Cristina Wiazowski é eleita prefeita de Mongaguá com votação expressiva após indeferimento da candidatura de seu marido

Prefeita andando nas ruas neste domingo. - Foto: .

Eleições
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Teresa Cristina Aguiar Tofanello Wiazowski (PP) foi neste domingo eleita prefeita de Mongaguá, no litoral sul de São Paulo, com 66,33% dos votos válidos em eleição suplementar realizada neste domingo (8). A empresária de 57 anos disputou o cargo contra Rodrigo Cardoso Biagioni (União Brasil), conhecido como Rodrigo Casa Branca, que obteve 33,67% dos votos. Cristina terá ao seu lado o vice-prefeito eleito, Julio Cezar de Carvalho Silva Santos (PDT).

A nova eleição foi convocada após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferir a candidatura de Paulinho Wiazowski (PP), marido de Cristina, que havia sido o mais votado nas eleições municipais de 2024 com 14.459 votos. A decisão do TSE anulou sua vitória após uma longa batalha judicial envolvendo a rejeição de contas públicas do ex-prefeito em 2012.

Durante entrevista à TV Tribuna, afiliada da Rede Globo, Cristina celebrou a vitória como um reflexo da vontade popular.
“Essa foi uma votação histórica. A população de Mongaguá mostrou nas urnas quem ela quer ver no comando da cidade. O voto é soberano”, declarou.

Gestão e prioridades

Cristina prometeu que, ao assumir o cargo, sua administração priorizará a saúde e os serviços de zeladoria urbana.
“Vamos iniciar com uma auditoria interna na prefeitura e equipar a máquina pública para oferecer um serviço de qualidade à população”, afirmou.

Entenda o caso Paulinho Wiazowski
A candidatura de Paulinho foi indeferida em decisão definitiva pelo TSE em dezembro de 2024. O relator do caso, ministro André Mendonça, deu provimento ao recurso que pedia a impugnação com base em contas rejeitadas pela Câmara Municipal em 2023, seguindo parecer do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP).

Segundo o TCE, durante o exercício de 2012, Paulinho recebeu sete alertas formais sobre o desequilíbrio fiscal entre receitas e despesas, mas não tomou medidas efetivas para conter o déficit, que chegou a mais de R$ 9 milhões. O órgão considerou que houve conduta dolosa, caracterizando improbidade administrativa.

Apesar da tentativa de reversão, o TSE entendeu que a omissão diante dos alertas e o descumprimento das obrigações legais configuravam dolo específico — critério necessário para inelegibilidade segundo a Nova Lei de Improbidade (Lei 14.230/2021).

Argumentos da defesa
A defesa de Paulinho sustentou que as falhas apontadas não seriam suficientes para a inelegibilidade, alegando ausência de enriquecimento ilícito, dano ao erário ou aplicação de sanções. Para os advogados, os problemas teriam sido meramente técnicos e de ordem contábil.

“As falhas apuradas não evidenciam conduta desonesta ou intenção deliberada de causar prejuízo à administração pública. Não houve imputação de débito ou dano financeiro direto”, argumentaram.

Ainda assim, o entendimento do TSE prevaleceu, e a candidatura de Paulinho foi definitivamente indeferida, abrindo caminho para a eleição suplementar vencida por Cristina.

Próximos passos
Cristina Wiazowski deve tomar posse nos próximos dias, após a diplomação oficial. A expectativa da nova gestão é de iniciar uma reestruturação administrativa e recuperar a confiança da população após um processo eleitoral conturbado.

A eleição suplementar em Mongaguá é um dos mais recentes episódios que colocam em evidência o impacto das regras da nova Lei de Improbidade sobre o cenário eleitoral brasileiro e o escrutínio crescente sobre a conduta de gestores públicos.

Por Gazeta Rio/Ricardo Bernardes