PORQUE O CORONAVÍRUS MATA

Além dos EPIs, Hotel H faz higienização constante dos seus ambientes - Foto: Divulgação

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Os novos coronavírus, causadores da covid-19, têm uma particularidade singular em seu mecanismo de ação que os difere dos clássicos coronavírus, que é a produção de uma proteína que confere a ele a propriedade de inibir a resposta imune do hospedeiro, principalmente a imunidade inata.

ATENÇÃO: os coronavírus inibem a resposta imune

do hospedeiro

Decorre deste fato uma das características dos pacientes com a covid-19, que é a ocorrência observada da resposta imunológica inespecífica se estabelecer com precariedade, por conta da natural linfopenia e neutrofilia, que estes pacientes apresentam e também por estarem com suas respostas imunes inibidas pela ação viral.

Ao ser inspirado o coronavírus adere ao receptor celular específico e por endocitose entra nos pneumócitos, localizados na superfície dos alvéolos, na interface pulmão/árvore respiratória. No citoplasma do pneumócito ele fica dentro do endossoma, até que rompe sua membrana e se libera para dentro da célula. Ai ele completa todo seu ciclo de vida. Ele produz diretamente suas proteínas tradutoras da replicação viral, usando seu próprio RNA como molde.

Assim mais vírus idênticos aparecem no meio interno celular. Migram para dentro do retículo endoplasmático e daí adquirem outra vesícula endossômica e migram para fora da célula para infectar novas células. Por sua agressividade, acabam por destruir os pneumócitos que revestem nossos alvéolos e seguem em intensa proliferação viral. Assim se estabelece a pneumonia do coronavírus.

ATENÇÃO: com a resposta imune inativada quem respira o coronavírus tende a fazer pneumonia

Como o coronavírus atua com esta sua propriedade de bloqueio imunológico, sua ação patogênica fica fora de controle. Passa a se replicar indefinidamente e gera doença imunológica no hospedeiro, por suprimir sua resposta imune. Sem a resposta inata presente o hospedeiro recorre a resposta imunológica adaptativa, também suprimida. E desta forma o vírus se espalha por todo o hospedeiro, causando doença em vários órgãos.

Com o bloqueio da resposta imune inata, causada pelo coronavírus, a resposta adaptativa se faz de forma pouco eficiente, o que é péssimo pois a resposta imune específica é o fator chave para concluir a eliminação do vírus. Se o sistema imune não puder produzir uma resposta específica forte, capaz de eliminar os vírus, ele, por falência do sistema imune do hospedeiro, continuará a fortalecer a resposta inflamatória inespecífica.

Esta remoção será feita de forma ineficiente e desastrosa. Isso não apenas impedirá que o vírus seja efetivamente removido, como também vai estender a lesão e a infecção a uma grande área do tecido. Pode então ocorrer até a necrose e a morte tecidual. Por este mecanismo muitas pneumonias evoluem para a falência pulmonar e morte.

ATENÇÃO: a desorganização da resposta imune pode levar à morte tecidual e a falência pulmonar e de múltiplos órgãos

A resposta imune específica tem um certo prazo para a eliminação do vírus, o que não ocorre pela resposta imune retardada, característica da resposta imune ao coronavírus. Este retardo faz com que após 96 horas a infecção viral esteja em plena multiplicação dentro das células do parênquima pulmonar, com evidente rarefação de células da resposta imune específica, os linfócitos.

Observamos que todos os pacientes com o coronavírus apresentam uma diminuição dos linfócitos e um aumento dos neutrófilos, achados estes que conflitam com o que ocorre nas viroses clássicas em que a resposta inata apresenta aumento dos linfócitos e uma diminuição dos neutrófilos e ativação imunológica específica normal, com rápido recrutamento de células destruidoras de vírus para os locais da inflamação viral.

ATENÇÃO: nos casos de infecção pelo coronavírus o sistema imune atua com resposta de defesa alterada

Com o passar do tempo na infecção pelo coronavírus não conseguimos uma resposta imune adequada ocorrendo então uma disseminação do coronavírus, resultando em maior risco de tempestades imunológicas, complicação de doenças graves e maior taxa de mortalidade. A mudança de resposta imunológica de leve para grave em pacientes com covid-19 pode ser consequência das tempestades imunológicas, causadas pela ineficiência da resposta imunológica específica.

ATENÇÃO: com a ausência

de uma resposta imune normal acarretada pelo próprio coronavírus, observamos um agravamento das lesões teciduais pela desorganização da resposta imunológica

Vale ressaltar que vários estudos mostraram que a idade média dos casos graves de infecção por covid-19 é superior a dos casos leves e é mais provável que seja acompanhada por outras doenças básicas. O tempo médio para chegar ao diagnóstico também é mais longo no idoso. Estes achados sugerem que idosos não consigam completar sua resposta imune específica ou exijam indução a longo prazo para desenvolver esta resposta imune eficaz, devido à degeneração da sua função de resposta imune. Com o passar do tempo só resta a ele a resposta inata. E esta resposta esta inibida nas infecções por coronavírus.

Um fator de complicação da resposta imune nos idosos é que eles naturalmente tendem a possuir uma redução dos linfócitos citotóxicos, especialmente em situações de estresse, natural ocorrência nas infecções, de qualquer natureza, principalmente de uma situação de alarme como a infecção pela covid-19. A depressão tão comum no idoso é outro fator de inibição dos linfócitos citotóxicos. Nesta idade a covid-19 é mais grave do que em qualquer outra idade.

ATENÇÃO: a infecção pelo coronavírus é mais grave nos idosos

O mesmo fenômeno de imunidade reduzida se observa na presença da imunossenescência, que se inicia no homem por volta dos 40 anos e está bem estabelecida após os 60 anos. Com o passar dos anos esta anormalidade de resposta imunológica se acentua, atingindo sua expressão máxima após os 80 anos. O estado de imunossenescência se caracteriza por ausência de atividade de resposta imunológica por desuso. Ou seja o sistema imune com o passar do tempo deixa de ser estimulado e sua reativação vai ser lenta.

ATENÇÃO:

a imunossenescência é

fator de agravamento para

a doença pelo coronavírus

Trata-se do inverso do que ocorre nas crianças que desde o nascimento têm estímulos permanentes ao sistema imune pelas inúmeras doses de vacinas que recebem por toda a infância, chegando a tomar mais de 100 aplicações de vacinas nos 10 primeiros anos de vida. Podemos dizer que esta "tempestade de vacinas" mantém o sistema imune em alerta e com suas células dos sistemas imunológicos de defesa, em constante atividade.

Outra ocorrência comum nas crianças e rara nos adultos são as frequentes diarreias e contaminações ao tubo digestivo, estimulando constantemente sua flora intestinal. Este estímulo à flora intestinal aumenta a resposta imune e mantém em alerta a resposta imune. Nesta fase etária é raríssima a infecção pelo coronavírus.

ATENÇÃO: as crianças têm um sistema imune em constante ativação e é raro contraírem o coronavírus

Com o passar do tempo, já na terceira década de vida, começamos a observar que doenças como hepatite A, hepatite B e tantas outras, passam a ocorrer por falta de imunização específica, pois são doenças preveníveis por vacinação. Nas décadas seguintes este problema se agrava e por falta de vacinação ocorrem doenças como difteria, herpes zoster, febre amarela, sarampo, HPV e outras. A falta de estímulos imunológicos acabam por caracterizar o estado de imunossenescência, mais grave quanto maior a idade.

ATENÇÃO: idosos e imunossuprimidos não podem ter infecção pelo coronavírus, onde ele se torna muito mais grave

Por um lado temos um coronavírus que nas suas ações específicas sobre o hospedeiro inibe sua resposta imune, mantém sua replicação, produz linfopenia, reduz e retarda a resposta inata e desencadeia toda a cascata patológica da doença covid-19.

Por outro lado temos um hospedeiro que pela idade e sua imunossenescência já tem problemas imunológicos que se caracterizam por depleção de linfócitos de defesa e baixa capacidade de resposta às agressões imunes e infecciosas. Ambas situações, tanto pelo coronavírus, como pelo hospedeiro, são concorrentes e a base do processo de resposta imune celular entra em falência. A covid-19 se estabelece de forma catastrófica.

Conclusão - Todas as terapias até hoje não têm surtido efeito pois não se consegue reativar a resposta imune, inibida pelo coronavírus, desde que ele se estabelece como infecção viral. O que se consegue hoje é o tratamento da falência dos múltiplos órgãos e principalmente dos pneumócitos, com pneumonia grave, tarefa difícil mas não impossível.

Pelos achados demonstrados pelas evidências imunopatológicas e clínicas observamos que esta infecção é rara na infância, por sua competência imunológica e frequente e grave no idoso, por sua incompetência imunológica (imunossenescência).

Uma proposta para combater esta incompetência imunológica seria o estabelecimento imediato de um esquema vacinal contra todos as doenças preveníveis por imunização, sem deixar de fazer a BCG. Ou seja siga o calendário de vacinação para os adultos e idosos. Faça isto de imediato se você tem mais de 60 anos e está na imunossenescência. Associado a esta medida preventiva para infecções, inicie também uma terapia agressiva com probióticos.

O BCG, as demais vacinas e os probióticos podem ativar os linfócitos citotóxicos deprimidos dos idosos e assim prevenir ou atenuar a covid-19. Mais pesquisas são indispensáveis para obtermos melhores respostas. As vacinas são nossa esperança de prevenção com sucesso garantido, mas estão ainda longe de estarem à nossa disposição para uso.