Viradouro é campeã do carnaval 2020

Viradouro levantou a taça de campeã do carnaval do Rio após homenagear as Ganhadeiras de Itapuã. Marceinho Calil, Marcelo Calil e integrantes da escolas ergueram o caneco e soltaram o grito de campeão na Praça da Apoteose - Foto: Alex Ramos

O Flu na Folia
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Após um jejum de 23 anos, a Unidos do Viradouro conquistou o título de campeã do carnaval carioca de 2020. A vermelha e branca de Niterói, que disputou quesito a quesito, confirmou o favoritismo para levantar a taça durante a apuração das notas, nesta Quarta-Feira de Cinzas, na Praça da Apoteose, que terminou com 269.6. Esse é o segundo título da escola, sendo o primeiro conquistado em 1997. O vice-campeonato ficou com a Grande Rio, com 269.6 pontos; seguido da Mocidade com 269.4; Beija-Flor com 269.4; Salgueiro com 269, e Mangueira com 268.9. Todas essas voltam no Sábado das Campeãs. União da Ilha e Estácio de Sá foram rebaixadas para a Série A. 

Na Apoteose, a mesa da Viradouro era rodeada por tensão e, ao mesmo tempo, euforia. Se agarrando à fé, terços e uma imagem de São Miguel acompanhavam os integrantes da diretoria da escola. O presidente da escola, Marcelinho Calil, era um dos que acompanhavam a leitura das notas sob muito nervosismo, principalmente por causa do descarte da maior e menor das cinco notas dos jurados. Ao confirmar o título, a alegria e a emoção tomaram conta do dirigente. 

"Muitos anos depois, a escola vem campeã. A gente merece muito. Eu sei que todas as escolas trabalham, merecem, mas a gente merece muito também. Fizemos um grande desfile, assim como no ano passado. E, neste ano, fomos agraciados com esse título, quesito a quesito. Cada uma (escola) foi punida onde errou e, no final, na soma de tudo, deu Viradouro. Aqui tem que viver cada minuto. O carnaval disputado é isso, e é a melhor sensação do mundo", disse Marcelinho, que reergueu a escola depois de três anos na Série A tentando uma vaga na elite do samba.

"Eu dedico esse título, em primeiro lugar, à comunidade da Unidos do Viradouro, que é incansável. Ano passado batemos na trave, mas conquistamos este carnaval", concluiu o presidente.

A vermelha e branca superou a Grande Rio, que dominava a apuração mas perdeu três preciosos décimos no quesito Evolução, penúltimo a ser lido. Nesse quesito, a Viradouro recebeu apenas uma nota 9.9, sendo descartada, o que garantiu os redondos 30 pontos para entrar na briga pelo título. Em Harmonia, que sacramentou a taça para Niterói, a vermelha e branca também garantiu os 30 pontos, tendo um 9.8 descartado por ser a menor nota. 

Estreando com o pé direito no Grupo Especial, os carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon mostraram que são tão grandes quanto o amor da comunidade pela escola. Desenvolvendo uma homenagem às Ganhadeiras de Itapuã, a dupla gabaritou o quesito Enredo. 

A bateria de mestre Ciça levou uma "chuva" de notas 10, gabaritando a apuração do quesito. O auge da Furacão Vermelho e Branco foi quando duas componentes surgiram sobre um pedestal, no meio dos ritmistas, tocando timbal. Nessa hora, o público foi a êxtase. A performance tinha o objetivo de exaltar a mulher, como o próprio enredo propõe. 

"A Viradouro foi superior a provou isso na Avenida. Fomos a segunda a desfilar no domingo, uma colocação do desfile ingrata para a gente, todos sabem disso. Nós quebramos isso, coisa que não acontece há muito tempo. Tivemos muito trabalho. Acho que a nossa bateria é a que mais ensaia no ano no Rio de Janeiro. Depois da Semana Santa, já começam os ensaios do ano seguinte", desabafa mestre Ciça. 

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Julinho Nascimento e Rute Alves, não perderam nenhum décimo e a conquista teve um gosto especial: é o 13º ano que desfilam juntos e o marco de 30 anos de carnaval de Julinho, que se completaram este ano. 

 O clima de maior preocupação surgiu na leitura das notas de Alegorias e Adereços: todas as notas recebidas foram 9.9, deixando a Viradouro mais distante do título, o que não se confirmou depois. 

Com um samba "chiclete", a vermelha e branca conquistou as arquibancadas. A voz do público, com a letra na ponta da língua, foi um dos pontos altos da passagem da escola de Niterói pela Marquês de Sapucaí neste ano. Nesse quesito, a escola disputou ponto a ponto e recebeu apenas uma nota 9.9, que foi descartada.

Depois de alcançar o vice-campeonato no ano passado, em uma ascensão meteórica - ao retornar da Série A -, a escola trouxe um desfile carregado de luxo e inovação. O carro abre-alas foi o maior da história da Viradouro, com 50 metros de comprimento e 13 de altura. "Prelúdio das Águas", como era chamada, simbolizava os elementos marinhos do barroco baiano, com a lenda das águas.

Um dos momentos mais impactantes foi a apresentação da comissão de frente. A atleta Anna Giulia, que representa a Seleção Brasileira no nado sincronizado, fez uma performance dentro de um aquário, com 7 mil litros de água. Apesar da surpresa, a comissão de frente recebeu duas notas 9.9, sendo uma descartada. 

"Ficamos chateados com essa nota. Eu sei que todos os quesitos são primordiais e essenciais para defender a escola. Foi uma das comissões mais faladas, vimos isso pelo público. Critério de julgamento a gente só vai ver na justificativa. Espero que seja plausível e aceitável. A gente fica chateado, mas a cabeça de jurado a gente não entende. É o nosso primeiro campeonato, e um campeonato cada vez mais acirrado e, por isso, a gente tem que ser cada vez melhor. Ano que vem vamos brigar mais uma vez pelo título", disse o coreógrafo da comissão, Alex Neoral. 

União da Ilha e Estácio são rebaixadas

Foram rebaixadas as escolas Estácio de Sá, com o enredo "Pedra", e União da Ilha do Governador, com o enredo "Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas; a sorte está lançada: salve-se quem puder!".

Com os dois rebaixamentos este ano, o Grupo Especial volta a ter 12 escolas. A primeira divisão do samba passou a ter 13 escolas depois que os rebaixamentos de 2017 foram suspensos. Paraíso do Tuiuti cairia para a Série A, mas a Liesa decidiu, antes da apuração, que nenhuma escola seria rebaixada devido aos acidentes que ocorreram durante os desfiles da própria Tuiuti e da Unidos da Tijuca.

Ficou decidido em 2017, porém, que duas escolas seriam rebaixadas do Grupo Especial em 2018, o que também não ocorreu. Império Serrano e Grande Rio, que ficaram nas últimas posições, permaneceram no Grupo Especial para 2019.

Com isso, houve 14 escolas nos dias principais de desfiles no Sambódromo do Rio, número que caiu para 13 com o rebaixamento de Imperatriz Leopoldinense e Império Serrano no ano passado.