Por Denise Emanuele Paz Carvalho
A artista visual Clarissa Barbosa, natural de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, embarca em uma jornada única que une arte, natureza e transformação social. Ela segue rumo ao Amazonas para integrar o projeto Palafita e Arte, uma iniciativa sociocultural que vai colorir as casas de palafita da comunidade ribeirinha de Boca da Valéria, nas margens do Rio Amazonas, próxima a Parintins.
Idealizado pelo artista Freyzer Andrade, fundador do Instituto Serra da Valéria, o projeto reúne artistas de diferentes partes do país com a missão de pintar fachadas das casas locais, criando uma galeria a céu aberto no coração da floresta. A inauguração oficial da exposição está marcada para o dia 12 de julho.
Clarissa, que foi convidada por sua professora de pintura, Liadora, se diz profundamente tocada pela proposta. “A possibilidade de usar a arte como agente de mudança, levando cor, representatividade e impacto cultural às comunidades ribeirinhas, me comoveu. É uma forma de escutar quem vive lá, de olhar para a Amazônia com respeito e refletir sobre os impactos do desmatamento, da caça e do tráfico de animais”, explica.
Será sua primeira vez na região, e a expectativa é grande: “Espero por um mergulho artístico, mental e cultural, e provavelmente um mergulho literal também”, brinca.
As casas pintadas receberão imagens de animais da fauna local ameaçados de extinção. Clarissa escolheu o gato-maracajá e o acari-da-pedra, um felino e um peixe. “Ambos são lindos, mas estão ameaçados pela ação humana: desmatamento, poluição dos rios, caça e pesca ilegal. Pintá-los nas casas é também um gesto de alerta e cuidado”, destaca.
A interação com os moradores é parte essencial da experiência: “Eles, muitas vezes, pintam junto com os artistas. É uma forma de colocar pessoas de fora do mundo da arte em contato com o fazer artístico — e, ao mesmo tempo, de criar vínculo real com a comunidade”, destaca.
Além de colaborar com a pintura das palafitas, Clarissa irá produzir telas autorais inspiradas na região, focando em animais, plantas e paisagens, além de fotografar extensivamente o local. “A floresta, a luz entre as árvores, os reflexos do rio, tudo isso me inspira. A fotografia entra como esboço, como composição e como arte final. É meu modo de documentar e me expressar.”
A artista também sonha em trazer os frutos dessa vivência para a Baixada Fluminense: “Gostaria de fazer essa conexão entre a Baixada e a Amazônia, mostrar com o meu olhar as belezas que vi, vivi e senti, trazendo um pouco de uma outra cultura do nosso país, tão diverso e rico, para cá”.
O projeto Palafita e Arte não apenas colore fachadas, ele ressignifica relações, entrelaça culturas e desperta o olhar poético para paisagens muitas vezes invisibilizadas. E uma dessas lentes vem direto da Baixada, por meio da sensibilidade de Clarissa.
Ela conta que pretende produzir quadros com referências fotográficas a partir dessa experiência. E divulgará tudo em suas redes sociais, tanto o processo quanto a arte finalizada. Acompanhe essa jornada no Instagram da artista: @clarissabarbosa.arte.