Por Denise Emanuele Paz Carvalho
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), criticou na segunda-feira (21/7), durante um evento de agronegócio no interior paulista, o tarifaço sobre produtos brasileiros anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A uma plateia formada por integrantes de uma cooperativa de laranja e parlamentares ligados ao agro, Tarcísio afirmou que tarifas “podem até parecer algo interessante para quem aplica” no curto prazo, mas que, no médio e longo prazo, criam “um mercado viciante” e tornam empresas “dependentes do Estado”.
“Estamos diante agora do risco da imposição de tarifas. Tarifas podem até parecer algo interessante para quem aplica, algo patriótico, que traz um retorno para empresas, para empregos. Isso é verdade até a página dois, no curto prazo. No médio e longo prazo, a aplicação de tarifas cria um mercado viciante. É um obstáculo para o desenvolvimento de tecnologia. Torna empresas dependentes do Estado. Nunca foi bom ao longo do tempo”, afirmou Tarcísio em discurso na abertura da
O setor de laranjas é um dos mais afetados pelas tarifas: 40% das exportações da citricultura paulista têm os EUA como destino. No evento, Tarcísio afirmou que o governo estuda conceder créditos aos setores mais afetados pela medida, por meio da liberação de créditos de ICMS.
Apesar da crítica à medida de Trump, que anunciou uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, o governador de São Paulo voltou a cutucar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmando que o Brasil se afastou dos EUA.
“O Brasil é um país que tem que se orgulhar, porque ao longo do tempo se desenvolveu sem inimigos. Não é possível que a gente não consiga conversar e se afaste de parceiros comerciais importantes. As duas maiores economias das Américas não podem estar distantes. E é fundamental que a gente chegue a uma solução pra isso”, disse o governador.
Tarifas geram “ônus insuportável”
Tarcísio passou a ser alvo de críticas depois de culpar a política externa do governo Lula após o anúncio das tarifas de 50% pelo presidente americano Donald Trump, ignorando o fato de o próprio governo dos EUA ter mencionado o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), padrinho político de Tarcísio, como um dos motivos da sanção.
Depois, o governador modulou o discurso, se reuniu com o Encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA e chamou cerca de 20 empresários para conversar no Palácio dos Bandeirantes.
Nesta segunda-feira, o governador afirmou que o momento pede que se coloque “a bola no chão” para se buscar uma negociação.
“A gente está se afastando do maior parceiro comercial, do maior investidor estrangeiro direto no Brasil, que são os Estados Unidos. A gente tem que buscar o diálogo e a pacificação. É necessário agora botar a bola no chão, entender o contexto geopolítico para buscar a melhor negociação, uma negociação que nos alivie desse ônus que vai ser insuportável para determinados setores”, afirmou Tarcísio, dizendo também que o Brasil “não ganha nada em se alinhar a determinados blocos em detrimento de outros”.
Ainda no discurso feito aos cooperados, o mandatário paulista afirmou, sem citar nomes, que o “discurso eleitoral não pode estar acima do interesse nacional”.