Para além das forças militares nas ruas

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A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro tornou-se inevitável diante dos desmandos e descalabro na administração do nosso estado. As cenas de violência, com uma série de tiroteios nas principais artérias da cidade do Rio e que culminaram com os ataques ocorridos durante o Carnaval, foram a gota d’água para uma situação que havia se deteriorado nos últimos dois anos.

A questão da insegurança atinge a todos os cidadãos de todas as classes sociais, independente da região onde moram ou ramo de atividade que atuam. A FIRJAN, no entanto, desde do início do ano passado vinha alertando as autoridades para a escalada da violência e com o tráfico de drogas estendendo suas ações também para o roubo de cargas nas rodovias de acesso a cidade do Rio. Em 2017, o estado do Rio registrou 10.599 casos de roubo de cargas, o equivalente a um crime a cada 50 minutos. O prejuízo chegou a R$ 607,1 milhões.

Porém, além do prejuízo financeiro que atinge empresas e até mesmo o governo que deixa de arrecadar impostos, há também o prejuízo intangível que atinge toda a população. Por conta dos roubos, as mercadorias e produtos ficam mais caros nas prateleiras, devido ao aumento dos custos em segurança patrimonial e seguro dos fretes, e até mesmo por desabastecimento de produtos ou insumos de produção.

Um outro grave problema para o estado é que a insegurança impede a chegada de novos investimentos. Afinal quem vai querer investir, abrir uma empresa, gerar empregos, num estado que não garante a segurança dos seus cidadãos? Essa situação se agrava mais ainda com a crise econômica do estado, que em 2017 fechou 92 mil postos de trabalho, o pior resultado registrado em todo o país.

Por tudo isso, a intervenção federal se justifica, sendo uma esperança de resgatar a dignidade que todo o cidadão fluminense merece. Porém, devemos avançar mais, ir além de ações militares nas ruas. No estudo da Federação “O impacto econômico do roubo de cargas no estado do Rio de Janeiro”, lançado no ano passado, já prevíamos a necessidade de se criar um cinturão de segurança nas fronteiras com os demais estados, impedindo a entrada de armas e drogas. A mesma ação vale para nossas fronteiras com os demais países vizinhos.

Com a intervenção das Forças Militares trazendo a questão da violência para números aceitáveis são primordiais os investimentos em ações sociais: saúde, educação e infraestrutura, que garantam o retorno das empresas e dos empregos para o nosso estado. O desenvolvimento só irá ocorrer se todos acreditarem que é possível viver em segurança e gerando renda, que possam garantir o futuro dos nossos filhos.

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