Conflito Israel-Irã: EUA afirmam que "a paz depende da força" enquanto Irã promete retaliação total; mundo reage com apreensão

Imagem Gazeta Rio/Ricardo Bernardes - Foto: .

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Em uma madrugada marcada pela escalada mais grave do conflito entre Israel e Irã, os Estados Unidos confirmaram sua entrada direta nos combates, com bombardeios a três instalações nucleares iranianas. A ação, realizada com aviões stealth e apoio logístico israelense, foi descrita como "cirúrgica e necessária" pela Casa Branca.

Em pronunciamento nesta manhã, John Kirby, coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, declarou que os ataques visaram “impedir que o Irã adquira uma arma nuclear” e defendeu que “às vezes, garantir a paz exige recorrer à força”. Segundo ele, o presidente Donald Trump não busca uma mudança de regime, mas “restaurar a estabilidade regional por meio da dissuasão”.

Irã fala em “crime hediondo” e anuncia retaliação ampla
O governo iraniano respondeu com veemência. O ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, classificou os bombardeios como uma “violação flagrante do direito internacional” e prometeu represálias “amplas e duradouras”. O Irã já realizou lançamentos de mísseis contra alvos em território israelense, atingindo infraestrutura civil e hospitalar.

O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica declarou que “todos os interesses militares americanos na região estão agora sob risco legítimo” e mobilizou forças de prontidão em várias províncias do país. Teerã também anunciou o rompimento formal das negociações nucleares e suspendeu o acesso de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Reação global: entre contenção e condenação
A resposta internacional foi imediata.

União Europeia: França e Alemanha pediram um cessar-fogo urgente e condenaram “qualquer ação que leve à regionalização do conflito”. O Reino Unido demonstrou solidariedade com Israel, mas pediu “prudência estratégica”.

China: condenou os ataques liderados pelos EUA, acusando Washington de “transformar a diplomacia em pólvora”. O governo de Xi Jinping afirmou que vai “dobrar os esforços para iniciativas multilaterais de paz”.

Rússia: o presidente Vladimir Putin disse ver com “profunda preocupação” a escalada e convocou uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU. Moscou se ofereceu para sediar conversas de emergência entre as partes.

ONU: o secretário-geral António Guterres classificou os acontecimentos como “alarmantes” e apelou pela proteção de civis, alertando para “o risco real de uma guerra regional de larga escala”.

Brasil: até o momento, o Itamaraty não divulgou nota oficial sobre os ataques recentes. Em declarações anteriores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a postura intervencionista dos EUA, afirmando que “a paz não pode ser construída por meio de mísseis”.

Consequências no horizonte
Especialistas em geopolítica alertam para cinco possíveis desdobramentos a curto e médio prazo:

Ampliação regional do conflito, com envolvimento de milícias aliadas ao Irã no Líbano, Iêmen, Síria e Iraque.

Colapso definitivo das negociações nucleares, reativando o risco de uma corrida armamentista no Oriente Médio.

Recrudescimento das sanções econômicas, com impacto direto sobre o petróleo e a inflação global.

Desestabilização diplomática, com China e Rússia ampliando seus esforços para isolar os EUA em fóruns multilaterais.

Crise humanitária, com deslocamentos forçados e colapso de sistemas de saúde tanto no Irã quanto em regiões atacadas em Israel.

A lógica da guerra como caminho para a paz
A frase dita por John Kirby, “a paz só é sustentável quando apoiada por força”,  resume a doutrina americana que tem guiado sua presença no Oriente Médio desde o 11 de Setembro. Para analistas críticos, trata-se de uma visão paradoxal: combater a instabilidade com mais instabilidade. Para aliados de Washington, é uma resposta necessária diante de um Irã que desafia abertamente os tratados internacionais.

Com a diplomacia estagnada e a retórica inflamada, o mundo assiste a um novo capítulo da crise no Oriente Médio, onde cada míssil lançado pode significar não apenas destruição imediata, mas o colapso da ordem internacional construída nas últimas décadas.

Por Gazeta Rio/Ricardo Bernardes