A literatura de Nova Iguaçu perdeu uma de suas maiores vozes. Morreu, na madrugada desta quinta-feira (3), aos 93 anos, a poeta Lírian Tabosa, nome essencial da cena cultural da Baixada Fluminense e referência de empoderamento feminino. A notícia abalou a comunidade artística local, que por décadas encontrou em sua obra e presença inspiração, coragem e lirismo.
Lírian nasceu em Limoeiro do Norte, no interior do Ceará, em 5 de abril de 1932. Ainda jovem, teve contato com a literatura e a poesia, mas foi em Nova Iguaçu, onde viveu as últimas décadas de sua vida, que se consolidou como símbolo cultural. Moradora do bairro Cabuçu, participou ativamente de saraus, encontros literários, movimentos culturais e foi, inclusive, homenageada como enredo pela escola de samba Império do Cabuçu.
Autora de obras como “De lá para cá – poemas e memórias”, “Lírian Tabosa versus Moduan Matus”, “O Quarto” e “Pequena Mostra Poética”, Lírian era conhecida por sua escrita intensa, sensível e engajada. Não gostava de ser chamada de “poetisa”, pois, preferia “poeta”, título que carregava com convicção e dignidade.
Sua figura foi admirada não apenas pelo talento literário, mas pela postura firme diante da vida. Lírian era a representação viva da mulher que enfrenta o tempo, o machismo e as limitações com inteligência, ironia e afeto. Nos últimos meses, enfrentava problemas de saúde relacionados à idade, mas seguia ativa até onde o corpo permitia.
A Secretaria Municipal de Cultura de Nova Iguaçu e a Fundação Educacional e Cultural de Nova Iguaçu (Fenig) emitiram notas de pesar, assim como artistas, coletivos e lideranças culturais da Baixada. Entre os versos que marcaram sua trajetória, um samba-enredo a definiu com perfeição:
“Se lembrasse uma poesia, seria Lírian Tabosa.”
Seu legado permanece pulsando em cada verso, em cada mulher que se vê representada em sua coragem e delicadeza.
Por Gazeta Rio/Micheli Faria
Lírian Tabosa, voz poética da Baixada e símbolo de empoderamento feminino, morre aos 93 anos
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