Conheça as principais propostas de Andrés Rueda, candidato da Chapa 4 na eleição do Santos

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Andrés Rueda é o candidato da Chapa 4, “União pelo Santos”, na eleição marcada para 12 de dezembro. O conselheiro tem 64 anos, é matemático e empresário aposentado.
TV Gazeta e gazetaesportiva.com entrevistaram todos os candidatos do Peixe. As perguntas foram as mesmas e o vídeo pode ser assistido na integra abaixo.

Abaixo, leia as perguntas e respostas:

Quais são os principais projetos para o departamento de futebol profissional do Santos?
A gente não tem projeto específico para o futebol profissional. Futebol é uma coisa só, desde futsal e base e termina no profissional. Temos projetos muito claros de implantar metodologias e processos dentro do futebol como um todo. Santos não tem processos em área alguma, desde recebimento de material até captação de jogadores para a base. É prioritário montar uma infraestrutura onde esteja muito claro o que a gente espera de cada área, tanto na base quanto no profissional. Traçar perfis de gestores, ter muito claro as áreas que vão compor nosso departamento técnico, de cada responsável pela área. E processos claros e transparentes. Quando se há processos, se pode auditar, saber se estão sendo feitas da maneira que devem ser feitas. Com isso, se deixa um legado. Com isso claro e objetivo, as próximas gestões não vão começar do zero. Simplesmente vão ter modo de operar do clube e implementar melhorias, mas nunca rasgar o que está pronto ou começar do zero. É um grande projeto como estrutura operacional para o futebol.
Quais são as principais ideias para categorias de base e futebol feminino?
A nossa categoria de base e feminino acontecem porque têm que acontecer. Raio cai porque caiu. Feminino tem bom comportamento em campeonatos mesmo sem planejamento. Esperam o que vai acontecer, não são donos da situação. Nossa base foi desmantelada. Não tem processo de captar jogador, acabaram com os olheiros espalhados com critérios, trazendo molecada para a peneira. Tudo. Desde a parte técnica e física. Isso é fundamental, tanto na base quanto no feminino. Voltar a ter um jeito de gerir o carimbo Santos. Só assim se dá continuidade e colher bons frutos no final, sem ficar à mercê do gerente de plantão. Se gerente é bom, resultados são bons. Se não é tão bom, resultados péssimos. Não é assim, temos que planejar com metas, sabendo o que se espera no clube dentro de todo esse processo.
Eu queria que você comentasse sobre a Vila Belmiro e projeto de arena. Qual é o futuro do Santos em termos de estrutura?
A nossa casa, a Vila Belmiro, infelizmente está bem pior do que no começo da pandemia. Foram iniciadas obras e não terminadas, problema sério de infiltração que presidente Rollo tenta sanar. Estado atual é pior do que antes da pandemia, que não era dos mais desejáveis. Projeto da WTorre nos agrada muito. Pretendemos levar o Santos a um dos principais players da indústria do entretenimento no futebol. Não é só a partida, a torcida nova tem ânsia por conteúdo e informações do clube, dividir espaços, convivência. Molecada fica 12 horas no computador ou celular ou não tem paciência para 90 minutos de um jogo. Temos que ter uma visão de futuro de médio e longo prazo, do Santos se transformar em um player na indústria de entretenimento. Para isso precisa ter uma arena. WTorre é aderente ao que imaginamos, moderno, tecnologia, estacionamento, restaurante, área de convivência. Projeto consistente. Perto da eleição sempre aparecem projetos de estádios novos, há alguns meses foi apresentado uma maquete no estádio, que foi deixada para lá. Bola da vez é WTorre, uma empresa que existe, com bom currículo, tem o que mostrar. Não é projeto ou papel. Projeto é muito aderente. Há muita coisa no aspecto comercial que Santos e construtora têm que acertar. Projeto que vai amarrar o Santos por 25 ou 30 anos a um modelo definido agora. Santos, por um lado, e construtora, por outro, podem chegar a um denominador comum. Na infraestrutura da base, temos nada. Chamar o Meninos da Vila de CT é vergonhoso. Com essa situação financeira, é um impeditivo, sim. Não adianta fingir, não há dinheiro. Deixamos claro em orçamentos sobre divisão de despesas ordinárias e destinação de receitas extraordinárias – venda de jogador e televisão. Com verba destinada, pensamos em CT de primeiro mundo para base e feminino. Com campos, hotelaria, infraestrutura, alimentação. É o mínimo que podemos fazer se a base é o sustentáculo do Santos no campo esportivo e financeiro. Você tem que planejar gerar craques, não esperar que os raios caiam. Entre um raio e outro pode demorar ou nem chegar. Temos que criar condições para isso acontecer com mais frequência.
Você pode resumir sua trajetória profissional e também a experiência no próprio Santos?
Trabalho desde os 15 anos, sempre na área de informática. Programador, analista, gerente. IPT, empresas de pesquisa, Bradesco. Até que fui para bolsa de valores e BMF (Bolsa Mercantil de Futuros). E por 20 anos fui diretor de tecnologia das bolsas, acumulando por três ou quatro anos a diretoria. Fui gestor de governança, de ISO. Em 2000 fui para carreira solo, criei empresa de tecnologia voltada para atendimento. Empresa que chegou a ter seis mil funcionários, com faturamento de R$ 350 ou R$ 400 milhões por ano, próximo do faturamento do nosso clube. E no ano passado resolvi descansar. Tive a felicidade de vender a empresa em janeiro de 2019. Queria descansar, aproveitar a família, mas vendo a situação do Santos me vi na obrigação de ceder para o clube meu tempo e expertise de gestão em todo esse período profissional. Foi um dos motivos para ser candidato. Tenho tempo e acredito ter expertise de gestão. No Santos, participei de dois Comitê de Gestão, seis meses no Modesto e seis no Peres. Implantei alguns projetos. Quando vi que tinha coisa errada, não no sentido ortodoxo da palavra, resolvi sair. Fiz as devidas denúncias no Conselho Deliberativo. Fui candidato em 2017, no segundo lugar. Diferença de cerca de 100 votos para o Peres. E buscamos agora a presidência do clube, apoiado por corpo técnico muito forte. Gestor só, presidente só, não consegue enfrentar essa situação. Temos Walter Schalka, presidente da Suzano, Berenguer, presidente da XP, e outras pessoas de nome, que podem dar suporte para o Santos fazer o que tem que fazer. Todos sabem o que precisa ser feito. É só pegar os planos de gestão das últimas eleições. Retrofit, ajeitar despesa com receita. Renegociar dívida e tal. Mas ninguém fez. Agora temos equipe que grande diferencial é a experiência em fazer isso. Currículo de executores, não de vendedores de ilusão. É isso que a gente se propõe.
Como conciliar a busca por títulos com a diminuição das dívidas? É momento de fazer algo semelhante ao Flamengo do Bandeira e focar na parte financeira?
Não existe ser presidente do Santos sem dedicação total. No mínimo das 9h às 22h de segunda a semana sem fim de semana e feriados. Clube requer. Eu estava disposto em 2017, tinha estrutura na empresa para suportar. Mas ficaria com essa preocupação, agora não. Tenho todo o tempo, moro em Santos há algum tempo. Quando tinha vida profissional, morava em São Paulo e passava meu tempo de lazer em Santos. Agora moro em Santos, com disponibilidade 100% e dedicação total. Não dá para tocar um Santos fazendo outra coisa. Não existe. E nem tocar o clube longe da sua sede. Não tem como tocar o clube de São Paulo ou outro local. Presença dos executivos é importante junto ao quadro profissional do clube. As pessoas rotulam administrações. O que o Bandeira fez? Petraglia? De certa maneira o Palmeiras? Não tiveram ideias revolucionárias. Fizeram o que tinha que ser feito. Têm méritos, o simples pode não ser fácil. Adequaram despesa com receita e deram um jeito de renegociar ou reescalonar as dívidas. Com esse espaço para respirar, começaram a engrenar as coisas. Dívida do Santos é de aproximadamente R$ 700 milhões. A curto prazo é muito alta. O que tem que ser feito é adequar despesa com receita, acabar com dívida trabalhista de quase R$ 120 milhões. Ir ao Ministério do Trabalho, dizer que quer pagar e fazer acordo. É possível, Flamengo fez. Dívida tributária é assustadora. Dívidas se acumulam, precisamos sentar, negociar, adequar. Voltar a ter credibilidade no mercado, que só existe honrando compromissos. E isso só pode ser feito com receita igual ou maior que a despesa.
Muito se fala sobre aumentar o número de sócios, mas na prática o número se mantém, há poucos benefícios para quem mora perto de Santos e praticamente nenhum para quem mora longe. O que você pensa sobre programa de sócios atual?
O Santos, infelizmente, acabou se afastando dos pares. Do sócio, da torcida, dos seus ídolos, dos jogadores, da imprensa. Na verdade, criou-se um clima… Dívida é financeira, moral e até ética. Sócio reclama muito do atendimento, torcida reclama muito do atendimento que o clube dá. Pô, ninguém tem a capacidade de ir até o sócio para saber o que querem. Se vou produzir garrafa vermelha, antes eu preciso ir no cliente saber a cor. De repente gosta de azul e produto não serve. É padrão entre empresa e cliente. Sócio é cliente e dono, torcida também. Primeira coisa é ir até eles e saber o que esperam de melhor no clube. E aí cabe ao executivo abrir projetos para melhorar o atendimento. Com a tecnologia, é fácil ter canal rápido. Eu até brinco: nossa chapa em 15 dias fez aplicativo com informações, projetos e vídeos, e com um cantinho de enquete. Colocamos pergunta e sócio entra e responde. Uma chapa fez em 15 dias. O Santos também tem que fazer, é vergonhoso. Quanto ao relacionamento de sócios, muito se fala e pouco se faz. Qualquer empresa com clientes precisa saber que o produto disponibilizado é de agrado deles. Tenho que ir no sócio perguntar o que gostaria de ter a mais e quais condições tornariam um sócio satisfeito, da mesma forma a torcida. Precisamos entender o que querem. Uma vez feito isso, é obrigação do executivo executar projetos. Eu prefiro, independentemente da pandemia, 20 mil reais de renda negativa, prejuízo, com estádio lotado, do que R$ 30 mil positivo com estádio pela metade. Torcida precisa abraçar o clube. É importante escutar a torcida, mais do que Comitê de Gestão opinar. Só dessa maneira vamos aumentar quadro de sócios, com torcida cada vez mais perto do clube.
O início da gestão será diferente dessa vez porque campeonatos estarão em andamento. Quais serão as prioridades no início do mandato?
Prioridade máxima do clube é a parte financeira. Temos dívida a curtíssimo prazo, com folha de pagamento, punição de Fifa, e precisamos resolver. É a prioridade. Sem isso, clube fica sufocado, não contrata e etc. Precisamos ter essa tranquilidade antes. Temos que equacionar a dívida para poder ter fôlego e começar a fazer o resto.
Andrés Rueda concorre pela chapa 4 (Foto: Divulgação)
Quais são suas principais ideias em relação ao marketing? Muitos resumem o departamento ao patrocínio máster vago, mas o Santos parece explorar pouco sua marca…
São duas coisas distintas. Pessoal confunde marketing com área comercial de captação de patrocínios. Existe tendência de marketing ser bom quando tem patrocínio. Quando não tem máster, não presta. E não é isso, são coisas distintas. Área comercial atrai patrocinadores e marketing voltado para proteger e elevar a marca. É a primeira função do marketing. Ajuda em patrocinadores, licenciamento. As últimas gestões fizeram de tudo para afetar a marca Santos. De tudo. O nome Santos sempre colocado nas páginas policiais com pedofilia, jogador que sai sem salário, presidente que briga com vice, jogador contratado com acusação, Santos nas manchetes como caloteiro na Fifa. Uma das principais funções do marketing, ainda mais no começo, é limpar isso. Santos sempre foi associado à modernidade, coisa jovem e para frente, e hoje ficou maculado um pouco com essas coisas negativas. Temos que ter credibilidade. E credibilidade não se compra e nem obrigar por decreto. São ações. Marketing tem que melhorar essa imagem, mostrar que o Santos honra compromissos, que trabalha de forma transparente, e só com isso vamos voltar ao lugar que nunca deveríamos ter saído. Dá vergonha e dá raiva o que essas gestões fazem com o Santos.
Como avalia a atual situação administrativa do Santos? Pergunto sobre Comitê de Gestão não remunerado, Conselho Deliberativo… Acredita que o clube precisa de mudanças no seu regime atual e estatuto social?
Nosso estatuto é moderno dentro do possível, bem alinhado com práticas de gestão, mas tem um pequeno problema: é falho na parte de punição dos envolvidos. Falha muito na hora de punir quem não cumpre o que o próprio estatuto manda. Estatuto tem que ser melhorado, sim. Sou totalmente favorável à governança corporativa, talvez com menos gestores. Mas quanto mais gente pensa, a solução costuma ser melhor. Pensando nisso, estrutura não existe. Temos organograma que foi orientação de quando estatuto foi lançado. Organograma que não é seguido, não sabemos áreas e quem é quem, sem política de avaliação profissional. Temos que ter um organograma moderno e transparente, com pessoa certa no lugar certo, remuneração condizente da região e expectativa de carreira. Separar área profissional e política, sem troca de cargos por causa da eleição. Queremos quebrar de todas as formas. Profissional é profissional, área política é área política. Queremos deixar um legado, algo bem diferente de como vamos encontrar.