Zika: notificação será obrigatória

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Marcelo Castro participou de reunião entre Brasil e Estados Unidos sobre o vírus. Mercadante enfatiza que mobilização das redes pública e privada de educação fará a diferença no combate ao mosquito

Elza Fiúza / Divulgação Agência Brasil

A notificação de casos suspeitos de infecção pelo vírus Zika passa a ser obrigatória. A portaria, publicada nesta quinta-feira (18) no Diário Oficial da União, prevê que todos os casos suspeitos deverão ser comunicados semanalmente às autoridades sanitárias.

No caso de gestantes com suspeita de infecção pelo vírus Zika ou de óbito suspeito, a notificação deverá ser imediata, feita pelos profissionais de saúde em até 24 horas.
O Ministério da Saúde informou que a mudança é resultado de uma análise dos métodos de acompanhamento do Zika no Brasil. Até então, a infecção era monitorada por meio do Sistema de Vigilância Sentinela, para prestar apoio a medidas de prevenção à doença.

A decisão de tornar a notificação obrigatória foi tomada em parceria com estados e municípios, além de especialistas. “Os profissionais de saúde de todo o Brasil estão sendo orientados sobre a medida por meio dos diversos canais de comunicação de rotina, como videoconferências, e-mails, ofícios e contatos diretos”, destacou o ministério.

Conscientização – Escolas de todo o país fazem hoje um dia de mobilização nacional da educação pelo combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, da febre chikungunya e do vírus Zika. As ações vão envolver professores, diretores, reitores de universidades e de institutos federais, agentes de saúde e da vigilância sanitária, Forças Armadas, governadores e prefeitos. 

A campanha de conscientização e orientação para o combate aos criadouros do mosquito vai continuar durante todo o ano nas redes educacionais do país. A presidenta Dilma Rousseff e pelo menos 25 ministros vão visitar escolas públicas nas cinco regiões do país, no Dia Nacional de Mobilização da Educação contra o Zika.

Hoje serão realizadas atividades específicas nas escolas como distribuição de panfletos e palestras. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, destacou que a prevenção é a melhor alternativa contra o Aedes aegypti e que a mobilização das redes pública e privada de educação fará a diferença no combate ao mosquito.

“Só na rede pública são mais de 200 mil escolas. Através da sala de aula podemos manter informada a juventude, as crianças e elas levarem para dentro de casa uma nova atitude. O dia é para todo mundo parar e refletir, mas vai ter que ser uma campanha permanente. Todo mundo tem que gastar 15 minutos por semana para não deixar nada de água parada dentro de casa”, disse Mercadante.

A ideia, segundo o ministro, é que cada escola tenha pelo menos cinco servidores organizados para fazer o trabalho de conscientização de forma permanente e que os estudantes transmitam as informações aos familiares e façam fiscalização em casa. A prevenção nos prédios de escolas e universidades também será intensificada.

“A educação sempre foi de luta: na luta contra ditadura, pela democracia, pela anistia, pelas diretas. É um setor que tem consciência e mobilização, temos que transformar esse espírito de luta para exterminar o mosquito, combater e impedir que ele nasça. Se a gente mobilizar a educação, creio que vamos sensibilizar as famílias”, disse Mercadante.

Cada nível de ensino terá uma abordagem específica. Na educação infantil, por exemplo, a proposta é organizar atividades com desenhos e usar material pedagógico que estimule o interesse das crianças sobre o tema. As crianças também receberão cartas com orientações a serem entregues aos pais. No ensino superior, as informações poderão ser mais aprofundadas com abordagem científica do tema. As escolas que ainda não retornaram às aulas farão as atividades assim que for iniciado o ano letivo.

O ministro da Educação informou ainda que, para reforçar as ações de combate ao Aedes aegypti, o tema do Prêmio Professor do Brasil deste ano será relacionado à dengue, febre chikungunya e ao vírus Zika para incentivar a produção de trabalhos acadêmicos relacionados e essas doenças. A mobilização dá prosseguimento ao proposto no Pacto da Educação Brasilleira contra o Zika, firmando no início do mês entre o Ministério da Educação, demais representantes do governo federal, de estados e municípios, além de instituições e organizações públicas e particulares.

Cooperação – O ministro da Saúde, Marcelo Castro, se reuniu com a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, para tratar da epidemia de Zika no país. O encontro bilateral, segundo a pasta, tem como objetivo intensificar a cooperação entres as duas nações para o desenvolvimento de pesquisas para diagnóstico, controle, vacina e tratamento contra a infecção.

A previsão é que o debate seja retomado hoje, na sede da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), em Brasília. Ao final do encontro, as autoridades de ambos os países devem elaborar um plano de trabalho geral com cronograma de atividades definido em relação às ações de resposta à epidemia e, também, aos casos de microcefalia possivelmente associados ao vírus.

Técnicos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis dos Estados Unidos (CDC), iniciaram esta semana um estudo de caso do controle de microcefalia relacionada ao Zika na Paraíba. O objetivo é estimar a proporção de recém-nascidos com a malformação associada à infecção, além do risco apresentado pelo vírus. 

(EBC) 


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