Carlo Ancelotti é Condenado a um Ano de Prisão por Fraude Fiscal na Espanha

Imagem Gazeta Rio/Ricardo Bernardes - Foto: .

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O técnico da seleção brasileira, Carlo Ancelotti, foi condenado nesta quarta-feira (9) pela Justiça da Espanha a uma pena de um ano de prisão por fraude fiscal, um processo que se refere à omissão no pagamento de impostos sobre rendimentos de direitos de imagem recebidos em 2014, quando ainda era treinador do Real Madrid. A sentença foi proferida pela 30ª Seção da Audiência Provincial de Madri, e, apesar da condenação, o italiano dificilmente cumprirá pena em regime fechado, já que a legislação espanhola prevê que sentenças inferiores a dois anos, para crimes não violentos e sem antecedentes criminais, não exigem prisão efetiva.

De acordo com o tribunal, Ancelotti deixou de pagar mais de um milhão de euros em impostos durante o ano de 2014. O treinador, no entanto, foi absolvido em relação a uma acusação semelhante, que envolvia rendimentos de 2015. Além da pena de prisão, o técnico foi condenado a pagar uma multa de 386 mil euros (aproximadamente R$ 2,5 milhões) à Receita Federal espanhola, além dos custos judiciais do processo. Esse valor, porém, representa uma fração do que Ancelotti recebe anualmente, com seu salário na seleção brasileira alcançando 10 milhões de euros (cerca de R$ 5,3 milhões mensais).

A condenação de Ancelotti se insere em um contexto de fiscalização rigorosa por parte do fisco espanhol, que tem levado diversas figuras públicas a enfrentarem problemas semelhantes. Entre os mais famosos estão o jogador Neymar, condenado por sonegar impostos relacionados aos seus contratos de imagem; o português Cristiano Ronaldo, que foi sentenciado a pagar uma multa milionária e cumpriu uma pena de prisão em regime aberto após sonegar valores significativos em seus contratos; o argentino Lionel Messi, que também foi condenado a uma pena de 21 meses de prisão (convertida em multa) e a um pagamento de 4,1 milhões de euros em 2016 por fraude fiscal; e até a cantora Shakira, que, em 2022, foi acusada de deixar de pagar cerca de 14,5 milhões de euros em impostos, sendo levada aos tribunais pela Justiça espanhola.

Ancelotti, que se declarou inocente durante o julgamento realizado em abril, sempre negou as acusações. O Ministério Público espanhol havia solicitado uma sentença mais severa, com quatro anos e nove meses de prisão, alegando que o treinador se beneficiou de um esquema de evasão fiscal envolvendo contratos de imagem. O caso de Ancelotti, no entanto, não é um caso isolado, pois o futebol, devido às altas cifras envolvidas, tem sido frequentemente alvo de investigações por parte das autoridades fiscais de diversos países, incluindo o Brasil.

No Brasil, a sonegação fiscal também tem sido um tema recorrente no universo do esporte, especialmente no futebol. Um exemplo é o caso de Ronaldinho Gaúcho, que, em 2018, foi preso por dois dias por problemas relacionados à sua documentação fiscal e uma multa imposta pela Receita Federal. O ex-jogador também foi acusado de não pagar impostos devidos durante sua carreira e, em 2020, teve sua dívida regularizada com o fisco brasileiro. Outro caso relevante no Brasil envolveu o atacante Neymar, que em 2015 foi alvo de investigações sobre o pagamento de impostos sobre sua transferência do Santos para o Barcelona. Na época, ele foi envolvido em um escândalo que revelou possíveis fraudes fiscais em relação à negociação de sua imagem e contratos.

A crescente vigilância sobre a sonegação fiscal em figuras públicas, especialmente atletas, reflete uma tentativa global de combater a evasão de impostos e garantir que as grandes fortunas do esporte sejam devidamente tributadas. Embora a legislação de diferentes países, como a Espanha e o Brasil, estabeleça formas variadas de punição, a tendência é que as autoridades continuem a intensificar suas ações contra fraudes fiscais, visando trazer maior transparência e equidade ao processo tributário.

Ancelotti, que assumiu o comando da seleção brasileira em maio de 2025, continua sendo uma figura central no futebol mundial, mas seu nome agora se junta a uma lista de outros grandes atletas e personalidades do esporte que enfrentaram processos legais por questões fiscais. O técnico, que teve uma carreira de sucesso tanto no Real Madrid quanto em outros clubes, agora deve lidar com o impacto dessa condenação em sua imagem pública, enquanto o processo continua sendo monitorado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Até o momento, a assessoria de imprensa da CBF informou que o caso está sendo acompanhado, mas não se pronunciou mais profundamente sobre os desdobramentos do julgamento.

Por Gazeta Rio/Ricardo Bernardes