Gazeta Rio/Ricardo Bernardes

China, Rússia e Paquistão pedem cessar-fogo imediato entre Irã, Israel e EUA durante reunião de emergência na ONU

Por Denise Emanuele Paz Carvalho

Aliados de Teerã no Conselho de Segurança exigem trégua após ataques norte-americanos a instalações nucleares iranianas; ofensiva israelense continua

Em meio à escalada do conflito entre Irã, Israel e, agora, os Estados Unidos, três membros do Conselho de Segurança da ONU — China, Rússia e Paquistão — apresentaram uma proposta de resolução exigindo um “cessar-fogo imediato e incondicional” entre as partes envolvidas.

O anúncio foi feito pelo embaixador chinês na ONU, Fu Cong, durante uma reunião de emergência do Conselho realizada neste domingo, após os bombardeios norte-americanos que atingiram instalações nucleares iranianas.

Embora o texto ainda não tenha data definida para votação, a proposta utiliza uma linguagem diplomática ao pedir, além do cessar-fogo, a proteção de civis, o respeito ao direito internacional e o retorno ao diálogo e à negociação.

Apesar do apelo, é improvável que a resolução avance, já que os Estados Unidos, diretamente envolvidos no conflito, têm poder de veto no Conselho. China, Rússia e Paquistão, por outro lado, são atualmente os principais aliados do Irã no órgão.

Durante a sessão, tanto Fu Cong quanto o embaixador russo, Vasili Nebenzia, condenaram duramente os ataques norte-americanos. Países europeus com assento no Conselho — como França, Reino Unido, Dinamarca, Eslovênia e Grécia — evitaram se posicionar diretamente contra os bombardeios.

Nebenzia foi especialmente incisivo, classificando como “cínicas” as declarações de países que dizem estar dispostos a negociar, mesmo após os ataques. “Hipocritamente, pintam o Irã como responsável pelo fracasso das negociações, ignorando os bombardeios de alto impacto contra seu território”, declarou.

Israel iniciou sua ofensiva contra o Irã em 13 de junho, alegando avanços no programa nuclear iraniano e a ameaça representada pela produção de mísseis balísticos por Teerã. O Irã nega qualquer intenção de desenvolver armas nucleares e defende seu direito a manter um programa nuclear pacífico.

Os bombardeios israelenses já destruíram estruturas estratégicas no Irã e causaram a morte de cientistas e oficiais ligados ao programa nuclear do país. Em resposta, Teerã lançou sucessivos ataques com mísseis contra grandes cidades israelenses e bases militares espalhadas pelo território.

Na noite de domingo, os Estados Unidos entraram oficialmente no conflito com bombardeios realizados por aviões B-2, de alta tecnologia furtiva. Segundo o Departamento de Defesa norte-americano, os ataques "eliminaram as capacidades nucleares críticas" do Irã.

Em pronunciamento nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, afirmou que os ataques terão “consequências eternas” e garantiu que Teerã manterá “todas as opções sobre a mesa para defender sua soberania, seus interesses e seu povo”.


Por Gazeta Rio/Ricardo Bernardes