A relação entre Donald Trump e Elon Musk, marcada por afinidades ideológicas, ambições reformistas e rupturas pontuais, ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (27), com a saída oficial do magnata da tecnologia do cargo que ocupava no Governo dos Estados Unidos. Em cerimônia realizada na Sala Oval da Casa Branca, o presidente fez questão de homenagear Musk, descrevendo-o como “um dos maiores e mais inovadores líderes empresariais que o mundo produziu”.
Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, comandava desde o início do ano o polêmico Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), uma iniciativa da Casa Branca que tinha como missão cortar gastos públicos e “enxugar” a máquina estatal. A nomeação do empresário, ainda que temporária, foi vista como um movimento ousado por parte do governo republicano — ao colocar um bilionário do setor privado no comando de um projeto de reforma administrativa de escala nacional.
“Ele ofereceu seu talento ao serviço da nação, e nós somos gratos por isso”, afirmou Trump, destacando os “160 bilhões de dólares economizados para os cofres públicos” sob a liderança de Musk. O presidente classificou o impacto do trabalho do empresário como uma “mudança colossal na estrutura da administração federal”, e criticou duramente o que chamou de “calúnias e mentiras revoltantes” contra o empresário, sugerindo resistência de setores do funcionalismo e da imprensa.
De parceria pragmática a tensão fiscal
A relação entre Musk e Trump, embora marcada por elogios mútuos, nem sempre foi pacífica. O clímax da tensão veio esta semana, quando o empresário criticou abertamente o novo plano fiscal proposto pela Casa Branca, argumentando que ele “aumentará o déficit e comprometerá os avanços conquistados pelo DOGE”. Menos de 24 horas após as críticas, Musk anunciou que não renovaria o contrato temporário de 130 dias que o mantinha à frente do departamento.
Mesmo com o desligamento, Musk garantiu que continuará próximo do governo, mantendo-se como conselheiro informal do presidente. “Continuarei a visitar e a aconselhar o presidente, que considero um amigo. Estou ansioso por voltar a estar nesta sala incrível”, disse Musk, em tom cordial durante a coletiva conjunta.
O futuro do DOGE e a visão “filosófica” de Musk
A despedida do empresário não representará, segundo ele próprio, o fim do projeto. “O DOGE não termina comigo. Pelo contrário, ele vai se fortalecer. É quase como o budismo. Um modo de vida, uma forma de pensar”, afirmou Musk, numa analogia inusitada. Segundo o empresário, o departamento já alcançou 160 bilhões de dólares em cortes e deve ultrapassar a marca de 200 bilhões “em pouco tempo”.
O DOGE tornou-se um dos projetos mais controversos da atual administração, promovendo cortes severos em áreas como ajuda humanitária, educação superior, meio ambiente e saúde pública. Grupos de defesa de direitos civis e sindicatos protestaram contra o que consideraram um “desmonte do Estado”, enquanto aliados do governo celebraram os cortes como um exemplo de gestão fiscal responsável.
Repercussão e legado
A imprensa norte-americana cobriu com intensidade tanto a nomeação quanto a saída de Musk. Para veículos alinhados à direita, o empresário personificou o ideal de eficiência privada aplicada ao setor público. Já a imprensa progressista criticou a falta de transparência e os impactos sociais das medidas implementadas.
Analistas políticos avaliam que, embora breve, a passagem de Musk pelo governo deixará marcas profundas no discurso republicano sobre gasto público e no debate sobre o papel do setor privado na gestão estatal. Sua saída, apesar de amistosa, expõe também os limites de um modelo de governança calcado em personalidades e em alianças circunstanciais.
Elon Musk agora retorna aos seus empreendimentos no setor tecnológico — mas, como ele mesmo indicou, com um pé ainda fincado em Washington. Sua presença no epicentro político dos EUA pode ter diminuído, mas dificilmente será esquecida.
Por Redação Gazeta Rio
Trump se despede de Musk com honrarias: "Um dos maiores inovadores do nosso tempo"
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