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Conhecida como o “mal do século” que assolou o mundo no século XIX, a tuberculose é vista como uma enfermidade do passado. Entretanto, só em 2017, provocou ao redor do mundo 1,3 bilhão de mortes, de acordo com a OMS. Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, a doença geralmente atinge os pulmões – podendo também afetar outras partes do corpo. Porém, apesar do alto número de infectados, um dos maiores obstáculos em relação ao tratamento provém da resistência das bactérias aos medicamentos fornecidos pelo mercado farmacêutico.

A partir dessa constatação emergencial, a pesquisadora Vanessa criou em 2016 o Laboratório SupraSelen, especializado na obtenção de moléculas de selênio, que podem posteriormente serem utilizadas na composição de antioxidantes e anti-inflamatórios, por exemplo.

Os estudos com o selênio orientam a equipe na criação de novos produtos para o tratamento da tuberculose e outras doenças negligenciadas. “Sintetizamos moléculas que facilitam processos já utilizados pela indústria farmacêutica, tornando os medicamentos mais baratos ou melhor fabricados”, explica a pesquisadora. “Fazemos compostos que podem virar fármacos, um tipo de molécula que facilita a produção dos já existentes ou potencializamos sua atividade no organismo humano; também conseguimos minimizar efeitos colaterais provocados pelas drogas”, explica.

Dividindo o espaço físico do laboratório com os docentes Sérgio Pinheiro, Carlos Magno Rocha Ribeiro e Florence Moellman, cada qual trabalhando com seus alunos individualmente, Vanessa encontrou desafios na criação e posterior continuidade do SupraSelen. O capital encontrado para a manutenção do laboratório veio do auxílio do Programa de Fomento à Pesquisa da UFF (FOPESQ) e de um auxílio do Programa de Pós-graduação em Química aos docentes. Segundo ela, “para atrair os alunos no início, já que era um laboratório que ainda estava começando, nós trabalhamos a partir do encantamento: tentei passar para eles o que eu vejo da ciência e os encorajei a vestir a camisa e lutar comigo.” Atualmente, a docente da UFF orienta uma estudante de mestrado, dois de doutorado e quatro de iniciação científica, além de co-orientar uma doutoranda.

A aluna de doutorado e orientanda no SupraSelen, Ingrid Cavalcanti, relata que essa conquista trouxe esperança para o trabalho desempenhado com poucos recursos. “Nós sonhamos alto e conseguimos aos trancos e barrancos. Temos que ser bastante focados. Tudo o que produzimos serve de base pra mim, que pretendo seguir a carreira acadêmica. Temos dificuldades em relação à aquisição de material ou a burocracias, equipamentos caros; mas a universidade em si incentiva muito as pesquisas”. A participação dos discentes em projetos fornecem um retorno à sociedade — no caso, a produção de novos fármacos para um tratamento mais eficaz contra a tuberculose —, reafirmando um desempenho e compromisso ímpares da comunidade acadêmica da UFF, assim como das outras universidades do país.

Ainda há muito trabalho pela frente. “A curto e médio prazo desejamos a publicação de artigos referentes às pesquisas e reconhecimento por parte da academia científica”, relata a pesquisadora. “A longo prazo, por que não, buscamos despertar o interesse de alguma indústria farmacêutica e sermos detentores da criação de um novo medicamento, produzido industrialmente, sendo capaz de ajudar a população, principalmente a de baixa renda”, conclui.