Vital Brazil desenvolverá soro contra o Zika

Por

Instituto Vital Brazil, localizado em Santa Rosa, é referência para todo o País na produção de soros

Foto: Lucas Benevides

O Instituto Vital Brazil firmou parceria com o Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para a produção de soro contra o vírus Zika. A finalidade é o tratamento dos indivíduos que já estão contaminados pelo vírus. A expectativa é que o soro inative o vírus imediatamente após a aplicação, o que reduziria os casos de microcefalia causados pelo Zika.

“Vamos trabalhar com o intuito de que a ação deste soro seja como a do soro contra a raiva. Quando aplicado, o vírus é imediatamente inativado no paciente. No caso de mulheres grávidas, acreditamos que, se aplicado assim que confirmado o diagnóstico, evitaremos que o vírus aja no sistema neurológico do feto”, explica Antônio Werneck, presidente do IVB. A expectativa é que o soro fique pronto em três anos. 

A notícia foi dada no Workshop Núcleo Zika Vírus, realizado pelo Parque Tecnológico da UFRJ, a Agência Rio Negócio e o Polo de Inovação em Saúde da UFRJ. A reunião, que contou com a participação de virologistas, epidemiologistas, engenheiros de bioprocessos, médicos e bioquímicos, teve o objetivo de estabelecer parcerias com entes públicos e privados para transformar descobertas acadêmicas em produtos para a saúde da sociedade.

De acordo com o Ministro da Saúde, Marcelo Castro, o problema número 1 do Brasil é a microcefalia, que está associada ao vírus zika. De outubro para dezembro do ano passado foram aproximadamente 3.500 casos registrados. A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro do bebê não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico menor que o normal, que habitualmente é superior a 32 cm. Até o dia 9 de janeiro, foram notificados à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde 3.530 casos suspeitos de microcefalia, identificados em 720 municípios de 21 estados do Brasil.

Diversas são as ações em busca de uma solução para o caso zika, na última semana o Ministro anunciou que em fevereiro o Ministério começará a distribuir as primeiras 50 mil unidades dos kits discriminatórios para dengue, zika e chikungunya. Zika é uma doença viral aguda, transmitida principalmente por mosquitos, tais como Aedes aegypti. Apresenta evolução benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. 

A doença tem semelhança com a dengue em função de  sinais e sintomas como: febre; manchas pelo corpo com coceira; dor de cabeça e nas articulações, além de enjôo e dores musculares. Um fator diferencial é a presença de olho vermelho em alguns casos de infecção por Zika, geralmente sem incomodar.

Secretaria cria protocolo de assistência a gestantes e bebês - A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) criou um protocolo de assistência exclusivo para casos de gestantes com Zika vírus e bebês com microcefalia, que deverá ser seguido por todas as unidades de saúde do estado. O objetivo é uniformizar o atendimento na rede de saúde e o acompanhamento dos casos pelas Vigilâncias Epidemiológicas dos municípios.

O protocolo estabelece ações para acompanhamento dos casos, realizando exames clínicos e laboratoriais, além de definir para qual unidade de referência esses pacientes deverão ser encaminhados pelos municípios para, entre outros, o acompanhamento psicossocial e em centros especializados em reabilitação. Casos de gestantes com possível infecção do Zika vírus: deve-se manter a paciente no serviço de saúde onde ela realiza o pré-natal, notificar o caso à SES, ressaltar esse evento na caderneta da Gestante e no prontuário da paciente, além também de coletar sangue e urina para investigação do bebê. Caso a gestante não tenha pré-natal, o profissional deve referenciá-la para uma unidade de saúde. Após a 30ª semana de gestação, um ultrassom deve ser realizado. Se for diagnosticada microcefalia no recém-nascido, o profissional deve informar o fato à gestante e, em seguida, encaminhá-la para um apoio psicossocial. Se a gestante apresentar dor nas articulações ou febre no último trimestre da gravidez, ela deverá ser submetida a exames e acompanhamento clínico e laboratorial para chikungunya.

Casos de microcefalia identificados ainda na fase intrauterina: comunicar o fato ao obstetra ou equipe responsável pelo pré-natal, avaliar a necessidade de repetir o ultrassom, comunicar o fato à gestante, manter a rotina do pré-natal, coletar exames de sangue e imagem (raio-x e ultrassonografia), e encaminhá-la para apoio psicossocial, orientando que o parto não vai modificar nada e estimular a amamentação na primeira de vida. A Secretaria de Saúde ressalta ainda que não há tratamento específico para microcefalia. Como cada criança desenvolve complicações diferentes, o acompanhamento por diferentes especialistas vai depender de cada caso.

Orientações para acompanhamento do recém-nascido com microcefalia: acompanhar a criança em serviço de puericultura garantido a estimulação precoce e suporte de fisioterapia, fonoaudiologia/audiologia clínica, terapia ocupacional e psicologia, monitorar a evolução do perímetro cefálico, registrando na Caderneta da Criança, avaliar e registrar o desenvolvimento da criança, realizar ultrassonografia, triagem neonatal (teste do pezinho, orelhinha e olhinho), para detectar precocemente doenças e outros problemas.

  • Tags: