Por Redação
Inicialmente idealizado como um projeto contínuo e presencial de incentivo à leitura para as crianças da ilha de Paquetá, o Leitura Galopante dá a partida dia 21 de novembro ampliando seu alcance. Adaptado à pandemia, estreia em formato híbrido, no filme de 45 minutos que mistura contação de história e teatro mambembe.
Ancorado na narração (feita pela personagem Livramento) de textos originais de Conceição Campos sobre a vida e a obra de grandes escritores brasileiros, o projeto lança seu primeiro módulo fazendo homenagem mais que oportuna à Ruth Rocha – a escritora que mais vendeu livros infantis no país e que, em plena atividade, acaba de completar 90 anos de idade.
Contemplado pela Lei Aldir Blanc no Edital de Chamada Emergencial da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, o filme foi gravado na Casa José Bonifácio, em Paquetá. Dirigido por Fábio Enriquez e com trilha sonora original do bandolinista e compositor Pedro Amorim, o filme conta também com músicos da Orquestra Jovem Paquetá tocando ao vivo em algumas cenas. O resultado poderá ser visto a partir do dia 21 de novembro, às 17:00, no canal Livramento Conta no Youtube: https://www.youtube.com/livramentoconta
O conto original de Conceição Campos é narrado por Livramento – personagem que traz um livro na cabeça e a certeza de que ler liberta. Conduzindo a charrete da leitura junto com seu parceiro Colofão – raça rara de cavalo-leitor –, Livramento conta histórias delicadas e divertidas da vida e da obra da escritora brasileira Ruth Rocha. Para construir o conto, a autora e atriz Conceição Campos mescla episódios da vida de Ruth com referências a alguns de seus livros e personagens inesquecíveis. Além de se debruçar sobre a obra da homenageada, sua pesquisa se alicerça também em biografia e entrevistas dadas pela escritora ao longo de sua carreira.
Para narrar, a atriz se transforma na Livramento, personagem criada por ela em 2012. Além do livro que traz na cabeça, Livramento carrega histórias em alforjes e maletas, e com elas viaja o mundo na charrete conduzida por seu parceiro de aventuras, o cavalo Colofão. Em sua saia ela pendura cacarecos recolhidos no caminho: uma garrafa de náufrago, conchas, chaves e guizos. Um ninho caído da árvore, um pedaço de carta de amor. Penduricalhos de histórias que ela vai recontar, a seu modo, para quem quiser e onde for. Feliz de cumprir seu destino a cada vez que percebe (no olhar de alguém que lhe escuta) o brilho de um novo leitor.
Em seus 50 anos de carreira dedicados à literatura, Ruth Rocha publicou mais de 200 títulos, traduzidos em cerca de 25 idiomas. A escritora recebeu prêmios da Academia Brasileira de Letras, Associação Paulista dos Críticos de Arte, Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, além dos prêmios Santista, Fundação Bunge, Fundação Conrad Wessel, Comenda da Ordem do Mérito Cultural e oito prêmios Jabuti. O seu livro mais conhecido – Marcelo, Marmelo, Martelo – já vendeu mais de 12 milhões de exemplares no país.
A menina que um dia decidiu ler todos os livros do mundo, hoje tem seu nome batizando muitas bibliotecas do país. Apostando todas as fichas na irreverência, na independência, na poesia e no bom humor, seus textos fazem com que as crianças questionem o mundo e a si mesmas, além de ensinarem os adultos a ouvirem o que elas dizem – revelando o profundo respeito de Ruth Rocha pela infância.
Para pensar a leitura e a infância, o projeto também oferece, dentro de cada módulo, uma entrevista com escritores e educadores. No dia seguinte ao lançamento do filme “Ruth, a menina que riu dos reis”, Conceição Campos conversará com o premiadíssimo educador popular Tião Rocha sobre as nuances dos processos de leitura e aprendizagem, partindo sempre da pergunta que dá nome ao encontro: - Para que serve ler?
“Livro é brinquedo perfeito quando o texto que ele carrega respeita a imaginação de quem lê.”
Jornalista, escritora e contadora de histórias, autora da biografia A letra brasileira de Paulo César Pinheiro (416 p., finalista do Prêmio Jabuti) e de uma nova série de contos de assombrações amazônicas que, contemplados pela Bolsa Funarte de Criação Literária, serão publicados em três volumes pela Engenho Edições, dentro da Coleção À luz do candeeiro. A autora também vem escrevendo musicais em parceria com os compositores João Guilherme Ripper, Edino Krieger e Villani-Côrtes – uma trilogia de espetáculos da Casa de Artes Paquetá patrocinados pela Petrobras.
Trabalhando com literatura desde os anos 1990, intensificou as atividades de incentivo à leitura a partir de 2012, quando fez nascer sua Livramento - personagem narradora com quem desde então tem andado, apresentando-se em circuitos como o Literatura Viva (SESI-SP), o Simpósio Internacional de Contadores de Histórias e em diversos outros eventos por escolas, livrarias e bibliotecas do país, sempre contando para crianças e adultos as histórias da vida e da obra de autores brasileiros como Câmara Cascudo, Manoel de Barros, Ariano Suassuna e agora Ruth Rocha. Conceição estreia no teatro em 2017, com o espetáculo Livramento conta Cascudo, contemplado no Edital Paixão de Ler. Durante a pandemia produziu série de episódios curtos em que sua personagem conta histórias da vida e obra de Clarice Lispector.