Espetáculo teatral "Velocidade" encerra temporada no CCBB RJ neste fim de semana

- Foto: Divulgação

Cultura
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O espetáculo Velocidade encerra sua temporada neste final de semana, com
apresentações até domingo, 13 de julho, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de
Janeiro (CCBB RJ). A décima criação do grupo mineiro Quatroloscinco – Teatro do
Comum convida o público a refletir sobre a possibilidade de desacelerar o tempo. As
sessões acontecem no Teatro I, de quarta a sábado, às 19h, e domingo, às 18h. O
projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Banco do Brasil, por meio da Lei
Federal de Incentivo à Cultura.
Em um mundo cada vez mais utilitarista, consumista e hiperconectado, onde
distâncias, durações, memórias e relações se reduzem e se virtualizam, Velocidade se
ergue como um manifesto contra a pressa, a urgência e a obsessão pelo futuro.
Estruturada em forma de livro – com capa, prefácio, dedicatória, sete partes e verso da
capa – a peça questiona o ritmo imposto pela vida contemporânea e propõe outra

relação com o tempo. Escrito por Assis Benevenuto e Marcos Coletta, e dirigido pelo
cineasta Ricardo Alves Jr. e Ítalo Laureano, o espetáculo reúne em cena Rejane Faria,
Michele Bernardino, Ítalo Laureano, Marcos Coletta e Assis Benevenuto.
"A peça começa com um áudio de seis minutos que o espectador ouve no escuro.
Esse é o nosso convite inicial para desacelerar, baixar a bola, deixar o tempo
decantar, desafiar a ansiedade, habitar outro tempo da imagem”, adianta Coletta.
A inspiração surgiu a partir do ensaio “Notas sobre os doentes de velocidade”, da
autora mexicana Vivian Abenshushan, e se ampliou em diálogo com outras
referências, como o livro Oráculo da Noite, de Sidarta Ribeiro, textos de Paul Preciado
e o filme Poesia Sem Fim, de Jodorowsky. O resultado é uma dramaturgia concebida
como uma peça-livro-sonho, que abandona a linearidade e se constrói por imagens,
rastros de memória e lapsos entre o real e o imaginado. Cada cena convida o público
a suspender a lógica do imediato e experimentar outras durações, ruídos e silêncios.
“Não nos prendemos a uma história linear ou à lógica dramática. É uma peça mais
onírica, poética, onde brincamos de acelerar e dilatar o tempo”, explica o ator.
A pesquisa cênica retoma a parceria com o cineasta Ricardo Alves Jr., mas,
diferentemente de trabalhos anteriores como Luz e Neblina (2024) e Tragédia (2019),
não há projeções nem câmeras em cena. A presença dos corpos dos atores e o
tratamento da luz e do som evocam o cinema por outros caminhos: pela atmosfera,
pelo ritmo, pelos cortes. A trilha sonora original de Barulhista e a elogiada iluminação
de Marina Arthuzzi reforçam o caráter sensorial da encenação.
Os diretores de arte, Luiz Dias e Carol Manso, trouxeram para o palco uma mesa
central que funciona como página, onde os títulos dos quadros são escritos e
apresentados ao público. O cenário, os objetos e os figurinos assumem diferentes
funções, ganhando novos significados ou sumindo a cada sequência. Para Assis
Benevenuto, essa dinâmica está diretamente ligada ao conceito que estrutura o
espetáculo: “Essa ideia de uma peça-livro-sonho necessita que o espaço, os figurinos
e os objetos de cena possam ser transformados. Não pode ser aquele cenário fixo,
pesado, que imprime apenas uma ideia”.
Em um dos capítulos, intitulado Queda Livre, cinco bonecos de madeira com cerca de
50 cm de altura, confeccionados pelo artista Agnaldo Pinho, representam versões
miniaturizadas dos próprios atores e entrevistam seus duplos em um talk-show
absurdo. “É uma cena veloz, em que os bonecos são mais sagazes do que nós”,
comenta Benevenuto. Segundo Laureano, o foco não é o teatro de bonecos em si,
mas o efeito de ver os atores como avatares, espelhos e objetos ficcionalizados.
A direção de movimento é assinada por Kenia Dias e fortalece a ideia de coralidade e
corpo coletivo, um traço importante do trabalho do grupo. A aposta em cinco
intérpretes em cena reafirma o compromisso do Quatroloscinco com o teatro de grupo
e com a força do trabalho colaborativo, num momento em que os palcos têm sido
ocupados majoritariamente por solos e duplas.

Sinopse:
Como subverter o tempo e a duração das coisas a partir da arte? O décimo espetáculo
do Grupo Quatroloscinco, "Velocidade", convida o espectador a repensar nossa
relação com o tempo na vida contemporânea. A peça se estrutura como as partes de
um livro: capa, prefácio, dedicatória, sete capítulos e verso da capa. Situações

diversas e sobrepostas abordam a percepção humana do tempo a partir de relações
familiares e de trabalho, rotina de vida, memórias de infância, sonhos recuperados e a
incerteza do futuro. Dramaturgia e encenação constroem uma peça-livro-sonho que
afirma o teatro como uma máquina de desacelerar o tempo.


Grupo Quatroloscinco Teatro do Comum
Com 18 anos de trajetória, o Grupo Quatroloscinco mantém trabalho continuado de
pesquisa e prática teatral, baseado na criação coletiva e autoral sob uma estética
contemporânea. O grupo busca uma cena centrada no jogo entre os atores, na relação
com o texto e no encontro com o espectador. Surgido como um coletivo de pesquisa
de alunos de Teatro da UFMG, o Quatroloscinco se profissionalizou e se tornou um
dos mais respeitados nomes do teatro mineiro, conquistando prêmios, circulando em
dezenas de festivais e realizando ações em 95 cidades de 21 estados do país, além
de Cuba, Uruguai e Argentina. Criou as peças “Velocidade”, “Luz e Neblina”,
“Apossinarmológuissi”, “Tragédia”, “Fauna”, “Ignorância”, “Humor”, “Get Out!”, “Outro
Lado” e “É só uma Formalidade”, que receberam 12 prêmios e 23 indicações. Também
publicou seis livros com a dramaturgia de seus espetáculos.

Assis Benevenuto – autor e atuação
Nascido em 1982, em Belo Horizonte, MG. Doutor e mestre em Estudos Literários pela
Faculdade de Letras da UFMG. Graduado em Letras pela UFMG. Ator formado pelo
Centro de Formação Artística do Palácio das Artes. Realizou estudos em Dramaturgia
na Universidad Nacional de Las Artes (Buenos Aires, 2017). Trabalha como ator,
diretor, dramaturgo, improvisador, poeta e pesquisador. Cocriador e coordenador
editorial da Editora Javali, especializada em livros de teatro e cinema. Integrante do
Grupo Quatroloscinco desde 2009. Integrou o Grupo Espanca! como ator e
dramaturgo convidado (2009-2018). Escreveu e dirigiu espetáculos para diversos
coletivos teatrais de Belo Horizonte. Coordenou o Ateliê de Dramaturgia/BH e o
Núcleo de Pesquisa em Dramaturgia do Galpão Cine Horto (2013-2015). Traduziu as
peças “Litoral”, de Wajdi Mouawad; “Escola”, de Guillermo Calderón; “Ñuke”, de David
Arancibia; “Adiós Rohejata”, de Natalia Santos, e “Máta-me, por favor”, de Eduardo
Calla. Foi um dos curadores do Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte/FIT-
BH, em 2024.

Ítalo Laureano – direção e atuação
Nascido em 1983, em Bom Despacho, MG. Ator formado pelo Curso Técnico de
Formação de Atores do Teatro Universitário da UFMG e graduado em Licenciatura em
Teatro pela UFMG. Desenvolve trabalhos como ator, diretor e produtor cultural.
Cofundador do Grupo Quatroloscinco. Foi ator convidado da Cia. Drástica de Artes
Cênicas. Trabalhou como produtor cultural na Agentz Produções e em importantes
festivais, como Festival Mundial de Circo, FIMPRO - Festival Internacional de
Improvisação, Festival de Performance de BH e FIT-BH - Festival Internacional de
Teatro de Belo Horizonte. Lecionou no Curso de Produção Cultural do Senac Minas
em 2017. No audiovisual, atuou em séries, telenovelas, curtas e médias-metragens,

tais como "Bom Sucesso" (Rede Globo, 2019); "Espelho da Vida" (Rede Globo, 2018);
"No Coração do Mundo" (Filmes de Plástico, 2019); "Santino e o Bilhete Premiado"
(Globo Filmes, 2016) e "Azul Celeste" (Dromedário Filmes, 2022).

Marcos Coletta - autor e atuação
Nascido em 1987, em Belo Horizonte, MG. Doutor em Artes da Cena e Mestre em
Artes, ambos pela EBA/UFMG. Graduado em Licenciatura em Teatro pela UFMG e
formado pelo Curso Técnico de Formação de Atores do Teatro Universitário da UFMG.
Desenvolve trabalhos como ator, diretor, dramaturgo e pesquisador. Cofundador do
Grupo Quatroloscinco. Integrou o Mayombe Grupo de Teatro, a Uma Companhia de
Improvisação e foi ator convidado da Cia. Drástica de Artes Cênicas. É autor de textos
teatrais para outros grupos e coletivos mineiros, como Os Conectores, Plataforma
Beijo, Grupo Trama, Cefart/Palácio das Artes, Conexão Galpão e Cia. Luna Lunera.
Possui 7 textos teatrais e um livro de poesia publicados. Realizou workshops e
orientações de dramaturgia para espetáculos de formatura do Cefart e do Teatro
Universitário da UFMG. Integra a equipe do Centro Cultural Galpão Cine Horto, onde
coordena o Centro de Pesquisa e Memória do Teatro. É membro do conselho editorial
da Editora Javali. Foi coordenador pedagógico do Festival Internacional de Teatro de
Belo Horizonte/FIT-BH, em 2024.

Ricardo Alves Jr - direção
Nascido em Belo Horizonte, Brasil, em 1982, Ricardo Alves Jr. é cineasta, produtor e
diretor de teatro. É diretor dos filmes “Elon Não Acredita na Morte”, “Vaga Carne”,
“Tudo o que Você Podia Ser”, dentre outros. Seus filmes foram exibidos em
prestigiados festivais internacionais, como Festival de Cannes, Berlinale, Rotterdam,
Locarno, FIDMarseille, IndieLisboa, Festival do Rio e Festival de Brasília. No teatro,
dirigiu espetáculos como Eclipse Solar, Cine Splendid e Azul (coprodução
Brasil/Paraguai), Tragédia e Luz e Neblina, com o grupo Quatroloscinco. Também foi
responsável pelo espetáculo Marku Musical, apresentado nos CCBBs BH, RJ e SP.

Ficha Técnica
Atuação: Assis Benevenuto, Ítalo Laureano, Marcos Coletta, Michele Bernardino e
Rejane Faria
Direção: Ítalo Laureano e Ricardo Alves Jr.
Dramaturgia: Assis Benevenuto e Marcos Coletta
Direção de arte: Luiz Dias
Figurino: Caroline Manso
Assistência de cenografia: Bárbara de Freitas
Criação de luz: Marina Arthuzzi
Consultoria de iluminação: Rodrigo Marçal
Trilha sonora: Barulhista

Composição das músicas ao vivo: Marcos Coletta e Michele Bernardino
Sonorização: Daniel Nunes
Operação de som: Daniel Nunes e Adriel Parreira
Orientação de movimento: Kenia Dias
Orientação vocal: Ana Hadad
Assistência de Produção: Yasmine Rodrigues
Estágio de Produção: Joana Luz
Produção local RJ: Amanda Dias Leite
Design gráfico: Bianca Perdigão
Bonecos: Agnaldo Pinho
Cenotécnica: Helvécio Izabel
Observação de processo: Fernando Dornas
Preparação e tradução da cena em Libras: Dinalva Andrade
Assessoria de imprensa: Lyvia Rodrigues | Aquela Que Divulga
Edição de teasers: Leonardo Alcântara - Projeto Ande
Gestão de projeto: Trama Gestão e Produção
Produção: Grupo Quatroloscinco Teatro do Comum

Serviço
Temporada: 18 de junho a 13 de julho de 2025
Quando: de quarta a sábado, 19h e domingo, 18h.
Duração: 100 minutos
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (Meia) - disponíveis na bilheteria física ou no site do CCBB
(bb.com.br/cultura)?
Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia entrada?
Local: Centro Cultural Banco do Brasil - Teatro I
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 - Centro, Rio de Janeiro (RJ)
Tel. (21) 3808-2020?| [email protected]?
Informações sobre programação, acessibilidade, estacionamento e outros
serviços:?bb.com.br/cultura?
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