Educação sente os reflexos da crise

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Com a incerteza da sequência das aulas, unidade perdeu cerca de 200 alunos

Foto: Evelen Gouvêa

Há mais de um ano, a Escola Técnica Estadual Henrique Lage (Faetec), no Barreto, sente os reflexos da crise financeira que assola o Estado. Por conta de problemas estruturais, a instituição, que sofreu com uma debandada de mais de 200 alunos nos últimos meses, iniciou seu recesso – no último dia três – com uma semana de antecedência e deve prolongá-lo por mais duas ou três semanas. Porém, pelo menos por enquanto, ainda não existe risco de greve. 

“Existem professores que não têm dinheiro para a passagem, por isso estendemos o recesso que seria de apenas uma semana. Apesar disso, temos medo de que, no caso de uma greve, ocorra mais uma debandada de alunos. Hoje, temos só 1.800 alunos, perdemos 10% do que tínhamos ano passado”, disse um dirigente da escola. 

Segundo docentes, a situação é tão caótica que a unidade não oferece mais serviços básicos, como fotocópia. Na tentativa de contornar tal problema, professores tiram dinheiro do próprio bolso, quanto têm, para a impressão de provas. Ou, até mesmo, aplicam as avaliações no quadro negro. Já são mais de três meses de salários atrasados. 

“Não recebemos os salários de maio e nem de junho. Também não recebemos parte da remuneração de abril e nem o 13º salário de 2016. Há um ano, tínhamos 80 terceirizados. Agora são 21”, denunciou um funcionário concursado. 

A reportagem tentou contato por telefone com o professor de História da unidade, Carlos Eduardo Manhães, mas não obteve sucesso. Isso porque a falta de salários ocasionou o corte de sua linha telefônica. Para tentar contornar a má situação financeira, Manhães, que dá aulas na unidade há 16 anos, passou a trabalhar como comediante de stand-up. 

“Faço shows de stand-up há seis meses em Niterói, São Gonçalo e onde pintar. Foi uma sugestão de alunos para tentar diminuir o problema, mas a situação está insustentável. Minha esposa estava conseguindo suprir parte das contas, mas agora chegamos a uma situação limite. Já não sabemos mais o que fazer”, lamentou o professor, por meio de uma rede social. 

Procurada, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social (Secti) se limitou a dizer que o atraso no pagamento se dá por conta da crise financeira do Estado.