O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), durante a cerimônia de assinatura da medida provisória da reforma do setor elétrico, no Palácio do Planalto
"O Executivo não pode gastar sem freio e depois passar o volante para o Congresso segurar", disse Hugo Motta em post nas redes sociais
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-AL), usou as redes sociais nesta segunda-feira (24) para enviar um recado direto ao governo federal em meio à polêmica sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Sem citar diretamente o Ministério da Fazenda ou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Motta afirmou que “o Brasil não precisa de mais imposto, precisa de menos desperdício”. A declaração ocorre após o governo anunciar, na semana passada, uma série de medidas para elevar a arrecadação por meio do IOF — decisões que enfrentaram forte reação negativa de economistas, do mercado financeiro e do Congresso.
A pressão foi tamanha que, em menos de seis horas, o Ministério da Fazenda recuou parcialmente e manteve a alíquota zero para investimentos de fundos nacionais no exterior. Na postagem, Motta afirmou que “o Estado não gera riqueza — consome. E quem paga essa conta é a sociedade”. Ele também reforçou que a Câmara tem sido parceira na aprovação de bons projetos, mas criticou o aumento dos gastos públicos: “Quem gasta mais do que arrecada não é vítima, é autor. O Executivo não pode gastar sem freio e depois passar o volante para o Congresso segurar”.
A declaração de Motta ecoa críticas já feitas por outros parlamentares, como o deputado Luciano Zucco (PL-RS), que apresentou um Projeto de Decreto Legislativo para tentar barrar o aumento das alíquotas do IOF. Para Zucco, o governo está penalizando quem empreende e trabalha, ao invés de cortar despesas e rever prioridades.
As medidas anunciadas pela equipe econômica previam a elevação do IOF em diversas operações, como aportes em seguros de vida, crédito de cooperativas, empréstimos para empresas e operações cambiais. O objetivo seria uniformizar a tributação e reduzir brechas de evasão fiscal. Com a estimativa inicial de arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026, parte desse valor pode não se concretizar após o recuo parcial.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu as medidas como um alinhamento entre política fiscal e monetária, mas reconheceu o “ruído” causado no mercado e afirmou que o governo está aberto a “corrigir rotas”. Ele também alegou que o impacto das mudanças não recairia sobre a maioria da população, atingindo principalmente empresas e contribuintes de maior renda. Ainda assim, economistas criticaram a estratégia do governo, acusando-o de utilizar um tributo regulatório com fins arrecadatórios.
A polêmica sobre o IOF escancara o desafio do governo em equilibrar as contas públicas sem ampliar a carga tributária — um ponto sensível que deve continuar gerando tensão entre o Executivo e o Congresso. Para Motta e outros parlamentares, o caminho preferencial passa pelo corte de gastos e a revisão de privilégios, não pela criação ou elevação de impostos.
Em recado ao governo, presidente da Câmara diz que ‘Brasil não precisa de mais imposto’

"O Executivo não pode gastar sem freio e depois passar o volante para o Congresso segurar", disse Hugo Motta em post nas redes sociais - Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo
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