Bebê abandonado é encontrado em São Gonçalo

Uma criança recém-nascida foi salva por um estudante, na manhã desta terça-feira, após ser abandonada no chão, embaixo de um carro, às margens da Rua Belo Horizonte, no bairro Porto da Madama, em São Gonçalo. O bebê, do sexo masculino, que aparentava ter nascido poucas horas antes, ainda estava envolvido pela placenta e com o cordão umbilical.

Quem notou a presença do menino, por volta de 7h30, foi o estudante de Educação Física Allan Farias, de 29 anos, que mora cerca de duas quadras após o lugar onde a criança foi deixada, estava indo para a faculdade. Inicialmente, o rapaz pensou se tratar de um filhote de algum animal, pois a região onde mora é habitada por cães e gatos de rua. Quando percebeu que se tratava de um bebê, o sentimento foi misto de emoção e indignação.

“Eu estava mexendo no celular e ouvi um gemido. Pensei que fosse um bicho e fui procurar, foi quando vi que era um neném. A primeira reação é um susto. Estava metade do neném pra fora de uma sacola aí pensei que fosse um cachorro. É uma situação de covardia, a gente nunca pensa que vai encontrar uma criança assim”, relatou o rapaz.

Imediatamente, Allan pediu que sua mãe, Maria José, segurasse a criança enquanto ele buscava por socorro. O estudante acionou o Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (SAMU) e a Polícia Militar (PM). Cada segundo que o atendimento demorava para chegar, fazia aumentar a angústia do rapaz, que não tinha noção de qual era o real estado de saúde da criança.

“Depois quando vi que era um bebê corri, voltei em casa e peguei uma toalha para enrolar ele e vi que estava gelado. Estava com a placenta e o cordão umbilical ainda. Assim que encontrei, pedi para minha mãe me ajudar para que eu ligasse para a polícia. Minha mãe ficou muito emocionada. Fiquei muito nervoso quando o socorro demorou para atender, o bebê deve ter passado a noite toda ali”, completou.

Policiais militares do 7º BPM (Alcântara) foram os primeiros a chegar, realizaram as manobras de primeiros socorros e enrolaram a criança em um lençol até a chegada dos médicos. Em seguida, a ambulância do SAMU levaram o menino ao Pronto Socorro Infantil Darcy Vargas, que fica no bairro Zé Garoto.

Para alívio de todos, o bebê chegou à unidade de saúde em bom estado de saúde. O menino, que pesa 2.785 quilos e tem 48cm, encontra-se estável, realizou exames de sangue, e passou por procedimentos médicos na sala vermelha, onde são atendidos casos de emergência. A médica do SAMU, Giovana Almeida, explicou como foi o procedimento realizado até a chegada ao hospital.

“Fiquei muito assustada na hora, mas a gente fez o máximo que podia e fizemos nossa parte. Estou muito feliz que conseguimos salvar o menino”, disse. Segundo a equipe médica, o bebê não nasceu prematuro e nasceu nas proximidades do local onde foi encontrada.

Todos os envolvidos na jornada para salvar o recém-nascido se emocionaram bastante. A policial militar Juliana Soares foi uma das que mais se envolveu com o caso. Ela foi à uma loja, nas proximidades do Pronto Socorro, comprar roupas para a criança, que foi abandonada nua. A dona da loja, sensibilizada, não quis cobrar e cedeu as vestimentas como forma de doação.

Na unidade de saúde, as enfermeiras e o próprio Allan batizaram o bebê como Pedro. O estudante revelou que deseja manter contato com a criança e se tornar padrinho dele. Outro policial militar que atendeu à ocorrência, o aspirante Marcio Braga, se emocionou ao contar que tem o sonho de seu pai e que ao menos quatro PMs manifestaram interesse am adotar Pedro.

“O Allan estava um pouco nervoso mas feliz em ter salvo a criança. Tenho muita vontade de ser pai e esta é uma situalção que me chocou. O Pedro fez sucesso, quatro policiais do batalhão já manifestaram a vontade de adotá-lo”, disse o agente.

Pedro foi transferido, ainda na tarde desta terça, para uma maternidade ainda não divulgada. Após a alta hospitalar, o menino será entregue ao Conselho Tutelar, que encaminhará a criança para uma família, onde receberá todos os cuidados até que ela seja adotada. A ação faz parte do programa “Família Acolhedora”, da Prefeitura de São Gonçalo.

A investigação sobre o abandono do bebê será conduzida pela 73ª DP (Neves), que tentará localizar os pais da criança que, assim que identificados, responderão criminalmente. O aspirante Braga afirmou que buscas já foram feitas nas proximidades do local onde Pedro foi deixado, mas sem sucesso.

“Não recebemos nenhuma denúncia [sobre o abandono ou desaparecimento do bebê]. Fizemos buscas mas não localizamos informações sobre quem possa ter abandonado a criança”, explicou.

Moradores da região relataram terem ouvido choro de bebê durante a madrugada mas não viram o momento em que Pedro foi abandonado. O próprio Allan afirmou que passou pela localidade na noite de segunda-feira (26), por volta de 20h, mas a criança ainda não havia sido deixada lá.