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Trump diz que não pretende falar com Lula agora e volta a defender Bolsonaro: ‘Homem muito honesto’

Por Denise Emanuele Paz Carvalho

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na sexta-feira (11) que não pretende conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste momento sobre a tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros. A medida, anunciada na última quarta-feira (9), é a mais alta entre as 22 novas tarifas divulgadas pelo governo americano nesta semana e está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. “Talvez em algum momento eu converse, mas neste momento, não”, disse Trump, ao ser questionado por jornalistas em frente à Casa Branca.
O republicano também voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “negociador duro” e “homem muito honesto”. Segundo ele, a forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro é “uma vergonha” e o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe é uma “caça às bruxas que precisa acabar”.
A defesa a Bolsonaro também aparece na carta enviada por Trump a Lula, na qual o americano afirma que a sobretaxa se deve, em parte, aos “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e à liberdade de expressão dos americanos”. No texto, o mandatário dos Estados Unidos diz que a condenação de Bolsonaro representa uma “vergonha internacional” e que o ex-presidente deveria ser “deixado em paz”. Apesar de Trump alegar que os EUA sofrem com barreiras comerciais brasileiras, dados oficiais indicam que o país mantém superávit na balança comercial com o Brasil.
Em resposta, Lula afirmou que o Brasil é um país soberano, com instituições independentes, e que não aceitará qualquer tipo de tutela externa. “O processo judicial contra os envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro é competência exclusiva da Justiça brasileira e não está sujeito a ingerência ou ameaça”, declarou o presidente em nota oficial. Ele também classificou a carta enviada por Trump como “absurda”.
Na quinta-feira (10), Lula afirmou que poderá retaliar, impondo também uma tarifa de 50% sobre produtos americanos, e avalia recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). As declarações de Trump e a carta enviada ao Brasil se diferenciam do tom adotado nas comunicações com outros parceiros comerciais, em que o foco principal foram as questões econômicas. No caso brasileiro, o centro da argumentação foi político, com foco na defesa de Bolsonaro.

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