Castro avalia nomear Eduardo Bolsonaro em secretaria para evitar cassação

Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro estuda possibilidade de criar uma secretaria especial. - Foto: Reprodução/Facebook

Política
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), estuda a criação de uma secretaria especial em seu governo com sede nos Estados Unidos para nomear o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A medida seria uma manobra política para garantir ao parlamentar uma nova licença do mandato e, assim, evitar o risco de cassação por faltas excessivas não justificadas na Câmara dos Deputados.

Eduardo Bolsonaro, que esteve licenciado por 120 dias, reassumiu o mandato no dia 21 de julho. Com seu retorno, passou a estar sob risco de ter o mandato questionado por ausências reiteradas. A nomeação para um cargo no Executivo estadual permitiria a renovação da licença parlamentar, postergando ou até anulando a necessidade de avaliação formal sobre a regularidade de sua atuação legislativa.
A articulação, segundo bastidores políticos, teria contado com a participação direta do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), irmão de Eduardo. Flávio teria procurado Cláudio Castro para discutir alternativas institucionais que blindassem o irmão de desgastes jurídicos e políticos, inclusive diante das investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo membros da família Bolsonaro.
Fontes próximas ao Palácio Guanabara confirmam que Castro encomendou pareceres jurídicos sobre a legalidade da manobra e já teria recebido alertas de aliados sobre os riscos legais e políticos da medida. Entre os receios, está a possibilidade de a nomeação ser interpretada como tentativa de obstrução ou blindagem de investigações, o que poderia comprometer o próprio governador.
A criação de uma estrutura no exterior exclusivamente para esse fim também levanta questionamentos sobre o uso da máquina pública em benefício político de um aliado. Ainda que não exista impedimento expresso na legislação, o contexto e a finalidade podem ser analisados pela Justiça Eleitoral ou pelo Ministério Público, caso a nomeação se concretize.
Outros governadores aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como Tarcísio de Freitas (SP) e Jorginho Mello (SC), foram cogitados como alternativas, mas não avançaram na ideia. Castro, no entanto, é apontado como o mais receptivo e politicamente disponível para absorver o custo da operação.
Caso confirmada, a nomeação poderá abrir nova frente de disputa jurídica e política em Brasília e no Rio de Janeiro, com implicações diretas sobre os planos eleitorais de 2026.