O escândalo de jogadores envolvidos em um esquema de manipulação de partidas em apostas está ganhando uma proporção maior. Na tarde desta quarta-feira, uma nova lista com jogadores que foram citados por apostadores foi revelada pelo jornal "O Globo". Nomes de mais atletas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro foram revelados como o atacante Maurício, do Internacional, o também atacante Alef Manga, do Coritiba, e o zagueiro equatoriano Leo Realpe, do Red Bull Bragantino.
Ao contrário do que aconteceu com 16 pessoas - entre elas sete jogadores - que tiveram a denúncia feita pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) aceita pela Justiça na terça-feira, esses atletas não são necessariamente investigados, denunciados ou suspeitos. Estas são apenas citações dos apostadores reveladas em "prints" investigados pela Operação Penalidade Máxima 2.
Nas conversas obtidas pela investigação, os apostadores falam de "nomes certos", pagamentos, especulam nomes de outros jogadores e pedem sigilo. Dois dos investigados são Bruno Lopez de Moura, apontado como o chefe do esquema pelo MP-GO que aparece como "BL", e Thiago Chambó, um dos principais financiadores do grupo que é identificado como TH CH.
Outros nomes que aparecem nessa nova lista são: Diego Porfírio (hoje no Guarani), Bryan García (Athletico-PR), Max Alves (Colorado Rapids-EUA), Rafael Vaz (São Bernardo), Thonny Anderson (hoje na Ferroviária), Jesus Trindade (Coritiba), Auremir (CRB), Sidcley (CSKA Sofia-BUL), Zeca (hoje no Vitória) e Matheus Vargas (atualmente no Sport).
Entenda o caso
A Justiça aceitou nesta terça-feira a denúncia do Ministério Público de Goiás contra os investigados na Operação Penalidade Máxima II. Ao todo, 16 pessoas - sete jogadores - estão sendo investigadas de participar de um grande esquema de manipulações de jogos. A informação foi inicialmente divulgada pela Veja.São investigados oito jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de 2022, um da Série B de 2022 e quatro de campeonatos estaduais realizados em 2023.
"Trata-se de atuação especializada visando ao aliciamento e cooptação de atletas profissionais para, mediante contraprestação financeira, assegurar a prática de determinados eventos em partidas oficiais de futebol e, com isso, garantir o êxito em elevadas apostas esportivas feitas pelo grupo criminoso em casas do ramo", escreveram os promotores. "O grupo se vale, ainda, de inúmeras contas de terceiros para aumentar seus lucros, ocultar reais beneficiários e registra a atuação de intermediadores para identificar, fornecer e realizar contatos com jogadores dispostos a praticar as corrupções", acrescentaram.
Dentre os jogos suspeitos, estão listados dois do Palmeiras (contra Juventude e Cuiabá, pelo Brasileirão de 2022), dois do Santos (contra Avaí e Botafogo) e dois do RB Bragantino (contra América-MG e Portuguesa). No entanto, vale destacar que nenhum atleta do Verdão é alvo da investigação; do Peixe e do Massa Bruta, sim.
Eduardo Bauermann, do Santos, é um dos citados por supostamente ter recebido R$ 50 mil para levar um cartão amarelo contra o Avaí, não cumprir e, na rodada seguinte — contra o Botafogo —, ser expulso. O zagueiro foi afastado dos treinos do clube nesta terça-feira.
Além do santista, outros seis jogadores viraram réus. São eles: Fernando Neto (atualmente no São Bernardo), Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Igor Cariús (Sport), Matheus Gomes (Sergipe), Paulo Miranda (Náutico) e Victor Ramos (Chapecoense).
Completam a lista Bruno Lopez de Moura (BL), Ícaro Fernando Calixto dos Santos, Luís Felipe Rodrigues de Castro (LF), Victor Yamasaki Fernandes (Vitinho), Zildo Peixoto Neto, Thiago Chambó Andrade, Romário Hugo dos Santos (Romarinho), William de Oliveira Souza (Mclaren) e Victor Ramos Ferreira, apostadores e membros da organização.
O MP-GO quer, além da condenação dos envolvidos, um ressarcimento estimado em R$ 2 milhões aos cofres públicos para reparar os danos morais coletivos causados pelos denunciados. A entidade defende que o valor deverá ser atribuído globalmente, de forma solidária, a todos os réus.
"O parâmetro utilizado para a definição do valor refere-se a uma das expectativas de lucro do grupo criminoso com a utilização de dezenas de contas que foram empregadas nas apostas manipuladas descritas na denúncia", diz o MP-GO.
Confira a lista de jogos e atletas que são alvos do MP-GO:
Palmeiras x Juventude (10/9/2022) — Promessa de pagamento de R$ 30 mil, com R$ 5 mil entregues antes da partida para que Moraes levasse cartão amarelo. O jogador foi, realmente, advertido no confronto.Juventude x Fortaleza (17/9/2022) — Promessa de pagamento de R$ 60 mil, com R$ 5 mil entregues antes do jogo para que Gabriel Tota repassasse a quantia para Paulo Miranda — para que este último fosse advertido com amarelo no jogo, o que de fato ocorreu.
Goiás x Juventude (5/11/2022) — Promessa de pagamento de R$ 50 mil, com R$ 20 mil pagos de sinal, para que Moraes tomasse cartão amarelo. Ao mesmo tempo, promessa de R$ 50 mil, com R$ 10 mil pagos antecipadamente, para Paulo Miranda tomar cartão. Romário Hugo do Santos depositou na conta de Gabriel Tota, que deveria fazer o repasse ao zagueiro
Ceará x Cuiabá (16/10/2022) — Promessa de pagamento de valor ainda não precisado, mas sinal de R$ 5 mil realizado para Igor Cariús tomasse cartão amarelo, o que aconteceu.
Sport x Operário-PR (28/10/2022) — Promessa de pagamento de R$ 500 mil, com R$ 40 mil pagos antes do jogo, para Fernando Neto tomar um cartão vermelho na partida — o que não aconteceu.
Red Bull Bragantino x América-MG (5/11/2022) — Promessa de pagamento: R$ 70 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 30 mil. Propósito: Kevin Lomónaco tomar cartão amarelo, o que aconteceu.
Santos x Avaí (5/11/2022) — Promessa de pagamento: não precisado. Sinal pago antes do jogo: R$ 50 mil. Propósito: Eduardo Bauermann tomar cartão amarelo, o que não ocorreu.
Botafogo x Santos (10/11/2022) — Bauermann aceitou os valores do jogo contra o Avaí e não cumpriu sua parte no acordo. Assim, aceitou nova promessa de valores indevidos para ser expulso contra o Fogão, o que aconteceu. Segundo relato da súmula, Bauermann tomou o cartão vermelho após o apito final, por reclamações hostis e repetitivas à arbitragem.
Palmeiras x Cuiabá (6/11/2022) — Promessa de pagamento: R$ 60 mil. Propósito: Igor Cariús tomar cartão amarelo.
Guarani x Portuguesa (8/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 100 mil. Propósito: Victor Ramos cometer um pênalti. Como Bruno, Ícaro e Zildo — três dos denunciados pelo MP-GO — não encontraram outros jogadores para manipulação na mesma rodada, não houve pagamento de sinal nem aposta efetivamente realizada.
Red Bull Bragantino x Portuguesa (21/1/2023) — Promessa de pagamento: R$ 200 mil. Propósito: Kevin Lomónaco cometer pênalti no primeiro tempo. O jogador não aceitou o acordo.
Bento Gonçalves x Novo Hamburgo (11/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 80 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 5 mil. Propósito: Nikolas cometer pênalti, o que aconteceu.
Caxias x São Luiz (12/2/2023) — Promessa de pagamento: R$ 70 mil. Sinal pago antes do jogo: R$ 30 mil. Propósito: Jarro Pedroso cometer pênalti no primeiro tempo, o que aconteceu.
Novos jogadores são citados em esquema de manipulação de partidas em apostas

Futebol brasileiro está em alerta com esquema de manipulação de partidas em apostas - Foto: Rebeca Reis / Staff Images Woman / CBF
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