Instituições e lideranças são contra ao pronunciamento presidencial

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O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro em rede nacional, nesta terça-feira (24), causou reprovação em várias instituições e lideranças políticas por defender o fim do confinamento em massa da população e a "volta da normalidade". O isolamento social é uma das principais medidas para prevenção e controle do Covid-19, de acordo com especialistas, Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), um dos infectados pela covid-19, divulgou nota no twitter repudiando a atitude."Eu e o vice-presidente do senado federal, Antonio Anastasia, divulgamos nota sobre o pronunciamento do presidente da República nesta noite: Neste momento grave, o país precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população".

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) também se posicionou devido a classe ter sido citada no discurso presidencial. "Os ataques do presidente aos jornalistas e à imprensa têm sido frequentes desde a sua posse, numa demonstração inequívoca do desprezo que ele sente pela democracia e suas instituições democráticas. Nesse momento de grande dificuldade, ele tenta, mais uma vez, enganar a população brasileira com sua técnica de desinformação: dizer mentiras como se fossem verdades e criticar quem produz informação verdadeira", disse parte da nota.

O governadores do Rio de Janeiro, além da maioria dos estados brasileiros, também reprovaram a atitude do presidente. "Na manifestação em cadeia de rádio e TV, o presidente da República contraria as determinações da Organização Mundial de Saúde. Nós continuaremos firmes, seguindo as orientações médicas e preservando vidas. Eu peço a vocês: por favor, fique em casa."

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também se manifestou. "Desde o início desta crise venho pedindo sensatez, equilíbrio e união. O pronunciamento do presidente foi equivocado ao atacar a imprensa, os governadores e especialistas em saúde pública. Cabe aos brasileiros seguir as normas determinadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde em respeito aos idosos e a todos que estão em grupo de risco. O Congresso está atento e votará medidas importantes para conter a pandemia e ajudar os empresários e trabalhadores. Precisamos de paz para vencer este desafio."

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, destacou em suas redes sociais: "Entre a ignorância e a ciência, não hesite. Não quebre a quarentena por conta deste que será reconhecido como um dos pronunciamentos políticos mais desonestos da história".

Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, destacou sobre solidariedade e responsabilidade. "A pandemia da Covid-19 exige solidariedade e co-responsabilidade. A experiência internacional e as orientações da OMS na luta contra o vírus devem ser rigorosamente seguidas por nós. As agruras da crise, por mais árduas que sejam, não sustentam o luxo da insensatez".

José Serra (PSDB), ex-ministro da Saúde, comentou que o pronunciamento do presidente foi na contramão do mundo e da realidade apresentada pelo seu Ministério da Saúde. "Já são mais de 2.200 casos confirmados de coronavírus no Brasil e 46 mortes, sendo 40 no estado de São Paulo. Estamos em meio a uma pandemia que não deve ser minimizada. É preciso reconhecer que a economia não vai se recuperar de forma imediata e que é preciso fortalecer o SUS, mediante a operacionalização de um fundo que disponha dos recursos e da agilidade necessários ao combate às consequências do coronavírus".

A Sociedade Brasileira de Infectologia emitiu posicionamento repudiando a informação inadequada sobre o vírus. "Neste difícil momento da pandemia de COVID-19 em todo o mundo e no Brasil, trouxe-nos preocupação o pronunciamento oficial do Presidente da República Jair Bolsonaro, ao ser contra o fechamento de escolas e ao se referir a essa nova doença infecciosa como "um resfriadinho". Tais mensagens podem dar a falsa impressão à população que as medidas de contenção social são inadequadas e que a COVID-19 é semelhante ao resfriado comum, esta sim uma doença com baixa letalidade", destacou parte da nota.