de existência, conquistou o segundo lugar do Campeonato Brasileiro e chamou a atenção de todos no Brasil e, ao que tudo indica, também no exterior. Antes de jogar pelo Bangu, elas passaram por equipes conhecidas no meio, como Cariocas F.A. - tricampeã nacional - e Sinop Coyotes - bicampeã nacional.


“O fato de algumas de nós sermos tetra ou tri-campeãs brasileiras e termos bastante tempo de experiência de jogo fez diferença, mas o vice do ano passado pelo Bangu também foi de suma importância pois fizemos um campeonato muito bom, apesar dos pesares, e conseguimos ótimas imagens pra fazer nossos vídeos de Highlights (melhores momentos). Temos um elenco muito bom, forte e competitivo, isso chama a atenção” - relata Vanessa Yorio, atleta e diretora de esportes da equipe feminina do Bangu e também uma das atletas selecionadas para jogar em Phoenix.


A liga americana só começa em 2021, esse ano é chamado de ano do draft, que é quando eles contratam as jogadoras. A pandemia de Covid19 atrapalhou um pouco os planos da liga, que teve de cancelar algumas seletivas, mas para as brasileiras aparentemente essa pausa foi boa, porque foi graças a esse período de quarentena mundial que muitas equipes da liga abriram combines (seletivas) virtuais e que elas tiveram tempo de preparar vídeos e pra fazer entrevistas com um fuso horário nada favorável.


“Talvez, se estivéssemos em uma época normal, não tivessem sido tão receptivos com atletas de fora, não temos como saber. Mas a gente separou nossos vídeos com os melhores momentos (highlights) e mandou para as equipes que sabíamos que estavam abrindo oportunidades. A princípio mandei todos os vídeos de uma vez, porque queríamos ficar juntas, e depois ajudei todo mundo com as entrevistas por conta do inglês. Recebemos propostas de vários times de lá e escolhemos os que mais se adequavam às nossas expectativas. No final já estava amiga dos donos dos times (rs).” - completa Fernanda Pessanha “Estrela”, atleta e diretora geral do Bangu Castores e a gerenciadora de contratos americanos, contratada pra jogar em Phoenix.


Mas ao mesmo tempo em que a pandemia de Coronavírus ajuda, ela também atrapalha. Afinal justo na época que precisavam se preparar para ficar mais fortes, mais rápidas, que precisavam de treinos no campo e na academia, elas estão impedidas de fazer. Para não ficar para trás, a solução é mesmo fazer exercícios em casa, com peso corporal ou até improvisar uns pesinhos de cimento, como fez a Gabriela.

“Eu fui atleta de LPO, então fazer exercício só com garrafa ou sem peso não me ajuda muito. Por isso, aproveitei que minha casa estava em obra e aprendi a fazer barras de peso para malhar, usando cimento. Treinei muitos dias com o entulho da obra mesmo, mas agora já tenho minhas barras. De qualquer forma estou louca pra voltar a poder treinar na academia.” - desabafa Gabriela Propodoski, Lineman do Bangu Castores e também contratada pela WFLA (time ainda não revelado).


Favorecidas pela quarentena ou não, fato é que a liga já conta com atletas de vários países e províncias: Austrália, Alemanha, França, Marrocos, Guam… e do Brasil, as banguenses. A maior parte delas (9) está indo para o Phoenix Red Tails, equipe de Phoenix, Arizona, mas tem gente também no Denver Goldrush e outras equipes que ainda não podem ser reveladas, por questões da liga. Com esse elenco, certamente outra barreira grande seria a língua, já que a maioria não fala fluente e algumas nem o básico de inglês, mas nem elas nem o presidente do Phoenix Red Tails vêem isso como algo ruim, já que terão ainda terão 9 meses pra estudar e aprender o básico pra se virar lá e entender o que os técnicos estão falando. Além do que os termos do futebol americano não são traduzidos no Brasil, então, todas sabem os nomes de posições, jogadores, jogadas.


“Não vemos a falta do inglês como uma barreira, temos tempo para resolver isso e vamos ajudá-las com isso. Queremos formar mais que um time competitivo, uma família. Para isso estamos procurando as melhores em vários lugares do mundo. Ser um time global ajuda bastante também na questão de divulgação e marketing do time”, diz J Galloway, presidente da equipe de Phoenix.


A Liga Profissional WFLA (Women's Football League Association) foi fundada tendo como objetivo a profissionalização da modalidade feminina, com todas as atletas sendo remuneradas. Seus primeiros combines aconteceram em 2019 e os primeiros combines virtuais em 2020 graças à crise COVID-19. A liga pretende ter 32 times e 2 divisões, no esquema de Franquias; cada time é vendido por no mínimo R$500mil dólares pela liga. A pré-temporada começará em Março de 2021 com Training Camps, draft e treinos e a temporada de jogos será de Maio a Agosto, contando com uma média de 18 jogos por equipe, que serão televisionados nos Estados Unidos. Em Agosto a temporada lá acaba e elas voltam pra jogar com o Bangu.