Com o aumento assustador de casos de Zika vírus e da Síndrome de Guillain-Barré, um grupo de especialistas em neurologia está estudando os sintomas e consequências das doenças, e pretende propor ao Ministério da Saúde uma cartilha da doença, que pode levar à morte, caso não seja logo tratada. O material deve ajudar médicos e pacientes nos diagnóstico correto dos sintomas. “Queremos equipar hospitais-sentinelas, ou seja, transformar as unidades de saúde em locais onde podemos orientar os profissionais e atender os casos específicos da doença e das suas variações. O médico precisa saber diferenciar a síndrome de um caso de auto sugestão, explicou Oswaldo Nascimento, neurologista do Hospital Antônio Pedro e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O Grupo de Estudos das Manifestações Neurológicas das Arboviroses, que tem integrantes do Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Norte, se reuniu no último sábado, em Natal, para pensar em como poderá ser este manual, caso o Ministério da Saúde aprove, e como ele vai orientar a diferenciar os sintomas que podem ser da Guillain-Barré dos que são de outras doenças.
Outro tópico discutido na reunião foi o surgimento de outras doenças neurológicas detectadas após o indivíduo ser infectado pelo Zika vírus. “Além da Guillain-Barré, estamos observando outras síndromes neurológicas em pacientes que tiveram Zika. Como a Adem (encefalomielite aguda disseminada, em inglês), que também provoca paralisia e encefalites. Elas podem matar o paciente”, contou o neurologista.
O médico acredita que o Ministério da Saúde vai atender o pedido da Academia Brasileira de Neurologia. “ Até o fim desta semana, nosso presidente vai entregar o documento de assinamos para o ministro. O Ministério da Saúde têm se mostrado muito favorável a nossa iniciativa”, disse o professor, que adiantou, afirmando que em breve será realizado um congresso na UFF sobre a doença.
Na última semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou que o número de registros da doença cresceu 19% entre janeiro e novembro de 2015, se comparada ao ao mesmo período nos anos anteriores. “Desde maio de 2015, os casos de microcefalia, uma má formação congênita, e de Guillain-Barré são associados a infecções por Zika vírus. Alagoas é o estado com mais casos da síndrome, 517% se os números dos primeiros 11 meses de 2015 forem comparados a 2014. Já Pernambuco, registrou 182 casos de malformação e 1.203 de suspeita. “ Os casos começaram no Nordeste, mas já são altos em outras regiões. Em países da América Latina, como a Colômbia, também foram registrados casos durante surto de zika, mas não houve aumento de microcefalia”, encerrou Oswaldo.