Trump se despede de Musk com honrarias: "Um dos maiores inovadores do nosso tempo"

Imagem Gazeta Rio - Foto: .

Mundo
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

 A relação entre Donald Trump e Elon Musk, marcada por afinidades ideológicas, ambições reformistas e rupturas pontuais, ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (27), com a saída oficial do magnata da tecnologia do cargo que ocupava no Governo dos Estados Unidos. Em cerimônia realizada na Sala Oval da Casa Branca, o presidente fez questão de homenagear Musk, descrevendo-o como “um dos maiores e mais inovadores líderes empresariais que o mundo produziu”.

Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, comandava desde o início do ano o polêmico Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), uma iniciativa da Casa Branca que tinha como missão cortar gastos públicos e “enxugar” a máquina estatal. A nomeação do empresário, ainda que temporária, foi vista como um movimento ousado por parte do governo republicano — ao colocar um bilionário do setor privado no comando de um projeto de reforma administrativa de escala nacional.

“Ele ofereceu seu talento ao serviço da nação, e nós somos gratos por isso”, afirmou Trump, destacando os “160 bilhões de dólares economizados para os cofres públicos” sob a liderança de Musk. O presidente classificou o impacto do trabalho do empresário como uma “mudança colossal na estrutura da administração federal”, e criticou duramente o que chamou de “calúnias e mentiras revoltantes” contra o empresário, sugerindo resistência de setores do funcionalismo e da imprensa.

De parceria pragmática a tensão fiscal

A relação entre Musk e Trump, embora marcada por elogios mútuos, nem sempre foi pacífica. O clímax da tensão veio esta semana, quando o empresário criticou abertamente o novo plano fiscal proposto pela Casa Branca, argumentando que ele “aumentará o déficit e comprometerá os avanços conquistados pelo DOGE”. Menos de 24 horas após as críticas, Musk anunciou que não renovaria o contrato temporário de 130 dias que o mantinha à frente do departamento.

Mesmo com o desligamento, Musk garantiu que continuará próximo do governo, mantendo-se como conselheiro informal do presidente. “Continuarei a visitar e a aconselhar o presidente, que considero um amigo. Estou ansioso por voltar a estar nesta sala incrível”, disse Musk, em tom cordial durante a coletiva conjunta.

O futuro do DOGE e a visão “filosófica” de Musk

A despedida do empresário não representará, segundo ele próprio, o fim do projeto. “O DOGE não termina comigo. Pelo contrário, ele vai se fortalecer. É quase como o budismo. Um modo de vida, uma forma de pensar”, afirmou Musk, numa analogia inusitada. Segundo o empresário, o departamento já alcançou 160 bilhões de dólares em cortes e deve ultrapassar a marca de 200 bilhões “em pouco tempo”.

O DOGE tornou-se um dos projetos mais controversos da atual administração, promovendo cortes severos em áreas como ajuda humanitária, educação superior, meio ambiente e saúde pública. Grupos de defesa de direitos civis e sindicatos protestaram contra o que consideraram um “desmonte do Estado”, enquanto aliados do governo celebraram os cortes como um exemplo de gestão fiscal responsável.

Repercussão e legado

A imprensa norte-americana cobriu com intensidade tanto a nomeação quanto a saída de Musk. Para veículos alinhados à direita, o empresário personificou o ideal de eficiência privada aplicada ao setor público. Já a imprensa progressista criticou a falta de transparência e os impactos sociais das medidas implementadas.

Analistas políticos avaliam que, embora breve, a passagem de Musk pelo governo deixará marcas profundas no discurso republicano sobre gasto público e no debate sobre o papel do setor privado na gestão estatal. Sua saída, apesar de amistosa, expõe também os limites de um modelo de governança calcado em personalidades e em alianças circunstanciais.

Elon Musk agora retorna aos seus empreendimentos no setor tecnológico — mas, como ele mesmo indicou, com um pé ainda fincado em Washington. Sua presença no epicentro político dos EUA pode ter diminuído, mas dificilmente será esquecida.

Por Redação Gazeta Rio