A Secretaria de Estado de Saúde lançou, nesta segunda-feira (29), o primeiro projeto do país voltado para o acolhimento de crianças com microcefalia expostas ao zika vírus e gestantes com diagnóstico positivo para a doença e ultrassonografia que indique possibilidade da malformação no feto. Elaborada pela equipe médica do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC) e pela área técnica da SES, a iniciativa prevê o acolhimento das famílias impactadas, com a realização de consultas multidisciplinares e exames de alta complexidade, além da avaliação e indicação de tratamento pela equipe da unidade, uma das principais unidades de neurocirurgia no país. O início do atendimento é imediato para pacientes de todo o estado.
- O acolhimento das famílias neste momento é fundamental. O atendimento no IEC vai garantir o acesso aos mais completos exames para investigar e diagnosticar as particularidades das condições clínicas dos casos. Com os resultados, será possível indicar o tratamento mais adequado para cada paciente, observando suas necessidades específicas - explica Luiz Antônio Teixeira Jr.
A previsão é de que 50 pacientes sejam atendidos por mês, totalizando cerca de 500 atendimentos, entre consultas e exames, que envolverão os pacientes e suas famílias, a serem realizadas por equipes multidisciplinares compostas por pediatras, neuropediatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicoterapeutas, entre outros. O projeto prevê ainda que as gestantes com diagnóstico confirmado para a doença e ultrassonografia que indique a possibilidade da malformação neurológica no feto sejam encaminhadas para exames de ressonância magnética no IEC.
- Com profissionais altamente qualificados, o Instituto tem as ferramentas necessárias para avaliar e indicar as melhores possibilidades de tratamento para estes pacientes, além da estrutura de excelência. A unidade terá ainda um papel importante na coleta de informações para a realização de estudos sobre o assunto – explica o neurocirurgião Paulo Niemeyer, diretor do IEC.
Acolhimento imediato - O acolhimento dos pacientes e suas famílias é realizado com base em informações da subsecretaria de Vigilância em Saúde, que, desde junho de 2015, monitora os casos de microcefalia sob suspeita de ligação com o vírus zika assim como as notificações de gestantes com exantema (manchas vermelhas na pele). O encaminhamento para o IEC é feito por meio de regulação interna da Secretaria de Saúde. O mapeamento serve ainda para que a SES possa manter o acompanhamento de cada um.
Casos de microcefalia com suspeita de exposição ao zika vírus – Todos os casos de crianças com diagnóstico de microcefalia com suspeita de ligação com o vírus zika terão atendimento agendado do IEC. No primeiro momento, os pacientes serão atendidos por equipes multidisciplinares e contarão com avaliação pediátrica e neuropediátrica, fonoaudiologia e fisioterapia, além de atendimento psicoterapêutico, entre outros. Em seguida, serão agendados exames complementares que serão realizados na unidade, em uma segunda data. Com os resultados, os pacientes serão avaliados e terão o tratamento orientado para que possam ser direcionados para unidades de tratamento e reabilitação. A SES continuará acompanhando os casos.
Casos de gestantes com suspeita de zika vírus e alterações em exames de ultrassom – As mulheres grávidas que tenham exames positivos para o vírus zika e que apresentem alterações em exames de ultrassom indicando a possibilidade de microcefalia nos fetos terão agendamento para a realização de ressonância magnética a partir do 2º trimestre. Com a precisão deste tipo de exame, o resultado poderá colaborar para o acompanhamento pré-natal das gestantes em suas unidades de origem. As pacientes também serão encaminhadas para a realização de ultrassonografias no Rio Imagem. Todas continuarão a ser acompanhadas pela SES.
Ajuda no mapeamento
Com mais de 4 mil casos notificados de microcefalia em investigação, o Ministério da Saúde começou a mapear as condições de atendimento aos bebês nascidos com a malformação em todo o Brasil.
O serviço é feito por meio de ligações telefônicas aos familiares de todas as crianças, com o objetivo de identificar os exames já feitos e saber como está sendo o acompanhamento dos bebês nas redes de Atenção Básica e Especializada.
Segundo o Ministério da Saúde, as famílias de todos os bebês com notificação de microcefalia serão contatadas, mesmo aqueles que ainda estejam em investigação. O objetivo da pasta é identificar o estágio da assistência à saúde de cada criança, além de oferecer apoio aos estados e municípios na organização dos fluxos de atendimento, a partir dos relatórios.
Treinamento – A Fundação Oswaldo Cruz treinou 180 atendentes para fazer o contato com os familiares. As ligações começaram a ser feitas no dia 22 de fevereiro e a expectativa é que até o final de março a ação seja concluída.
Desde novembro do ano passado, o Ministério da Saúde constatou que o vírus Zika provocou um aumento inesperado nos casos de microcefalia no país, uma malformação irreversível no cérebro.
Enquanto os registros de 2014 apontam que 147 crianças nasceram com a malformação, entre outubro do ano passado e fevereiro de 2016, foram confirmados 583 casos, 67 deles confirmados que foram causados pelo Zika.
Outros 4.107 casos suspeitos de microcefalia estão em investigação. Desde o início das investigações, em 22 de outubro de 2015, até 20 de fevereiro, foram 5.640 notificações, sendo 950 já descartadas.